Marina
Sempre ouvi aquele ditado "há males que vêm para o bem", mas nunca me importei, até acontecer o que aconteceu comigo.
Ainda lembro da loucura que foi aquela noite, com aquele homem que eu tinha acabado de conhecer, mas não quis saber de nada, apenas de tirar meu atraso e me divertir. Tivemos o imprevisto da camisinha furar, lembro de acordar no dia seguinte e sai correndo do quarto do hotel, até a farmácia, tomei a pílula lá mesmo e segui para minha casa.
Bom, infelizmente ou felizmente, fui uma das pessoas sorteada, e a pílula não funcionou, sete semanas depois, descobrir que habitava um ser dentro de mim, foi uma sensação boa, descobrir, apesar do medo que senti, eu não sabia como cuidar de uma criança direito, e outra, não sabia nada sobre o tal Henrique, não tinha nem o telefone dele.
Acho que contar aos meus pais, foi o meu maior medo, tudo bem, que sou de maior e trabalho, mas vivo com eles ainda. Eles me surpreenderam, me dando todo apoio do mundo, só ficaram chateados, em eu não dizer quem é o pai da bebê.
Tive uma gravidez tranquila, Manuela nasceu com 39 semanas de gestação, ainda lembro de quando comecei a entrar em trabalho de parto, estava no meio de uma conversa chata com algumas tias, quando minha bolsa estourou, Manuela já chegou salvando a mamãe de assuntos chatos.
- A vovó fica com tanta saudade, quando tem que sair e deixar a neném com a mamãe, vovó não gosta - Minha mãe diz enquanto ninava a Manu
- Mãe, eu sou a mãe dela, sabia? - Digo rindo
- Eu sei, mas eu sinto saudades, tenho vontade de levar ela comigo - Ela diz rindo
- Ainda bem que ela ainda mama - Digo rindo
- Temos que ir comprar o presente do jantar de noivado da Tata e do Gui, ainda esse mês - Ela diz
- Eu sei, por conta do meu puerpério nem consegui ajudá-los - Digo dando um sorriso fraco
- Mas sua irmã não ficou triste, você sabe, e você vai ajudá-la no casamento, bom que sobra mais tempo, pra vovó ficar com a neném, não é Nunu? - Ela diz dando um cheiro na cabecinha da Manu, dou um sorriso e volto a arrumar o quarto da Manu, enquanto minha mãe conversava com ela.
Sou tão grata por ter minha mãe e meu pai na minha vida, perdi meus pais biológicos quando tinha quatro anos, armaram uma emboscada pra eles e eles sofreram um acidente de carro, acabei ficando com uma tia minha, ela nunca quis ficar comigo, só ficou por pena, ela era casada e já tinha os filhos biológicos, eu não era tratada tão bem por ela, sofria algumas agressões psicológicas e as vezes físicas.
Conheci a minha mãe e o meu pai, através da Tata, brincávamos juntas pelo condomínio e acabei ficando mais na casa da Tata, do que na da minha tia. Os pais da Tata, sempre perceberam que havia algo estranho, no meu relacionamento com a minha tia, e decidiram conversar com ela e pedi minha guarda, e aos 6 anos, passei a morar de vez com os pais da Tata, que também se tornaram meus pais.Não sei o que seria de mim sem eles, sempre me trataram tão bem e com muito amor, as vezes, até esqueço que não sou filha biológica deles.
- Finalmente o princeso chegou primeiro que eu para o almoço - Digo ao ver meu irmão sentado na sala de jantar
- Muito engraçadinha você - Davi diz fazendo uma careta pra mim.
Ele é o caçula, quase seis anos depois, dos meus pais me adotarem, minha mãe engravidou dele, então, somos em três, Tata, eu e o Daniel.
- A Manu tá dormindo filha? - Meu pai pergunta
- Está, e vou aproveitar pra comer logo, antes dela acordar - Digo.
Manu está com três meses, é uma bebê linda, ela tem umas semelhanças do Henrique, bom, pelo o que eu me lembro dele, acho ela bem parecida com ele, isso tenho que assumir.
Ninguém sabe sobre ele, preferi não contar, Tata foi e é a pessoa que mais enche meu saco pra saber sobre ele, mas prefiro mudar de assunto.
Eu nem sei muita coisa sobre ele, vai que ele é casado? Tudo bem, que ele tem obrigação de assumir a responsabilidade de ter uma filha. Também não me senti a vontade, ainda, pra falar sobre ele, por mais que seja uma coisa "simples", eu tenho receio do que vá acontecer, sei que a minha filha uma hora vai perguntar sobre o pai, como todos perguntam, espero está preparada nesse momento, para contar a verdadeira história a ela.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Surpresas da vida
AlteleMarina nunca acreditou no amor, pra ela, o "felizes para sempre" só existia em livros, e não é que ela estava certa? Após perder seus pais, Marina teve que aprender a conviver com a dor, nunca esteve nos seus planos formar uma família, principalment...