2 anos...

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Foi assustador ver a forma como Amanda havia se acalmado e aceitado a segurança nos braços daquele homem, para mim ele era o pior ser humano que existia na terra, como ela poderia não enxergar aquilo?

- Kamile, nós temos que conversar com ela de alguma forma, abrir os olhos dela! Ele está manipulando aquela menina, moldando ela e fazendo ela acreditar que não faz nada disso por mal!

Por mais que o que Clark diz seja verdade, não temos como chegar perto dela, ele simplesmente proibiu que qualquer uma de nós fossemos atrás dela.

- Como vamos fazer isso? Você ouviu as meninas falarem que ele a levou para o quarto dele e proibiu que qualquer um entre! Até a comida dela estão só abrindo a porta e colocando no chão, o único contato humano dessa menina é aquele monstro!

- Ele está tentando fazer com ela, o que não conseguiu fazer com nenhuma de nós, deixá-la perfeita para ele.

Quem já esteve com aquele homem, como eu estive anos atrás, sabe o quão sádico e louco ele consegue ser, e como eu sempre lutou contra ele, o que ele quer é uma garota que mesmo com tudo que ele faça, continue com ele sem lutar, que acredite em suas loucuras.

- Por um lado é até bom ela estar presa naquele quarto, inacessível, por que as meninas daqui estão com muita raiva dela, não conseguem enxergar a verdade como poucas de nós, para elas, aquela menina só foi morta por conta de como aquela situação deixou a Amanda.

- Essas meninas amam descontar suas frustrações em alguém, isso sim!

Depois que aqueles brutamontes nos levaram para fora daquela sala e deixamos o chefe e Amanda para trás pensamos que eles levariam a garota embora, para a tal boate onde ela trabalhava, mas ao contrário, eles bateram nela até que está estivesse morta, nos fazendo assistir a tudo.

- Quando ele mostrar mesmo do que é capaz, tenho pena daquela menina, ela vai conhecer o inferno sobre a terra.

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Os dias passavam e eu nem percebia, com o tempo eu até parei de falar, só dizia o que era realmente necessário, não tinha nada novo para contar, então eu só o ouvia falando.

Eu me sentia doente, estava pálida, sem brilho e também havia emagrecido, já que por vezes esqueciam de me trazer as refeições e eu não tinha coragem de reclamar, por medo do que aconteceria. Eu havia me tornado uma marionete em suas mãos, simplesmente não reagia a nada, havia perdido a vontade de lutar, não conseguia nem mesmo sentir falta de minha antiga vida, pois hoje me perguntava se um dia eu realmente havia vivido ali, dois anos neste lugar apagaram totalmente qualquer memória boa que eu tivesse de antes.

Sim, vocês leram certo, dois anos, o que significa que faço 18 mês que vem, não que eu esteja temendo este dia chegar, na verdade, não vejo a hora que chegue, para que eu passe logo por isso e pare de imaginar o que me acontecerá. Quanto mais rápido tudo acontecer, mais rápido eu partirei para a paz finalmente. As vezes sonho que fico tão doente neste quarto, que deus por misericórdia resolve me levar de uma vez daqui, mas ainda não fui digna de tal sorte, uma pena.

Estou olhando para o nada quando a porta se abre e um dos capangas nojentos desta casa aparece.

- Chefia está mandando você descer.

Aquela frase me surpreende tanto que acabo demorando a ter qualquer reação, o que parece irritar o troglodita.

- Anda garota, eu não tenho o dia inteiro!

Resolvo então sair logo dali, antes que alguém mude de ideia e me prenda de novo, nunca fiquei tão feliz por estar em um corredor como estou agora. Vou andando logo atrás do homem que veio me buscar, descemos as escadas e quando chegamos nela vejo todos reunidos ali, como da ultima vez e logo estagno na escada, até que a chefia aparece logo atrás de mim, segura meus ombros e me conduz a descer o resto da escada, olho todos ali, em busca da vítima da vez, mas não encontro nada, na verdade, ninguém parece ter noção do que está acontecendo.

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