Capítulo 22

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             Depois de muita insistência aceitei passear por Londres, já que acabei desenvolvendo uma amizade com Enzo Salvatore. Ele era um cara legal, meigo. Estava conquistando minha confiança, só que eu sentia que ele ainda me escondia algo. Tinha um pressentimento ruim em relação a isso.
            Toda vez que saia de casa para passear com ele, ouvia minha mãe zoando falando que daria em namoro.
Num desses passeios eu reparei que ele estava usando um perfume. Já que das outras vezes ele não usava nada por causa de uma alergia.
            Reconheci imediatamente o cheiro, era o mesmo cheiro do tecido que estava no quarto do Ryan do dia que ele estava bêbado e o cheiro da sombra em que estava correndo no jardim.
              Percebi que sua expressão se tornou assustada.
               _Enzo, porque você está de perfume se você tem alergia?_
Agora mesmo que ele ficou pálido.
               _Jú, eu tenho que te contar uma coisa_ falou isso e se sentou em um banco próximo.
              Com um leve um leve sorriso o acompanhei.
              _O que você sabe sobre máfia?_ perguntou extremamente sério.
              _São pessoas que possuem envolvimentos no crime e que fizeram muitos filmes a respeito... mas o que isso tem haver?_
               _Vou te contar uma história muito triste que ocorreu a muitos anos atrás... Um casal de jovens amantes, herdeiros de duas máfias italianas viviam um amor proibido. Esse romance quase gerou guerras entre ambas as famílias, mas os jovens amantes decidiram que lutariam até o fim pelo amor dele.
                 _Você está me contando a história de Romeu e Julieta numa visão mais perigosa para tentar me impressionar?_ Enzo me ignorou na alta.
                _Com o passar do tempo, os pais desses jovens perceberam que essa relação seria de grande serventia para os negócios, claro como mafiosos nunca há um envolvimento com ideais puros. Os jovens finalmente conseguiram se casar, estavam radiantes! Principalmente por descobrirem que em nove meses nasceria o fruto do relacionamento deles. Antonella Digori e Lorenzo Salvatore, esperavam uma filha, cujo o nome seria Júlia Digori Salvatore, em homenagem a primeira pessoa de suas famílias que apoiava a relação, a avó de Antonella. A criança nasceu, houve celebrações grandiosas em seu nome, mas como sempre toda história tem um porém. Tem sempre que ter um mal comido da história e esse ser desprezível é Luigi Caccioppoli que nunca aceitou a junção Digori-Salvatore, já que o mesmo queria o domínio dos Digori com o casamento de seu filho mais velho Enrico, um resto de aborto tão terrível quanto o pai. Antonella e Lorenzo eram caçados constantemente, até um em uma dessas vezes houve sucesso por parte dos sequestradores... O casal foi assassinado a sangue frio e por sorte sua filha tinha sido enviada para bem longe... somente uma pessoa tinha sua localização, porém essa pessoa se encontrava morta por Enrico Caccioppoli... até hoje essa menina é procurada pelos seus avôs._
                _Nossa, que triste tudo isso que aconteceu, mas ainda não entendi o que eu tenho haver com isso, eu..._
                 _Eu achei a herdeira, e ela é você_ ainda estava tentando processar o que eu acabei de ouvir. Congelei.
                _Como pode ter certeza?_
                _Peguei algumas coisas na sua casa para fazer exames de DNA para ter certeza da minha crença e todas as vezes que testei deram positivo_
               Me encontrava em estado de choque.
O que eu sou?
  Quem sou eu?
               Isso que ele contou é verdade?
Sei que tinha tudo, mas não tinha nada.
Uma família que me ama. Que não é minha família biológica.
              Sempre me senti um peixe fora d'água mesmo nunca deixando isso a mostra.
             Me sentia diferente, mas ninguém me entendia.
             Porque sempre me viam como uma garota feliz e sorridente, mas nunca olharam para dentro de mim.
              Esconder isso foi fácil durante anos, mas agora, com essa história que Enzo contou não sei de mais nada.
               Será que agora vou me encontrar?
               Será que vou encontrar meu verdadeiro eu?
                Meu ser em seu âmago?
                 A vida é uma incógnita, uma droga de incógnita... mas querendo ou não mesmo essa filha da puta envolvendo matemática, não deixa de ser excitante tentar resolver essa equação.
                  Encontrava-me em choque, observando a paisagem a minha frente, respirando a fragrância do perfume de Enzo.
                   Ao mesmo tempo que minha cabeça estava cheia, não conseguia manter nenhum pensamento, viajando em diversos assuntos.
                  O que meus pais adotivos ou que diabos que sejam tem a me dizer?
                  E se eles tiverem algum envolvimento nisso?
                  E se eles forem inimigos?
                  E se foram eles que mataram meus pais biológicos?

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