De volta ao quarto

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Clarisse acordou em sua cama e a luz do quarto machucou seus olhos. Espere aí. Como é que tinha luz no quarto se a cidade toda estava apagada? Clarisse estava tão atordoada no primeiro dia em que esteve no orfanato que nem se deu conta que havia luz lá. Ela sentou em sua cama e chamou Melissa.


- Como vocês tem luz aqui? - Perguntou Clarisse antes mesmo de Melissa levantar de sua cama. - O sol voltou a aparecer?


- Do que você está falando? - Perguntou Melissa confusa.


- O sol não estava aparecendo e a cidade toda estava sem luz. Quanto tempo eu estou aqui?


Clarisse começou a pensar se tinha ficado mais tempo do que achara que tinha ficado naquela sala escura e se o sol só tivesse sumido por dois dias.


- Você bateu a cabeça em algum lugar na sala escura? - Melissa franziu as sobrancelhas. - Você está delirando, mas - Melissa fez uma pausa - mesmo se a cidade estivesse sem luz, por qualquer motivo que seja, não teríamos esse problema. A Sra. Blake mandou trazerem iluminação artificial da terra quando o orfanato foi construído, assim não seriam necessárias janelas demais e as pessoas teriam menos chance de ver o que ela faz com as crianças aqui dentro.


Quando Clarisse acordou no hospital antes de ir para o orfanato também tinha ferido os olhos com a claridade e sequer tinha pensado nisso, talvez iluminação artificial não fosse tão incomum no planeta quanto ela pensava.


Talvez a Sra. Blake não tenha falado nada sobre o desaparecimento do sol com as crianças. Clarisse precisava falar com ela imediatamente. Precisava descobrir se ela sabia algo sobre o sol e sobre seu pai, ainda não tinha notícia nenhuma dele.


Clarisse levantou de sua cama e caminhou com suas pernas fracas até a porta do quarto.


- Sra. Blake! - Gritou ela. - Preciso falar com a senhora. Abra a porta.


- O que está fazendo? - Melissa foi até a porta. - A Sra. Blake só abre as portas para tomarmos o café da manhã. Ela não vem para cá antes disso. Você vai ter que esperar.


- Não posso esperar. No café da manhã ela fica na frente do pátio observando todas as crianças, ela não irá me ouvir. Eu preciso falar com ela em particular.


- Você tem que fazer com que ela te leve para a sala dela. Aquela que você foi antes de ir para a sala escura. Lá vocês poderão conversar, mas acho que ela não sabe nada sobre seu pai.


- E como eu faço para ela me levar à sala dela? - Clarisse não poderia deixar de comer dessa vez. Ela estava faminta. - Não é só sobre meu pai que quero falar.


- Você tem que desobedece-la. - Melissa fechou os olhos pensando em qual regra Clarisse poderia quebrar sem se dar muito mal. - Depois do café da manhã nós vamos para a sala de aula, mas aqueles que são maiores de quatorze anos ficam cuidando das crianças menores na sala de jogos. Faça com que uma criança quebre algum brinquedo para poder levar ela para a sala da Sra. Blake.


- Qual é a faixa etária das crianças?


- Entre um e seis anos. Quando elas completam sete anos começam a estudar também.


- Eu não vou culpar uma criança inocente. A Sra. Blake vai castiga-la por algo que ela nem fez. - Clarisse pensou em outra coisa que poderia fazer.


- Não tem outra coisa a se fazer.


As meninas ouviram a Sra. Blake gritando e as portas se abrindo. Elas vestiram seus vestidos branco e foram para o refeitório. Clarisse comeu em um segundo e ainda podia sentir seu estômago vazio. Já sabia o que iria fazer. Ela levantou um dos braços e falou bem alto:

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