Uma Chance Pra Recomeçar [CONCLUÍDO]

Prólogo

Desci as escadas com pouca pressão já que naquela época eu teria apenas oito anos de idade. Logo ao fim dela, deparei-me com Mike de apenas cinco anos de idade sobre sua mesinha, passando as mãos sujas de tinta por todo o canto, inclusive em seus cabelos incrivelmente ruivos.

Minha mãe teria os cabelos castanhos claríssimos perto do ruivo, mas não diria que ela seria realmente ruiva. Pelo incrível que pareça meus cabelos eram loiros bronzeados e Dylan tinha os cabelos totalmente negros como os de meu pai. Éramos todos totalmente diferentes.

— Mike, solta isso. — Corri para perto dele e na tentativa de retirar a tigela de tinta de suas mãos, fui atingida pelo líquido rosa, fazendo Mike soltar uma gargalhada nada simpática.

Olhei para os lados na intenção de encontrar um responsável legal para que dessem conta de um ser humano completamente agitado, e encontrei meus pais se retirando da cozinha discutindo alto como de costume. Eu mal tentava saber o motivo, sabia que seria por nada tão terrível.

— Mãe! — Exclamei-a, porém a mesma não deu-se conta de que eu falaria com ela, continuando a despejar suas palavras estúpidas sobre meu pai. — Mãe! — Tentei uma outra vez, porém, fui falha.

Depois de poucos minutos em uma troca de palavras intermináveis contra meu pai, vi a mesma retirar-se finalmente da cozinha e seguir em direção a sala passando depressa por mim e Mike despejando as tais palavras:

— Hatter, vá se limpar e deixe seu irmão em paz! — Dizia em voz alta, nem ao menos parando para nos observar. Ela costumava descontar a raiva sobre mim quando estava nervosa. Eu já estaria acostumada.

— É Hayden. — Falei num resmungo.

Quando pequena sempre ouvi histórias nas quais meus pais contavam sobre meus possíveis nomes. Minha mãe sempre esperou uma garota e assim que cheguei, ela festejou. De primeira, queria que meu nome fosse Hatter, pois era sua personagem preferida em um seriado da televisão brasileira, mas teve de mudar suas opções assim que a mãe de meu pai começou a interferir no relacionamento dos dois. E digamos que a partir dali que todo o conflito e o caos que há no casamento de ambos naquele dia, era causado desde a escolha do meu nome. Então eu basicamente já teria envolvimento e culpa em algo ruim na vida deles. Como sempre.

Levantei-me já desanimada e segui pelo corredor indo em direção ao banheiro, esbarrando-me em Dylan que saia do mesmo e propositadamente, empurrou-me contra a parede. Escorei-me na mesma, antes mesmo de cair e assim que me recuperei, dei de ombros de sua atitude e entrei no banheiro, fechando a porta atrás de mim.

Como a quase única mulher da casa - sim, quase única, porque minha mãe pouco se encontrava presente - tinha de aturar todo tipo de mero comportamento sujo e inútil. E o banheiro, era o pior deles.

Assim que entrei no mesmo, coloquei as mãos sobre meu nariz e rapidamente fechei a tampa da privada e dei descarga. Logo em seguida, liguei a torneira da pia e despejei a água sobre os diversos pelos de barba que se encontravam ali feitos naquela mesma manhã, fazendo-os descer pelo ralo. "Como os homens são sujos", Pensei.

Me arrumei depressa sabendo que naquela mesma manhã eu ainda teria de ir à escola. O segundo pior lugar para se ficar. Bom, o primeiro era minha própria casa. Muitos odeiam a escola, mas ela incrivelmente parecia ser meu refúgio. Lá, eu não escutaria discussões o dia todo, nem toda culpa sendo jogada sobre mim por qualquer coisa que acontecesse. Ela parecia ser meu refúgio, até aquele dia acontecer...