Capítulo VII: Primeiras impressões

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          Apesar da empolgação de Eduardo não estar muito aparente ele parecia estar um pouco nervoso ou até mesmo desconfortável, afinal era a primeira vez que encontraria uma garota em um prazo de tempo de conversa tão curto e era uma sensação completamente diferente, um misto de adrenalina com receio, até então única forma de comunicação havia sido pela internet que facilitava e muito, pois o simples fato de não se olharem nos olhos e não fazerem leitura corporal dava a ideia de uma liberdade maior sobre o que conversar, isso não apenas com a garota, mas de maneira geral, através da internet você poderia ser alguém completamente seguro e que não dependeria do contato visual para a comunicação. Essa pequena observação mental durou alguns segundos na cabeça de Eduardo e quando se deu conta Rebeca já havia passado pela porta da cozinha e caminhava em direção ao portão, a velocidade com que caminhava era regular e sem muito movimentos bruscos, mas era como se fosse uma cena em câmera lenta, impossível para o garoto que adorava livros e filmes de ficção não fazer uma associação com aqueles cenas de filme e então um leve sorriso surgiu no rosto de Eduardo, isso era devido ao motivo de relacionar um simples caminhar com uma cena toda produzida e ensaiada que eram utilizadas nos cinemas, porém no instante em que o sol atingiu o rosto da jovem, que não estava muito visível por conta de seus longos cabelos que escondiam suas orelhas e boa parte das laterais do rosto.

          Com um movimento sutil com a cabeça seu rosto agora era mais visível do que antes e revelavam as maçãs do rosto bem definidas e levemente coradas, não demorou muito para que Rebeca se aproximasse do portão, a principio um silêncio constrangedor pairava no ambiente, que logo foi interrompido com o estrondo do portão que parecia ter passado por cima de uma pedra, fazendo com que quase saísse dos trilhos em que corria. Não tendo outra alternativa o jovem esboçou um riso leve por perceber que não era o único que estava desconfortável com a situação, pouco tempo havia se passado desde que Rebeca saído da cozinha, porém nenhuma palavra foi dita de fato para que o diálogo enfim começasse. Eduardo sempre foi muito alegre e cheio de energia o que fazia com que ele se comunicasse bastante e sempre levasse as coisas da melhor forma possível e até fazendo as coisas parecessem mais engraçadas, isso era devido ao de sempre estar brincando com meu pai que naturalmente era engraçado e inconscientemente ensinou o garoto a ser do mesmo jeito, então pensou em uma maneira engraçada de começar a conversa para que o gelo fosse quebrado o quanto antes e se tornasse apenas um dialogo entre pessoas que acabaram de se conhecer e que a esse ponto já eram amigos.

     –Finalmente nos encontramos pessoalmente, agora você já pode me levar para tomar aquele tal sorvete.

     –Isso também vale para você e o que te faz pensar que eu vou te levar para sair comigo?

          Apesar de não parecer a maneira mais sensata, funcionou. Mesmo sabendo que isso era apenas uma brincadeira e possivelmente uma forma de chamar a garota para sair, foi o suficiente para que Rebeca abrisse um largo sorriso o que automaticamente fez Eduardo sorrir também, apesar de essa ser a primeira conversa frente a frente, já haviam trocados diversas mensagens, o que fez parecer que fossem amigos há anos e que já tinham certa intimidade. No começo Eduardo pensou que a resposta tivesse sido um pouco rude, mas logo percebeu que eu havia merecido tal resposta por se tratar de um "primeiro encontro". E mesmo com esses detalhes que normalmente fariam uma pessoa qualquer desistir de tentar sair com ela ou ao menos não serem amigos, despertou uma curiosidade por saber como Rebeca reagiria em outras ocasiões, então o garoto pensou em dar uma resposta um pouco mais ousada, afinal a relação de amizade já estava estabelecida, mas era como se faltasse uma conclusão, como algo do tipo "ótimo, agora somos amigos e já podemos fazer piadas uns com os outros".

     –É que agora que somos amigos, temos que levar um ao outro para sair.

     –Exatamente, como você mesmo disse, um ao outro, o que quer dizer isso vale para você também.

          Rebeca se manteve firme, mas com um tom mais sutil, o que dava a entender que ela estava disposta a entrar na brincadeira, mas de uma forma que isso não virasse rotina e com isso era muito nítido que eles de fato eram amigos e que poderia bem interessante. Ficar tão perto dela comparado a quando Eduardo apenas a observava passando pela rua fazia com que ele percebesse melhor os detalhes de seu rosto, os olhos castanhos, bem próximos ao tom avelã, a boca com os traços definidos de uma maneira suave, sobrancelhas que pareciam ter sido feitas a pouco tempo e que davam o aspecto de serem naturalmente desenhadas. Mesmo reparando em todos esses detalhes, olhar diretamente nos olhos parecia algo desconfortável para os dois.

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