Dessa vez Clarisse não acordou em sua cama no dormitório. Ela ainda estava na sala de jogos e todas as crianças estavam em volta dela.
- Voltem a brincar. - Gritava Mike. - Saíam daqui!
Clarisse se sentou com dificuldade. Todos aqueles ataques de pânico estavam lhe causando dores. Ela colocou a mão na cabeça, sentia como se tivesse levado uma pancada.
- Quer ajuda? - Perguntou Alex estendendo a mão. - Bateu a cabeça?
- Obrigada. - Clarisse pegou a mão de Alex e se levantou. Quando ficou de pé sentiu uma leve tontura. - Eu não sei o que está havendo comigo.
- Como assim? Você sempre teve ataque de pânico.
- Os ataques começaram depois do falecimento da minha mãe, mas eles nunca foram tão frequentes. - Clarisse olhou para Alex com as sobrancelhas franzida. - Como você sabia dos meus ataques?
- Eu estava no hospital aquele dia. Fui eu quem te levou para lá.
Clarisse se afastou dele. Como ele tinha entrado na casa dela? Se eles tinham uma missão tão importante por que ele não tinha impedido de levarem ela para o orfanato?
- Desculpe não ter dito antes. Eu não queria que desconfiasse de mim, como está fazendo agora. Eu não consegui impedir que te trouxessem aqui. Eu sinto muito.
Clarisse não sabia se acreditava nele. Tinha alguma coisa naquele garoto que a atraia, alguma coisa que o tornava confiável , ao contrário de Mike. Ela sentiu lágrimas correrem por suas bochechas.
- Alex! Nós temos que ir agora. - Falou Mike que havia ficado quieto todo o tempo.
Alex olhou para Clarisse.
- Não podemos ir sem ela.
Clarisse enxugou as lágrimas e olhou para os meninos que ainda a encaravam. Ela não queria ficar naquele lugar e eles eram sua única chance de sair dali.
- Eu vou com vocês. Mas vamos levar Melissa.
Eles tentaram discutir com ela mas não adiantou em nada. No fim eles teriam que levar Melissa.
Eles estavam sentados no chão da sala de jogos esperando uma menina que iria ajuda-los a sair dali.
- Qual é o nome dela mesmo? - Perguntou Clarisse.
- Betsy. - Falou Mike revirando os olhos. - Você já perguntou isso umas dez vezes!
- Eu não tenho culpa se ela tem um nome estranho e difícil de lembrar!
- Parem de discutir. - Alex estava cansado de ouvir os dois brigarem. - Nós estamos esperando a menos de uma hora e vocês já discutiram umas vinte vezes sobre coisas inúteis.
Clarisse olhou para Mike com raiva. Ela não gostava daquele menino e, aparentemente, ele também não gostava dela. Mas ela não sabia o porquê.
De acordo com Alex, a tal Betsy iria tirar eles de lá. Como ela iria fazer isso era uma ótima pergunta. Alex e Mike apenas falaram "Ela tem um charme irresistível." Mas Clarisse se perguntou se eles se esqueceram que a dona do orfanato é mulher também e que usar charme com ela não funcionaria.
- Se o plano falhar o que acontece com a gente? - Perguntou ela.
- O plano não vai falhar. - Alex olhou o relógio que estava em seu pulso. - Ela deve estar chegando.
Clarisse deitou no chão e ficou olhando para o teto branco. Ficou pensando em seu pai e em como as coisas tinham acontecido tão rápido. Estava tudo diferente, inclusive ela mesma. Pensava de um jeito diferente e não tinha mais medo de enfrentar os outros. E não sobrara muito do seu jeito meigo e educado de ser. Ficou pensando em como Melissa estaria quando encontrassem ela. Depois começou a perder a esperança de seu pai ainda estar vivo.
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O Resgate
FantasyClarisse é uma jovem semideusa que teve uma vida meio conturbada, mas nada como a aventura que a espera com os novos amigos que vai conhecer depois de ir parar em um orfanato e se vê com a missão de salvar um deus.