As Sete Cores do Arco-íris

ANIL - Parte I

Anil é a cor do céu nessa tarde, da janelinha do avião olho para o horizonte, eu vejo dezenas de aeronaves esperando a hora de decolar, os meus olhos lacrimejam e a minha mente não para de pensar no amor da minha vida que deixo para trás, em sua homenagem coloquei para tocar Bridge Over Troubled Water com o Elvis é claro, minha música romântica preferida, essa é minha promessa de um dia voltar a encontrá-lo.

Meu amor sabe que deixo também meu pai, minha mãe e minha pátria, para tentar a vida em Los Angeles, em questão de minutos seguirei para a terra das oportunidades, quero fazer diferente, trabalhar, ser reconhecido e, por isso, abri mão dos meus bens mais valiosos, disposto a tentar a sorte no lugar certo.

Nesse momento, a letra da música que começou a tocar no meu Iphone diz é melhor você correr para a Cidade de Refúgio e é para lá que estou correndo, durante essas dez horas de voo eu só quero refletir sobre minha vida, o que me fez chegar até aqui? E, onde eu vou parar?

- Mas, quem sou eu? – é importante saber

Diego é meu nome, mas Diego do que? Diego por quê? Diego da onde?

Diego Velázquez foi a inspiração de meu pai para me nomear, Velázquez foi um pintor espanhol do século dezessete, produziu obras lindas, foi um grande retratista, um artista muito influente e muito admirado pela família real da Espanha. Sou neto de espanhóis, por isso a escolha do meu progenitor, além de meu sobrenome ser parecido com o do meu xará famoso. Eu, Diego da Silva Velasco, o "da Silva" da minha mãe, Dona Valéria Pereira da Silva e "Velasco", como mencionado, do meu pai, Senhor Antônio Conte Velasco. Meus pais foram meu suporte e meus amores durante a minha infância e a minha juventude. Graças a eles eu consegui conquistar meu diploma e minha independência financeira.

A senhorita Valéria, uma dona de casa dedicada, cozinheira de mão cheia, como uma boa virginiana é toda organizada, sempre vivia brigando comigo para que eu arrumasse o meu quarto e não deixasse a toalha molhada em cima de cama. O Senhor Antônio é um coronelzão, sagitariano bravo, todo tradicionalista, aposentado da polícia militar, pois numa operação policial sofreu um acidente de carro e perdeu totalmente os movimentos da perna esquerda, hoje dá palestras e aulas de preparação para agentes novatos.

Já eu, nasci em agosto de mil novecentos e oitenta e cinco, era um sábado, dia dez, adoro meu signo, sempre digo isso, como bom leonino eu sou vaidoso, costumo "divar" feito a J-Lo e também sou criativo feito Hitchcock, a rotina me irrita.

Hoje com vinte e dois anos de idade, sou recém-formado em jornalismo pela PUC-SP, fiz artes cênicas na USP, mas não cheguei a me formar.

Apesar de ser um apaixonado por São Paulo, não sou paulistano, nasci e cresci em Campo Grande, a capital do estado do Mato Grosso do Sul. Eu vim para a terra da garoa com dezoito anos de idade para cursar a graduação e aqui fiquei por longos e prazerosos cinco anos.

Sempre fui um menino caseiro e apegado aos pais, acho que por ser filho único, era bom nos estudos, tinha muitos amiguinhos e desde criança adorava dançar, quando tocava uma música do É o Tchan eu dançava que nem doido. A minha infância era da escola para casa, de casa para a escola, desenhos animados, fim de semana no parque, meu pai me levava para jogar bola, mas eu nunca gostei. Adorava os domingos que ele me levava no cinema, eu assistia, buscava entender até filmes complexos e desde pequenininho comentava com ele, isso o deixava abismado.

Daquela época até hoje minha fisionomia pouco mudou, eu parecia um indiozinho, com o cabelinho de tigela, os meninos mais maldosos me chamavam de Pocahontas, meu pai não gostava, brigava com eles, chegou a discutir até com alguns outros pais, ele sempre foi superprotetor nesse sentido. Eu não me importava, vivia sempre feliz e sorridente, foi uma infância muito produtiva.