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♡ She told me that she loved me by the water fountain
She told me that she loved me and she didn't love him
And that was really lovely 'cause it was innocent.. ♡

A tarde corria lenta e suavemente, com o sol a brilhar alto e uma brisa leve a amainar o verão estonteante. Eu caminhava com Violet pela relva verde e brilhante do parque, os nossos dedos entrelaçados - um hábito de meses, dentro de uma amizade próxima e inseparável; ela olhava para mim e falava sobre algo, enquanto eu a observava, sem realmente ouvir uma palavra do que dizia. Ela parecia uma princesa dentro do vestido leve rosa bebé, que lhe assentava perfeitamente. O cabelo castanho escuro ondulado estava comprido, quase na altura da cintura,  e levemente tonalizado de vermelho cereja, uma das suas mais recentes loucuras; as bochechas já habitualmente rosadas apresentavam um tom ainda mais escuro, por causa do calor; e um sorriso animado bailava nos seus lábios, à medida que desenvolvia a história, e eu acenava de cabeça, sem deixar transparecer o quanto estava distante.

Desviei o olhar, passando-o para o parque à nossa volta: árvores altas e de copa larga estavam dispostas lado a lado, à volta de um relvado extenso; ao fundo, debaixo de sombra, um parque infantil, naquele momento cheio de crianças sorridentes; cães e donos brincavam pela relva fora, mães passeavam os carrinhos de bebés pela parte mais plana do terreno; um ou outro casal de apaixonados, desde adolescentes até idosos, polvilhavam os bancos de jardim; e, por fim, ela. O ponto mais bonito daquele lugar, e também aquele que viria a tornar-se um dos meus pesadelos recorrentes - a fonte de pedra mármore, no canto mais escondido e belo do jardim.

Foi para lá que caminhámos. Violet havia mudado do assunto, e falava agora da vontade que tinha de aprender viola, guitarra e mais uma orquestra inteira, ao que eu ria e abanava a cabeça. A  minha morena podia até ter mil e uma ideias, vontades e projectos dentro da cabeça, mas raramente os levava avante; costumava desistir mesmo antes de começar... sentei-me na borda da construção, e Violet deitou a cabeça no meu colo, esticou-se ao comprido na pedra, e fez uma careta enquanto puxava o casaco de ganga que eu prendia na cintura, e o pousou sobre as pernas. Apenas sorri, ela era adorável mesmo sem se esforçar...

Comecei a afagar os seus cabelos, e ela fechou os olhos com preguiça.

- Emm?

- Eu - murmurei.

- Amo-te.

- Também te amo, Vi. Pra sempre. - sorrimos, e eu não disse mais nada. Na altura nenhuma de nós percebeu, mas aquele momento foi um marco importante. É até comum, só percebermos a importância das coisas depois de ser tarde demais...

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