•A Maldição do Lago•

Mudança - Volume 2

Estamos nos arrumando para a mudança. Meus pais já estão "se despedindo da casa", mas eu realmente não queria me mudar. Eles tentaram me convencer de que a nova casa é enorme, muitas árvores... e um lago. Mas espero que eles não achem que um lago vai me fazer mudar de opinião, porque fala sério, um lago?!

Algumas horas depois....

Pronto. Agora estamos indo a caminho da nova casa, me disseram que é longe, e que dá cerca de duas a três horas. Eu juro que nunca vi meus pais tão felizes, é só uma mudança! Observei todo o percurso da viajem, passando por montanhas, pontes, e muitas, muitas árvores. Confesso que eu odeio viajar de carro, porque começo a ficar com um tédio imenso, então a única opção é cochilar... mas como meus pais dizem, no meu caso é hibernar! Quando estava fechando meus olhos, meu pai gritou:
-"OLHA FILHA, NOSSA NOVA CASA! LINDA, NÃO É?"
Confesso que isso me assustou e apenas disse que sim, mesmo não estando tão empolgada quanto eles. Mas tinha algo que me agradou muito. Era uma casa realmente grande, mas eles não haviam mencionado que tinha um jardim imenso atrás de casa! Descemos do carro e entramos para conhecer a nova casa. Havia uma sala principal, que era incrivelmente grande, escadas que levavam aos quartos e mais uma sala gigante ao centro que dividiam os quartos, e também havia um sótão, que estava completamente empoeirado, com aranhas e outros insetos nada agradáveis. Enquanto meus pais iam tirando os objetos das caixas, eu ficava em um sofá velho que já se encontrava bem no meio da sala principal. Minha mãe disse para que eu fosse ver o lago, e conhecer a vizinhança, embora não tivesse muita gente. Sai de casa e fui a procura do lago. Andei, andei, andei, e nada... então resolvi bater na porta da casa mais próxima e perguntar onde ficava esse tal lago. "Toc, toc, toc". Não houve resposta. Então eu resolvi chamar. Nada. Prestes a desistir, ouvi uma voz rouca soar atrás da casa dizendo:
-"JÁ VAI, JÁ VAI!"
Então resolvi aguardar, e para a minha surpresa, era um senhor que morava perto da nossa antiga casa, que por incrível que pareça, não me reconheceu. Me olhou desconfiante e perguntou:
-"O que precisa, pequena garotinha?"
Ah, e se tem algo que eu odeio, é que me chamem de garotinha. Mas resolvi ignorar isso, então eu disse:
-"Olá, poderia me informar onde fica esse misterioso lago? Já andei pela vizinhança inteira, mas eu não o achei!"
Ele me olhou desconfiante e disse que não havia lago nenhum. Pedi desculpas e voltei para casa com muita, muita raiva. Eu rodeei a vizinhança inteira pra nada?! Entrei em casa, e meus pais ainda estavam tirando as coisas da caixa e perguntei à minha mãe:
-"Mamãe, não há lago nenhum na vizinhança. Procurei por toda parte, perguntei até a um morador, mas ele disse que não havia lago nenhum!"
Mas minha mãe não acreditou. Disse que havia um lago sim! Então desisti e subi e fui até meu quarto para cochilar. Mas percebi que estava sem sono, então resolvi olhar pela janela, uma vista maravilhosa que dava ao jardim. Mas, ao olhar, percebi que havia bem no fundo, um lago. Então fiquei completamente surpresa! Desci as escadas tropeçando em alguns degraus e corri até o jardim e percebi que o lago parecia mais longe do que eu imaginava. Mesmo assim não desisti, corri muito, muito mesmo, até que eu pude perceber que já estava na beira do lago. Eu realmente não sei porque queria tanto ver esse tal de lago, era apenas um lago! Mas eu pude perceber que aquele lago era diferente, por alguma razão. Me aproximei para vez meu reflexo, até que veio uma brisa suave em meu rosto. Mas... fiquei o tempo inteiro me perguntando. Aquele senhor afirmou que não havia lago nenhum, e ele já morava aqui há um bom tempo. Acho que é a idade.
Bom, agora que eu já achei o tal de lago, já podia voltar para casa. Corri, quase sem fôlego, abri a porta de casa. As caixas ainda estavam lá, porém todas vazias. Meus pais não estavam mais na sala, e isso significava que eu poderia ficar lá na sala enquanto escrevia no meu diário. Mas eu pude perceber que o silêncio dominou o local. Algo que não era muito normal quando estava com meus pais. Subi para ver se eles estavam lá na sala de cima. Nada. Chamei, chamei pela minha mãe. Nada. Acho que eles deveriam ter se cansado de desencaixotar e saíram para conhecer o novo local. Então, eu resolvi ficar no meu quarto. Mas eu pude ouvir uma voz, ou até um gemido vindo da sala de baixo. Fui ver o que era...