Eu me importo!

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Melinda


Mas um dia chato e tedioso, nenhuma novidade até agora e nada pra fazer, e agora que são 14h00. Vejo a porta se abrindo, e percebo que é meu pai, uai! Era para ele estar na escola.

- Oi pai! Porque está aqui a essa hora? - Perguntei com o pontinho de interrogação na cabeça.

- Olá minha Princesa! Estou exausto, foi um dia de luto hoje, fui comunicado que a mãe do Yohan, teve um infarto e não conseguiu resistir. - Meu Deus! Nessa hora já estava com os olhos arregalados, ela e o Yohan moram na casa aqui da frente, como isso pôde acontecer?

- Mas e agora pai? - Falei com os olhos lacrimejando - O senhor já tem alguma informação do enterro? 

- Sim será amanhã, preciso que vá comigo e de apoio ao Yohan, em nome dos alunos da escola.

- Vou sim pai!

Ainda estou sem acreditar, as vezes nos encontrávamos na rua e ela era uma ótima amiga. Bom ela tinha ótimos conselhos, era alguém que eu gostaria que fosse a minha mãe. Estou preocupada com Yohan, ele vai ficar bem sozinho?

E o meu dia passou assim, ainda não acreditando. No dia seguinte quando acordei, estava bem abalada, ela era uma pessoa especial. Tomei um banho e coloquei um vestido simples preto, com uma sapatilha, era um dia triste, pra quê me arrumar?

O velório foi horrível, vimos como ela era especial, tinha muita gente. O Yohan acho que não conseguiu ir para o velório, por isso o enterro foi bem pior, porque quando ele entrou e viu a mãe, eu consegui ver toda a tristeza em seu olhar.

Queria apenas 20 segundos de uma coragem insana para poder dar um abraço ou, apenas falar que sinto muito, mas foi ao contrário, quando o vi fiquei estática em meu lugar, não me julguem, ele é o garoto que implica comigo desde pequena.

Quando cheguei em casa já era tarde, o meu pai teve que ficar lá por bastante tempo.

Fui logo para o banho, não conseguia tirar a imagem dela morta da minha cabeça, ou o olhar de tristeza e vazio do Yohan para o caixão. Por mais que não sejamos amigos eu senti a dor da perda dele, até porque eu também já sofri essa dor.

E fui para a varanda fazer o que mais gosto, olhar as estrelas. E algo muito inusitado aconteceu, o Yohan também estava em sua varanda. Chamei a atenção dele com um assobio, e ele olhou com uma cara meio surpresa e interrogativa. 

Talvez isso seja meio clichê, mas como não tenho o número dele, pedi para ele esperar, peguei um canetão e uma folha e escrevi:

Sinto muito

Ele me olhou, foi pra dentro e voltou logo depois com as mesmas coisas que eu, me encarou por um tempo como se estivesse pensando no que responder, escreveu e depois me mostrou:

Apenas me deixe em paz

O olhei mais uma vez e entrei, talvez eu tenha piorado a situação, mas eu precisava falar e mostrar que me importo. Não sei se ele sabe, mas já passei pela mesma dor que ele, ainda sinto a dor de não ter uma mãe.

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