Capítulo II

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Meus cabelos ruivos passavam a falsa impressão que eu os cuidava da melhor forma possível. O cheiro de bebida, e carne, dominavam a maior parte do ar. Pessoas sorriam e cumprimentavam uns aos outros, como qualquer outro dia, tirando o fato do vilarejo estar repleto de rostos novos. Não tenho nada contra pessoas, sou simpática, mas acho horrível ter pessoas correndo para lá e para cá, se esbarrando em mim. O vestido que minha mãe havia deixado para mim, um tom verde, suave, mas belo, era um dos seus preferidos. As outras garotas estavam mil vezes mais arrumadas que eu, mas nem por isso tornavam-se arrogantes, como ouvimos falar que as garotas dos outros reinos são.

Um senhor passa por mim tocando flauta, seguido por garotas dançando com coroa de flores. Eu sorrio, embora aquela cena me magoasse. Nossos antigos costumes estavam sendo esquecidos, usurpados e manchados pela Nova Ordem que surgia. Alguns poucos, ainda reuniam-se e celebravam nossos costumes em segredo, na floresta. Embora Rei Gusthav nunca proibiu nossas celebrações, todos sabiam que os que arriscavam-se em celebrar publicamente, sumiam misteriosamente. Obviamente que ninguém assimilava esse fato ao nosso rei, que sempre agiu de forma tão bondosa, e gentil, com todos, mas os tempos estavam confusos, e o rei havia prometido a mão da sua filha única ao príncipe Aleec, do reinado de Olc, ao sul do nosso.

-Sky... - Endrov aproxima-se - Olá, minha querida. Fico feliz em vê-la no festival, esse ano. - ele sorri, após beijar meu rosto.

-Irei participar esse ano, em virtude do casamento.

Forço um sorriso, a Endrov. Ele era um homem bondoso, seu sorriso calmo e seu modo receptivo encobriam sua agilidade com armas e sua incrível força para combates físicos. Endrov é meu professor de armas, e combate, desde pequena, sempre manteve-se ao meu lado, até mesmo nos momentos que toda menina possuí.

-Ah, sim. O casamento será hoje, ao anoitecer. É uma forma de descobrir quem está na floresta.

-Que idiotice! - franzo a testa em sinal de raiva - Após séculos, desejam dar as costas a tudo que sempre os protegeu e lhes deu força...

-Acalme-se, minha querida. Apenas mantenha-se longe da floresta hoje a noite. - quando Endrov termina a frase, bufo. Ele sorri e começa a se afastar. - Aliás, está linda hoje, meu doce.

Sorrio pelo elogio e encurvo minhas pernas levemente, em um sinal sutil de reverenciamento, para agradecer ao elogio. Volto a caminhar entre o pessoal que bebe, come, dança e toca nas ruas. Vejo, ao longe, minha mãe dançando com mais mulheres, e algumas senhoras. Ela gira, e seus cabelos loiros dançam ao seu redor. Minha mãe é forte, bela e destemida, sorrio vendo-a de longe. Não demora muito para avistar David, corria e aprontava aos mais velhos, com outras crianças do vilarejo. Seus olhos claros cruzam os meus, por um minuto, e ele sorri, em seguida volta a correr. Garotas, da minha idade talvez, surgem dançando, com rapazes as acompanhando, enquanto tocam flautas e mini tambores. Uma das garotas coloca uma coroa de flores em meus cabelos e me puxa, para dançar junto a elas. Sorrio e giro junto com as garotas, dançando alegremente, aproveitando o festival que transcorria.

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⏰ Última atualização: Jan 22, 2018 ⏰

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