" Dizem que uma das dádivas da vida é a liberdade, o poder de ir e vir quando e onde quisermos... Uma pena que eu só tenha me dado conta disto tarde demais.
Eu tinha a família perfeita, os amigos perfeitos, a vida perfeita, mas nunca dei valor a na...
- Respira, inspira, respira, inspira e agora repete!
- Eu juro, que se no dia que eu for ter essa criança, vocês ficarem fazendo isso, eu vou matar vocês duas, pode ter certeza disso.
- Mas Clark, faz parte da aula de parto!
- Eu não estou nem aí, tem noção de como deve doer colocar um ser humano na terra? Eu só quero que vocês fiquem lá, quietinhas, com a mão esticada para eu apertar quando quiser, por que saber que vocês irão sentir pelo menos uma dorzinha já me consola.
- Ok então.
Eu e Yas damos risada olhando uma para outra, sabemos que Clark fica nervosa só em imaginar que cada dia seu parto está mais perto. Ela já está em seu nono mês, ou seja, já fazem cinco meses desde que fomos resgatadas, três em que estou aqui em Nova York e quase três que faço minha aula de pintura e conheço Alex, mas isso não vem ao caso agora.
- Ao mesmo tempo que não vejo a hora de Rafael sair daqui, - ela aponta para sua enorme barriga. - peço aos céus para ele não sair nunca!! Fico apavorada só em pensar essa cabeça grande saindo de mim.
- Ei, quem falou que meu afilhado terá uma cabeça grande? Mas respeito com esse príncipe aqui. - Acaricio sua barriga.
- Querida, ele é meu filho, você já viu o tamanho da minha cabeça?
Novamente olho para Yas e caímos na gargalhada.
- Oh, oh, alerta de gato na área, olha ali Amy... Miauuu. - Clark e Yasmin fazem está ultima parte juntas e eu jogo o travesseiro, usado para os exercícios de parto, em ambas, percebendo que provavelmente Alex escutou a gracinha delas de onde está.
- Vai lá Amy, ele está te esperando.
- Vocês são ridículas!
- Miauuu!
Rolo meus olhos e vou até Alex, antes que as duas sem noção aprontem algo a mais. Não posso dizer que existe algo entre nós, por que de verdade não existe, nós apenas trocamos provocações e elogios, alguns apertos de mãos e olhares, mas sem ultrapassar algum limite que me deixe desconfortável, ele também parece pisar em ovos quando está próximo a mim e sei que este fato o faz frear suas intenções sempre que se aproxima.
- Olá baixinha, tudo certo com a aula da Clark?
- Tirando as diversas ameaças e o falatório de que na hora H nada será como ensinam aqui, sim. E você? Estou surpresa que esteja aqui em um dia em que não da aula.
- Vim trazer uma pintura que a psicóloga pediu para que eu fizesse para sua sala.
Olho a pintura e noto espantada tanto pela beleza da obra, quanto pela musa utilizada como inspiração para ele.
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- Essa sou eu?
- Sim, espero que não se incomode... - Ele está sem jeito, coçando a parte de trás de sua cabeça e olhando para o quadro em suas mãos. - Ver você pintando e as obras que saem depois de horas concentrada na tela trás uma espécie de esperança e expectativa sabe? Tive que usar isso, eu precisava...
