Quatro longos dias, já faz esse tempo desde que minha menina desapareceu. Tudo que sabíamos era que um estranho havia colocado algo em sua bebida, entrado em um carro e a levado Deus sabe para onde. Meu conhecimento em casos como esses eram meus piores inimigos no momento, até onde sabia, Amanda poderia estar jogada em uma vala ou a mercê de homens perigosos e imaginar minha filha em situações assim estava acabando comigo. Eu já não parecia em nada com o famoso juiz Myers, não me cuidava, comia ou dormia, desde que aquele telefone havia tocado.
No inicio achamos possível que Amanda tivesse sido seqüestrada, que um resgate seria pedido, portanto deixei o banco de prontidão, eu daria todo meu dinheiro se fosse preciso para ter minha filha de volta. Porém os dias foram passando, as imagens sendo cada vez mais analisadas e a ideia de um sequestro por dinheiro, ou vingança, foi esquecida, afinal, nesses casos os seqüestradores fazem questão de mostrar que estão com quem amamos e que podem fazer o que quiserem nessa situação.
Além de tudo, ainda tenho a preocupação com a saúde de minha esposa, Elena. Assim que saiu do banho naquela dia ela percebeu que algo estava errado, quando soube do telefonema de Yasmin ela se calou, como se estivesse em choque, se arrumou calada, fez o caminho até a delegacia calada e após escutar pela décima vez Yasmin relatando os fatos, ela simplesmente desmaiou. A levamos as pressas para o hospital, sua pressão estava nas alturas e o bebe estava em risco, eu só sabia rezar, Deus não poderia me tirar mais um filho nesse momento. Ela acordou dois dias depois, inconsolável, porém acatando a tudo que o médico pedia, zelando pelo bebe. Ela estava acabada, só chorava e pedia pela filha, uma cena que terminava de acabar com meu coração.
Devo dizer que a cada vez que Yasmin abre a boca, sinto vontade de acabar com sua vida, sei que ela não tem culpa, mas sempre precisamos culpar alguém nesses casos para não nos culparmos, e por isso eu a culpo e me recuso a escutar qualquer palavra que ela venha dizer a mim, muito menos permiti que ela chegue perto de Elena. Sei que ela é apenas uma menina que não mede seus atos, que está perdida e se sentindo péssima, mas sem culpa-lá meu subconsciente só consegue pensar: e se eu não tivesse deixado ela sair, e se eu fosse mais liberal e ela conhecesse mais da maldade do mundo, são tantos e se, que eu não consigo lidar no momento.
Os dias foram passando, até que se tornaram um mês e nada, nenhuma pista nova, nenhuma esperança, nada... Com o tempo o caso passou a não ser mais a prioridade, tive que contratar um detetive para que as buscas continuassem, ainda mais porque eu sabia, que com a falta de novas provas, logo o caso seria arquivado, até que algo novo surgisse para dar novo início as investigações.
Em casa tentávamos manter a rotina, sem nunca desistir, ocupando sempre a mente no trabalho e no bebe que estava a caminho, tentando não enlouquecer ou perder as esperanças de que minha filha estava bem e viva.
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Vocês já tiveram a sensação de que seu corpo estava afundando? Como um papel, que cai na água e conforme está o consome, ele fica mais e mais molhado até que começa a afundar e se desfazer? Pois é assim que me sinto nesse momento. Conforme eu luto para retomar minha consciência, sinto meu corpo pesar, assim como meus olhos, como se algo me puxasse para baixo, enquanto eu tento ir para a superfície. Por um longo tempo me deixo ser vencida e me permiti afundar, até que aos poucos meus sentidos vão voltando, assim como flashes do porque estou assim.
Eu estou em um lugar escuro, é a primeira coisa que noto assim que meus olhos se abrem. Pelo sacolejar do meu corpo, noto que estou em um porta malas, ou algum caixote, em um veículo em movimento. Eu fui dopada e seqüestrada, é a primeira coisa que lembro assim que tomo minha consciência. Eu estou com medo, é a primeira coisa que sinto assim que uma lágrima escorre por meus olhos.
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Liberdade
Misterio / Suspenso" Dizem que uma das dádivas da vida é a liberdade, o poder de ir e vir quando e onde quisermos... Uma pena que eu só tenha me dado conta disto tarde demais. Eu tinha a família perfeita, os amigos perfeitos, a vida perfeita, mas nunca dei valor a na...