A Maldição - Volume 5

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Esperei minha mãe chegar do supermercado, suponho que ela tenha ido comprar os ingredientes para fazer pudim; minha mãe ama pudim. Enquanto isso, eu ficava pulando nas poças d'Água ao lado de fora da casa. Porém, não era tão legal quanto antes. Uma hora ou outra passavam algumas crianças andando de bicicleta. Resolvi perguntar à elas se sabiam algo sobre o lago. Era um grupinho com quatro garotos e uma garota. Provavelmente tinham a minha idade. Eles afirmaram que havia um lago na vizinhança, porém, estava amaldiçoado. Eu fiquei pálida, até que a garota disse:
-"Não acredite nesses bacacas. Eles só querem te apavorar!"
Eles se afastaram debochando de mim. Agora eu não sei se eles estavam mentindo ou falando a verdade... estava começando a esfriar, então resolvi voltar para casa e descansar um pouco. Poderia pedir para que a mamãe fizesse um chocolate quente. Não era uma má ideia :)
Cheguei em casa e fui direto para o meu quarto. Pude perceber que por um milagre meu pai não estava trabalhando no computador de seu escritório. No momento em que abri a porta, vi que a minha mãe estava sentada em minha cama com a caixa aberta ao lado, e o álbum de fotos em suas mãos. Fiquei encarando-a imaginando o que ela estava pensando naquele momento. Até que ela me perguntou:
-"Filha, onde achou isto?"
Apenas respondi a verdade: "no porão". Acho que era o momento certo para falar sobre nosso vizinho. Então eu disse
-"Mamãe, quando estava indo à procura do lago, eu não achei. Estão eu resolvi pedir informação, como eu havia lhe dito. Eu bati na casa mais próxima, e o senhor que atendeu era o nosso vizinho da antiga casa." Ficamos em silêncio. Ela resolveu dizer algo depois de um tempo:
-"Filha, aquele senhor já está morto há um bom tempo. Ele foi assassinado."
-"Por quem?"- perguntei.
-"Não se sabe. O assassino não foi identificado."
No momento eu não pude acreditar. Ficamos em silêncio novamente. Ela guardou novamente as coisas na caixa e pediu para que ficasse com a caixa por um tempo, e eu apenas disse que não tinha problema. Resolvi voltar ao lago, mesmo chovendo e começando a escurecer. Disse à minha mãe que voltaria um pouco tarde. Coloquei minhas galochas amarelas, minha capa de chuva, peguei o guarda-chuva do meu pai, uma lanterna, e saí. Fui pelo mesmo caminho que eu tinha indo com a minha mãe ontem. Quase não dava para ver o lago, pois já estava escuro. Me aproximei, apontei a lanterna para a água, e vi um rosto... e não, não era o meu reflexo. Parecia que alguém estivesse preso no lago, me inclinei para ver melhor. Mas no momento em em que eu me inclinei, perdi o equilíbrio e caí. O lago era fundo, beeem fundo. E eu não sei nadar. Comecei a me rebater, até que eu senti algo tocar nos meus pés, se agarrando cada vez mais... parecia uma mão. Comecei a entrar em desespero gritando, mas percebi que não adiantava. Podia sentir essa coisa me puxando para baixo, sempre pronunciando a seguinte frase: "Ajude-me, tire-me daqui". Comecei a ficar sem fôlego, tentei nadar até a superfície, mas só depois de um bom tempo tentando, consegui. Rapidamente peguei a lanterna e apontei ao lago. Está criatura me parecia familiar, como a garotinha da foto, só que mais assustadora. Sua pele estava desidratada, magra, com longos cabelos pretos e molhados em sua face, quase não podendo ver seu rosto. Perguntei o que ela queria de mim, o local ficou silenciado. A criatura se arrastava para a superfície, como se quisesse ficar perto de mim, mas sempre me afastava um pouco mais. Até que pude perceber que ela ficou me encarando, estava prestes a gritar quando ela apenas sussurrou: "sua alma", e neste momento a droga da lanterna esgotou-se a bateria. Comecei a gritar desesperadamente, até que pude sentir a criatura se arrastando entre a grama molhada até meus pés. Ela colocou sua face em frente da minha, pude perceber pois senti algo molhado tocar no meu nariz. Até que ela sussurrou novamente: "Estás amaldiçoada, tens pouco tempo." E depois disso, pude ouvi-la dizer algo em outra língua, o que parecia algum tipo de ritual. No momento em que pude ouvir algo entrando na água, a luz da lanterna começou a piscar, voltando a funcionar. Saí de lá correndo em direção a minha casa, porém, parecia mais longe do que o normal. Podia ouvir algo se arrastando entre as árvores ao meu lado, lentamente. Ou até mesmo coisas sussurrando em meu ouvido, como o ritual. Chegando em casa, minha mãe perguntou o motivo de eu estar molhada. Disse que era a chuva, mas parece que ela não acreditou. Depois da janta, fui ao banheiro. Tranquei a porta e liguei o chuveiro. Ainda estava com a frase em minha cabeça. A luz começou a piscar, podem achar que era só porque estava velha demais. Porém, acho que não é normal quando acaba de ser trocada. Até que a água do chuveiro começou a ficar gelada, pude até me lembrar de quando estava sendo puxada para baixo dentro do lago. Desliguei o chuveiro imediatamente e fui escovar os dentes. Ao olhar-me no espelho, pude perceber algo atrás de mim, como um borrão, o que fez-me lembrar das fotos do álbum. Sai correndo para o meu quarto, coloquei meu pijama e fui direto para a cama, o que fez-me ter a ideia de fazer um ritual. Não parecia má ideia.

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⏰ Última atualização: Jan 22, 2018 ⏰

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