Sete

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Me partiu o coração falar daquele jeito com Dante e me feriu a alma ouvi-lo desistir de mim, mas eu não posso fazê-lo perder a liberdade. Eu o amo e em pouquíssimo tempo ele se tornou muita coisa para mim, porém eu não suporto mais sofrer e fazer ele sofrer por uma coisa que ambos não gostam... Ele ser traficante não muda nada a não ser que mude.

Não tive opção a não ser afastar o grande amor da minha vida para proteger ele de pessoas da lei.

—Desculpa, gente, eu não tenho condições de terminar isso...— entreguei minha prancheta para Lays e ela disse não ter problema.

Peguei meu carro e fui direto ao consultório de um psicólogo amigo dos meus pais.

—Thaize, quanto tempo!— Carlos me abraçou

—Realmente... Carlos, eu preciso de um daqueles números!— implorei

—Tem certeza?— nós confiamos a ele e somente a ele os novos números dos membros da família, evitando assim o máximo que haja contato uns com os outros.

—Sim, toda a certeza do mundo. Eu preciso falar com meu irmãozinho!— apertei a mão desesperada

—Ok, mas me prometa que usará com sabedoria.— eu assenti e após alguns segundos ele me entregou uma pasta azul

—Você é o melhor padrinho que qualquer um poderia querer!— beijei sua bochecha e saí da sala

Procurei o número dele nas folhas e quando achei uma lágrima escorreu pela minha bochecha.

—Alô?— falei assim que ele atendeu

—THAIZE? Eu sinto tanto a sua falta!— ele falou entusiasmado

—Eu também! Você não tem noção...— derramei algumas lágrimas— Marcos, você ainda está na Europa?— perguntei com medo

—Estou na América do sul...— pelo jeito como falou parecia ter chorado

—Qual país?— espero que seja o Brasil

—Eu estou na Uruguai, Montevidéu— revirei os olhos.

—Tinha que escolher logo o Uruguai?— ele bufou

—Nós estamos conversando há pouco menos de cinco minutos e você já está reclamando, certas coisas não mudam!— ele riu

—Não enche, Marcos!— reclamei rindo —Apesar de não gostar daí eu preciso te ver e preciso de conselhos que só você pode me dar.

—Eu sei que você me ama, nem precisa falar!— revirei os olhos

—Vou desligar antes que eu mande você ir se ferrar!— ele riu

—Thata, você vem para Montevideu, não é?— soltei uma risada malandra e desliguei

Comprei com um resto de dinheiro que tinha na conta uma passagem de ida e guardei algum dinheiro para alugar um carro lá.

—Padrinho, eu preciso de um atestado de pelo menos dois dias...— supliquei

—Isso é contra as leis, então não.— ele abaixou a cabeça de novo para alguns papéis sem muito arrodeio

—Aquele lugar não me faz bem. Meu chefe passou a não me fazer bem.— sentei no divã dele

—Ele é abusivo?— se posicionou na defensiva

—Não, não é isso!— me apressei em falar— Nós "namorávamos" e eu tive que afastar ele para seu próprio bem, mas vê-lo todos os dias me faz sentir mal... Eu o amo de verdade e me corta o coração imaginar ele sendo...— pensei bem antes de usar a palavra— Sendo, digamos que, prejudicado...— começa com "pre", mas não é prejudicado.

Amor QuiméricoOnde histórias criam vida. Descubra agora