A verdade

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Brad não sabia o que pensar naquele instante, muito menos com o que sonhar já que levou uma pancada daquelas na cabeça. Por que ele seria perigoso? Por que esses homens não parecem ser da guarda do estado? Por que eles tinham o mesmo símbolo nos coletes que Jéssica nas costas? Por que eles o queriam?
As perguntas rodeavam a cabeça do garoto, que latejava, ele sentia enxaquecas, fortes sons de armas balançando, ele via vultos enquanto estava deitado no chão, ouvia sons que pareciam ser tiros, porém abafados, sua visão estava embaçada e clarões como faróis de carros piscando vinham de todos os lados. O garoto não se aguentou e acabou apagando novamente.
Quando acordou, ainda zonzo, estava sendo arrastado para fora de sua própria casa, já a uns cinquenta metros de distância da casa, estava deitado na grama, a casa dele era afastada da cidade, então havia vários terrenos onde Brandon brincava com seu irmão mais novo. O garoto se levantou com cautela com suas mãos ainda algemadas, ele com a visão meio embaçada ainda viu que tinha um daqueles soldados levando ele para algum lugar, ele usava boné estilo militar, usava uma máscara para cobrir a boca e óculos escuros. Ele estava com colete e calças largas por estar usando provavelmente uma proteção maior por baixo, usava distintivos e alguns broches que devem ser de extrema honra tê-los, a dificuldade para obter era a mesma.
-Quieto, e venha comigo!
Ele dizia, com a voz distorcida, como um robô, aquela máscara tinha algum alterador de voz? Talvez todos eles não queiram ser identificados pois podem ser conhecidos, será que o Osama Bin Laden estava ali no meio daqueles soldados?
O soldado fez sinal com o fuzil que Brad chutou ser um fuzil AR-15 com mira personalizada. Brad obedeceu com um aceno de cabeça meio tonto o comando do soldado que mandava ele descer umas escadas, mas ele caiu escadaria abaixo, Brad achou que não fora só espancado mas também dopado, envenenado? Ele sentia seu abdômen molhado, não se lembrava de ter caído em alguma poça de água.
Brandon não sabia o que pensar, sua visão estava turva, ele ouvia coisas que jamais acharia que ouviria, como arrastar de roupas mais alto que uma explosão, barulho de armas, barulho de passos correndo, a faca no coldre da roupa militar dos oficiais cortando o ar. O que? Que som era aquele? Longo, vários tiros? Não...chuva. Brandon tocou o próprio abdômen e percebeu rasgos no uniforme, ele achou aquilo por alguma razão ótimo, pois mais alguns dias e ele mesmo iria rasgar o uniforme da escola. Mas não era só isso, ele olhou a própria mão, via turva e tremeluzente, estava molhada com um líquido vermelho, sangue, Brad tinha levado um tiro, e pela sensação de algo molhado em suas gostas e o gosto metálico nos lábios esse tiro tinha atravessado o corpo do garoto.

[No dia seguinte]

Brad acordou com um susto, não sabendo onde estava, ele estava sentado em uma cadeira com os braços para trás, estava suado, com fome e sede, ele olhava para todos os lados querendo saber onde estava, era alguma espécie de base? Buraco? Pois parecia que ele estava em algum tipo de porão onde as janelas eram minúsculas e eram quase no teto, eram na horizontal e deixavam ultrapassar um fino feixe de luz do dia lá fora, ainda chovia e ventava. Ele não sabe quanto tempo tinha se passado, dias dormindo? Talvez alguns dias, uma semana, ele perdera a noção do tempo, pois estava num lugar onde não podia ver nada, ele nem sabia se estava na mesma cidade, ou no mesmo país, Brandon não tinha noção de exatamente nada.
Ele tomou um susto com o militar que apareceu na sua frente segurando uma faca KABAR, ele trazia uma garrafa de água e apontava para o rosto pálido do rapaz, Brad se negava a beber, estava com medo de ser envenenado ou drogado de novo.
-Beba. -Disse ele com a voz de robô alterada virando a garrafa na boca do menino.
Mas Brad desviava a boca, ele se negava a engolir a água. O militar se irritou e apontou a faca para o pescoço do garoto e ele jurou ter ouvido e sentido tecidos de sua pele quase rasgando.
-Beba! -Ele virou novamente a garrafa na boca de Brad, e assim ele tomou.
O oficial se afastou de Brad e chutou um balde com comida dentro para perto dele, Brad olhou para o oficial severamente, como ele iria pegar a comida? Mas ele estava mais assustado do que mal humorado, confuso, etc.
-Por favor, eu só quero ir embora, pra minha casa, deve ter sido alguns engano, eu não fiz mal a ninguém... -Disse Brad com os olhos marejados.
-Cala a boca. -Disse o oficial dando um chute no rosto de Brad. -Você não tem mais casa, você não tem mais família, todos eles foram mortos.
Brad respirava ofegantemente enquanto segurava as lágrimas, ele não queria acreditar em nada naquilo, mas se prestasse atenção veria que o oficial parecia estar fingindo aquilo, de alguma forma Brad sentia aquilo.
Aquele oficial era meio baixo, mas lutava artes marciais por dar um chute tão perfeito no rosto do rapaz, talvez ele fora treinado para isso.
-Vou levar o garoto para a base, aguardem o meu retorno fortemente armados. -Disse o oficial, por um rádio comunicador.
Brad não entendeu, ele estava sendo escondido e o oficial dizia que estava levando ele para uma base? Estava sendo mantido em sigilo? Onde ele estava?
-Estamos seguros agora. -Disse o militar mais uma vez.
Ele jogou o rádio para o alto e deu um tiro com a Magnum 44 para o mesmo, certeiro, explodindo o rádio na hora.
-Do que? Exatamente do que? -Perguntou Brad.
-O que você acha? Achou pouco aqueles homens ameaçando sua família e querendo te levar para algum lugar que você não conhece?
-Mas não é exatamente o que você fez comigo? -Perguntou Brad balançando as algemas querendo sair dali pois seus pulsos doíam.
-Não, estou te protegendo, nossa conversa estava sendo gravada por aquele rádio que estava comigo, se tentarem falar comigo e eu não responder eles vão pensar que você me matou.
O militar andou até um computador empoeirado, ligou o mesmo e digitou muitos comandos numa tela preta do computador, pegou outro rádio e conectou com o computador, em minutos ele terminara alguma coisa.
-Agora não irão atrás da gente, configurei o rádio para responder qualquer coisa que eles perguntarem para que não venham para cá. -Disse ele guardando o fuzil nas costas. -E bem, já que eles pensam que eu estaria indo com você até a base, eu deixei um corpo falso para fingir que é o meu na floresta, digamos que você fugiu e conseguiu me matar.
Agora Brad pôde ver melhor a caveira em seu colete, uma caveira vermelha com uma faca enfiada no crânio, era diferente dos outros militares, quem geralmente tinha o uniforme diferenciado era o comandante...ele era o comandante e estava o ajudando?
-E onde estamos? -Perguntou Jonathan.
-Em um bunker antigo da Inglaterra, ele fica no subsolo e ninguém pode nos rastrear aqui.
-E você vai me manter preso aqui sem motivo algum?
-Eu vou lhe ensinar a se defender, a pegar em uma arma, como mirar e atirar, essas coisas, pra isso teria que confiar em mim. -Ele guardou a faca parecendo um pouco mais convincente.
-Eu não sei...
Brad acabou de perder a família e a própria casa, o que ele tinha a perder? Talvez respostas? Agora ele lutaria pela sua própria sobrevivência, então teria que aceitar, não por algo pessoal, ou rancor, mas apenas para sobreviver por sua família, por Tommy, por sua mãe Elizabeth, e por incrível que pareça por sua pai. Ele não sabia se Jéssica tinha visto a confusão de sua casa e chamado a polícia, provavelmente ela deve pensar que estaria morto agora, é o que geralmente acontece com os "mais sortudos", no melhor dia da vida, onde ele conseguiu seu primeiro beijo, uma garota linda gostava dele, a família dela o adorava, eles eram vizinhos e estudavam juntos... acontece uma barbaridade, não é em vão a frase: "alegria de pobre dura pouco".

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