Depois de tantos anos, enfim, chegou o momento em que os homens encontraram outros planetas nos quais seria possível manter a vida como conhecemos. Com o passar do tempo, conforme a tecnologia humana evoluiu, eles passaram a morar nesses planetas novos, que eram nomeados com letras, em ordem alfabética, e números, escolhidos aleatoriamente, pois acreditavam que isso facilitaria a pronúncia. Existia o planeta A4, o B8 o C15 e assim por diante. O último planeta a ser descoberto fora o planeta J10. Mas vamos focar no planeta G12, onde havia uma única cidade, chamada Sol nascente, em que o sol permanecia no céu o dia inteiro e era a única fonte de luz da cidade, não por falta de eletricidade e sim pela ausência da necessidade de uma rede de iluminação. Ela era rodeada de árvores, tinha riachos e uma bela cachoeira no centro da cidade. Os animais que viviam lá não eram perigosos e o pôr do sol era o mais lindo de todos os planetas, pois o sol apenas tocava o horizonte e tornava a subir. A cidade era comandada por um xerife e não tinha políticos. As leis eram as mesmas da Terra e o único presídio da cidade estava vazio. Os habitantes eram em pouca quantidade e eles viviam como se ainda estivessem no planeta Terra.
Clarisse, uma das moradoras desse planeta, era filha do xerife. Ela tinha dezesseis anos e era de estatura baixa. Seu cabelo castanho era grande e enrolado e seus olhos cor de âmbar expressavam suas emoções com uma perfeição digna de admiração.
Clarisse levantou da cama e se arrumou para ir tomar café da manhã com seu pai. Desceu as escadas e, quando chegou à cozinha, John a recebeu com um sorriso.
- Bom dia. - Falou John com entusiasmo, ele era a única pessoa que conseguia estar animado em uma manhã de terça-feira.
John era o pai de Clarisse e o xerife da cidade. Sua pele morena revelava cicatrizes por todo o seu braço. Ele era alto e musculoso, ideal para ser um policial, além de xerife.
- Bom dia, pai.
Ela sempre fora mais apegada com seu pai, mas sentia muita falta da mãe que havia morrido há alguns anos.
Apesar de morarem em um planeta onde o Sol permanecia no céu o dia inteiro, o céu estava escuro e sem sol, era o segundo dia que ele não aparecia, desde a tarde em que, pela primeira vez, ele passou o horizonte e tudo escureceu. Por conta disso a cidade inteira estava sem luz. A única claridade vinha da lua que havia no céu. Os moradores da cidade nunca haviam visto a lua e nem as estrelas, por causa do sol, mas com o desaparecimento dele os moradores ficaram encantados com o brilho delas.
Enquanto Clarisse pegava o cereal no armário olhou pela janela e viu o breu que estava lá fora.
- Já descobriram porque o sol não está aparecendo? - Perguntou ela.
- Ainda não. Mas você deve estar gostando de não ir á escola, não é mesmo?
Clarisse tinha muitos amigos na escola e as notas eram boas, apesar de não gostar de estudar. Ela era aquele tipo de menina que todos os garotos desejam e que todas garotas gostariam de ser, era gentil, bonita e inteligente. Mas a única escola que tinha na cidade fechara por causa da falta de claridade, as empresas e os mercados também não estavam mais abertos. As pessoas nem saiam mais de suas casas.
- Na verdade não. Eu gosto de ir à escola. Só não gosto de estudar.
- Seria ótimo se eu não tivesse que trabalhar, também. - John olhou para o relógio na parede. - Estou atrasado, de novo. - Ele levantou da cadeira e pegou sua jaqueta com o distintivo. - Te vejo no jantar. - Gritou ele, enquanto fechava a porta da entrada da casa.
Clarisse terminou de comer seu Sucrilhos de chocolate com leite integral e subiu para seu quarto para ler um livro.
A casa de Clarisse não era muito grande. A sala de estar era o maior cômodo, a TV ficava numa estante cinza com detalhes pretos que tinha porta-retratos, com fotos da família, e vários enfeites. O sofá-cama era azul escuro, quase preto, a mesinha de centro que ficava perto do sofá era da mesma cor que a estante e tinha um pote de vidros com balas de iogurte dentro. A cozinha era junto com a sala, tinha uma mesa de jantar branca com quatro cadeiras. A pia tinha um gabinete branco com granito preto. O fogão era de quatro bocas e ficava do lado da pia. Os armários brancos eram embutidos na parede e a geladeira, que ficava perto da mesa, tinha algumas fotos presas com imãs nas portas. A escada para subir ao segundo andar ficava na sala. Subindo, as escadas davam em um corredor. O quarto de John era o primeiro cômodo e o quarto de Clarrise ficava na frente, entrando nele podia-se ver a cama de casal que ficava em frente a porta. O guarda-roupa branco e rosa tinha portas de correr e ficava encostado na parede rosa claro ao lado da cama. Do outro lado da cama ficava uma escrivaninha, onde ela fazia suas lições e escrevia em seu diário, e a penteadeira, onde ela guardava as maquiagens e suas bijuterias ficava perto das prateleiras onde ficavam seus livros. No final do corredor ficava o banheiro, abrindo a porta para entrar já se podia ver o reflexo no espelho grande e iluminado. A banheira tinha hidromassagem e o chuveiro era prateado. O vaso sanitário era branco e ficava do lado da pia, assim não dava para ver o reflexo no espelho enquanto se fazia as necessidades.
Assim que Clarisse entrou em seu quarto ela se jogou na cama e pegou seu livro. Depois de um tempo lendo ela acabou dormindo.
Ela sonhou que estava em uma casa abandonada mas não sabia exatamente onde ficava aquela casa. De repente,
começou a andar contra sua vontade. Depois de alguns segundos, ela notou que não estava andando, mas sim flutuando, como se fosse um fantasma. Ela não sabia se era meio-dia ou meia-noite, estava tudo escuro, não dava pra ver nada e ela não fazia ideia para onde estava indo. Clarisse continuou avançando até chegar a uma escada. Quando terminou de descer percebeu que estava em um porão vazio. Ela olhou ao redor e só conseguiu ver uma jaula, começou a avançar para a jaula e quando chegou bem perto conseguiu ver um homem lá dentro, ela não sabia quem era, mas sentiu uma necessidade enorme de ajudá-lo.
Clarisse ouviu um rugido e um homem de uns cinco metros de altura apareceu no topo da escada, mas não era um homem comum. Ele tinha chifres e um rabo, e as pernas pareciam ter muito pelo para um humano normal. Ele observou a jaula por uns segundos e depois voltou ao andar de cima. Aparentemente ele não havia visto Clarisse.
- Aquilo é um Minotauro, para a sua informação. - Falou o homem de dentro da jaula.
Clarisse deu um sobressalto com o susto.
- O que?
- Uma criatura da mitologia grega. - Ele respondeu como se aquilo fosse óbvio.
- Quem é você? O que está acontecendo? - Perguntou Clarisse, ignorando a resposta do homem.
- Clarisse, você tem que me tirar daqui e rápido.
- Como você sabe meu nome?
- Eu te explicarei tudo, mas não agora. Você tem que achar o filho de Atena, ele irá te ajudar.
Clarisse começou a ficar preocupada e com medo. Ela estava muito confusa e fez uma última pergunta para o homem.
- Quem é você?
O homem saiu das sombras e Clarisse finalmente conseguiu vê-lo. Ele parecia ter vinte anos, tinha cabelo loiro e uma beleza fora do normal, usava jeans e camiseta sem mangas. Suas roupas estavam em farrapos e o homem estava sorrindo. Seu sorriso era brilhante e faria qualquer mulher desmaiar de tanta beleza.
- Eu sou Apolo. O deus do sol.
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O Resgate
FantasyClarisse é uma jovem semideusa que teve uma vida meio conturbada, mas nada como a aventura que a espera com os novos amigos que vai conhecer depois de ir parar em um orfanato e se vê com a missão de salvar um deus.