Corpo repleto de histórias

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As informações ainda corriam como o fervente sangue nas veias do rapaz, mesmo que tinha acabado de saber muitas coisas, se deu conta de que não era nem o começo. Brad encarava a garota, que suspira colocando suas coisas de lado, pegou uma cadeira e se sentou na frente do garoto.
—Brad, eu não-
—Mentiu para mim...você não é do Queens, não é? Eu sabia. Você era boa demais para ser verdade.
O garoto suspirou afundando o rosto nas próprias mãos, ela juntou as mãos pensando em uma explicação mais detalhada.
—Escute, aqueles que conheceu...eles trabalham para mim...eu não sabia...
—Olha, eu não quero saber disso, eu preciso pensar, sair daqui...
Brandon se levantou mas Jéssica o segurou pelo braço, então o garoto se sentou novamente.
—Eu não menti sobre meu nome, Brad, é Jéssica, e aquele beijo... Não era intencional, não fazia parte do meu plano. —Disse ela mais perto dele.
—O que quer dizer com isso? —Ele franziu o cenho.
—Que eu gosto de você, mesmo. Eu senti algo por você que eu só senti pelos garotos que gostei verdadeiramente no meu colegial, mas com você na verdade é diferente...
Jéssica suspirou baixo novamente, mas manteve o olhar firme para Brad.
—Tem mais alguma coisa que eu precise saber? —Perguntou Brad.
—Na verdade eu sou loira. E sou mais velha que você.
Eles riram e se sentaram novamente, Jéssica lhe explicou mais calmamente, que estaria protegendo ele, que se não fosse por ela ele provavelmente estaria morto agora mesmo.
—Você é especial, Brad.
—Eu não entendo, como eu posso ser..?
—Pra começar, algo que intrigou bastante a mim e os cientistas na base, foi esse vídeo que sua mãe fez.
—M-minha mãe?
Jéssica digitou alguns códigos no computador, moveu o mouse e abriu uma pasta, Brad viu vários vídeos nessa mesma pasta, o que teria neles? Até que ela clicou em um específico. Uma tela de vídeo se abriu mostrando a mãe de Brad, um pouco mais nova, ela estava com o braço esticado, talvez acabasse de apertar para gravar, aquilo era um vídeo-diário.
"Bom, meu nome é Elizabeth Karter, tenho vinte e nove anos, sou uma ômega, mas coisas estranhas andam acontecendo. Hoje, dia vinte e cinco de outubro de mil novecentos e noventa e cinco.."
—Meu aniversário.
Interveio Brad, Jéssica olhou para ele de relance, mas logo voltou o olhar para o vídeo.
Elizabeth, no vídeo, se levantou e deu para ver evidentemente sua gravidez.
—Há relatos que você nasceu nesse dia mesmo. —Afirmou Jéssica.
"Eu estou com medo, não sei se é humano, ou será como eu...bom, eu já amo o garoto que está aqui, eu sei...eu...eu sinto que é um garoto, eu já tenho seu nome. Mas o meu maior medo...é que eu não precisei de parceiro, estou gerando a criança sem um pai, eu... simplesmente fiquei grávida, é esse o meu medo, tenho medo do caminho que esta criança irá tomar, o destino que está escrito para ela... Eu conheci um homem, ele atualmente cuidará de mim, será como um pai para o meu futuro filho, mas também me preocupa porque este homem é um..."
Elizabeth faz uma expressão de dor e coloca a mão na barriga, ela olha para baixo e a tela desliga, o vídeo encerra. Brad olhou para Jéssica.
—Viu o porquê de você ser tão especial? Brad, existe vários Ômegas pelo mundo, estamos estudando e a procura de qualquer ser mais poderoso para que possamos estuda-lo e evitar uma possível tragédia. Todos os que achamos conseguimos treina-los e chegar a um certo limite. Tem uns que conseguem voar, tem uns que tem super força, tem outros que são mais táticos, como você, que apenas tem todos os sentidos melhorados. Todos eles tem um limite, estudamos cada um deles e todos tem o seu clímax, um ápice de poder. Mas com sua mãe não se relacionando com um parceiro para te ter, ficamos ainda mais fascinados, pois não sabemos o seu limite, não sabemos o que irá acontecer, posso dizer que seu potencial é desconhecido.
Brandon suspirou olhando para baixo, negando sutilmente com a cabeça.
—Então...eu sou tipo uma bomba relógio e não tenho pai? Isso até que foi bom de saber, sempre achei que não era igual aquele idiota. Mas...e se eu não conseguir me controlar? Minha mãe...ela iria dizer algo sobre o Erick, o que é?
—Não sabemos, Brad, os próximos vídeos são com você bebê, ela cuidando de você, seu "pai" sempre observando...ela não continuou o assunto, sabemos que ele não é nada, apenas humano, mas não sabemos exatamente pra quem ele trabalha, suspeitamos dele.
Brad suspirou e olhou para Jéssica, como alguém teria o passado tão complicado assim? Brandon estava começando a odiar o fato de ser "especial". Jéssica lhe tocou o ombro.
—Jessica...eu tenho medo, tenho medo do que irei me transformar. —Disse Brad, olhando para o chão.
Jéssica então se levantou e começou a se despir, tirar a jaqueta larga. Brandon desviou o olhar corado.
—Ahn... Jess, eu acho que isso não é hora de...
—Cale a boca e olhe para cá. —Disse Jéssica segurando a risada.
Brandon então receoso olhou para ela, para onde ela apontava em seu corpo, e ao lado do umbigo havia uma marca, uma mancha.
—Isso eu ganhei por ter salvado duas crianças Ômegas de um incêndio, uma tábua enorme em chamas caiu em cima de mim. —Ela mostrou o antebraço, revelando uma cicatriz na horizontal. —E aqui, eu quase perdi o braço pois um idiota quis dar uma de samurai, mas prendi ele.
Jonathan se perguntava em quantas confusões ela já tinha se metido e quantas histórias tinha para contar e principalmente se perguntava como ela foi se meter com um samurai.
—Essa aqui, veja. —Ela afastou a alça da regata revelando mais marcas em seu ombro esquerdo. —Um cara quebrou meu ombro em três partes, mas eu não desisti e consegui apunhalar uma faca bem na testa dele, fiquei decepcionada, nem tive chance de torturar o desgraçado.
Brandon riu balançando a cabeça para os lados, Jéssica pegou o rosto de Brad nas mãos e o acariciou olhando em seus olhos, Brandon notou que apesar da garota ter vivenciado muitas coisas, ter sofrido diversos machucados e muitas guerras, ela conseguia ser legal e ter as mãos tão macias que fez o mesmo sentir que estava sendo acariciado por sua própria mãe.
—Não precisa temer o futuro, eu estarei com você. Assim que aprender o suficiente a gente sai daqui, eu prometo.
—E iremos para onde?
—Deixa comigo, eu planejo isso, por enquanto iremos focar no seu treinamento, eu serei sua treinadora.
Ela sorriu para Brad e o mesmo corou, ela tinha um sorriso bonito, porém fez o garoto erguer a cabeça e assentir levemente.
—Antes, me responda uma coisa...
—Claro, pergunte. — Jéssica colocou as mãos sobre a cintura.
—Você...
Brandon foi interrompido por um barulho de ferrugem de juntas velhas do cômodo ao lado, onde ficava a escadaria para fora do bunker, alguém estava entrando.

Soldado ÔmegaOnde histórias criam vida. Descubra agora