Capítulo IX: O beijo

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          Era nítido que as tardes juntos faziam bem para os dois, bastava olhar os sorrisos ou então ouvir as risadas que eles davam enquanto faziam algum tipo de piada, era como se não houvesse tempo ruim e não havia mesmo, certo dia o tempo estava com uma aparência de iria chover e assim aconteceu, uma garoa que aos poucos foi se tornando uma chuva mais grossa e eram como se eles não quisessem se despedir ainda, afinal tinha acabado de começar a conversar , então Rebeca convidou o garoto para entrar e ficarem na garagem conversando, foi nesse dia que Eduardo sentiu que a amizade tinha dado um passo adiante, ele até então nunca tinha entrado na casa dela e sentia um pouco de timidez com toda aquela situação, mas que logo passou por conta da conversa que estavam tendo.

          Não era sempre que essas situações ocorriam e o garoto até que gostava da ideia e que aquela sensação de timidez e vergonha iam diminuindo cada vez que ele entrava lá, umas das características de Eduardo era ser tímido para algumas coisas e sem vergonha para outras.

     -Rebeca, eu sempre passo em frente a sua casa e percebi que aqui em cima da garagem tinha uma mesa de sinuca, será que eu posso ir lá ver?

     -Tá bom, vamos lá eu te mostro.

          E assim foi, subiram uma escada em formato de "L" com uma espécie de espiral quadrada no final e chegaram no andar de cima, era uma mesa de sinuca não muito grande e para falar a verdade era um pouco menor do que as tradicionais, tinha algumas marcas de uso e parecia já ter alguns anos. Na parede ao lado se encontravam os tacos pendurados em um suporte de madeira e uma pequena lousa que aparentemente servia para marcar a pontuação dos jogadores, os olhos de Eduardo percorriam a mesa de uma ponta a outra.

     -É óbvio que você quer jogar não é Edu? Está bem, pode pegar um taco, vamos jogar um pouco vai.

          O garoto não exitou um segundo sequer, andou em direção aos tacos e escolheu o que melhor lhe pareceu confortável, nem muito curto e nem muito comprido. Era uma área relativamente aberta, como um tipo de varanda coberta o que proporcionava uma luz muito boa para o ambiente e nesse momento em que Rebeca estava se posicionando para jogar, o jovem olhou para ela e sentiu algo diferente, os olhos dele viam a seguinte cena, uma garota de cabelos castanhos que usava roupas casuais e que agora em contraste com o cenário bem iluminado atrás dela formavam o mais belo quadro, agora mais do que nunca Eduardo sabia que gostava dela não só como amiga, não tinha certeza em que nível se encontrava esse outro tipo de gostar, mas era bem diferente, se deu conta disso só depois que já havia visto Rebeca inúmeras vezes e não sentia isso, mas agora tudo estava mudando e ele não sabia se era bom ou ruim. A realidade de ambos era distintas, mesmo morando no mesmo bairro e na mesma rua, mas era assim que as coisas aconteciam na adolescência, jogaram durante algum tempo e logo Rebeca disse que era melhor eles voltarem a conversarem no portão pois, uma coisa era o pai e a mãe dela os verem no portão que aparentemente era uma coisa normal e que já tinha acontecido antes, outra coisa era eles chegarem e encontrarem os dois dentro de casa, Eduardo compreendia exatamente aquela situação e assim o fizeram, quando chegou a hora de se despedir naquela tarde o garoto olhava de uma forma diferente, como alguém que procurava algo nos olhos, no rosto e na garota toda em si.

          Alguns dias haviam se passado sem que eles tivessem se encontrado, as próximas semanas seria de provas trabalhos o que consumia por parte do tempo deles, principalmente o de Rebeca. Eduardo queria poder encontrar com ela antes desse período, então perguntou se podiam se ver ainda essa semana, a garota não via porque não e assim que o meio da semana foi se aproximando eles se encontram, era uma tarde não muito ensolarada por conta da grande quantidade de nuvens, no entanto ainda era um dia bem claro. Eduardo e Rebeca estavam colocando o assunto em dia desde o começo da semana até o presente momento, era certo de que ele apreciava a forma com que ela falava dos mais diversos temas o que combinava com ele porque afinal também gostava de falar sobre tudo e mais um pouco, até que foi pego de surpresa quando começaram a conversar sobre relacionamento no qual era o assuntos que eles menos falavam e agora que Edu sabia que queria algo a mais com ela, seria diferente falar sobre isso. Ele contou algumas experiências que teve e como acabaram e ela também falou algumas, ambos tiraram algumas dúvidas um do outro mas, o ponto chave da conversa foi quando Rebeca revelou que havia feito uma promessa para si mesma de que não ficaria com outro menino, promessa essa que havia começado na data de seu último aniversário e que iria se estender até o próximo porém, ela já havia quebrado essa promessa quatro vezes e ela não se sentia tão bem com isso, Eduardo compreendia tudo aquilo mas, não podia deixar de se sentir um pouco frustrado quanto a isso, porque a essa altura ele sabia que queria ficar com ela, mas que também se sentiria incomodado em compactuar para a quebra da promessa.

          Longos minutos de conversa se passaram de modo que o garoto como a sentir o peso de não fazer atividades físicas frequentes e decidiu se sentar ali mesmo, na calçada, para que pudesse descansar um pouco e pediu para que Rebeca se sentasse também para que a conversa ficasse no "mesmo nível". A garota se sentou bem próximo de Eduardo, o que fez com que ele engolisse em seco, eles já tinham intimidade um com o outro e em qualquer outra ocasião não seria nada demais, exceto pelo fato de tudo o que já haviam conversado naquela tarde e o fato dele gostar dela, Rebeca repousou a cabeça no ombro do garoto de modo que parecia cansada ou a vontade, Eduardo já não sabia mais, a única coisa que sabia era que seu coração estava batendo forte e era como se todo o seu corpo latejasse em sintonia, por alguns instantes teve a sensação de que era possível ouvir seu coração sem nem precisar encostar em seu peito. Por mais que o garoto quisesse pensar em outra coisa, sua mente dizia apenas uma coisa, "beija ela", quase como um instinto que ia dos pés a cabeça, ele relutou por alguns instantes mas, era cada vez mais difícil pensar em outra coisa, então aconteceu em um momento oportuno em que Rebeca iria virar para falar ou olhar algo na direção do jovem, foi um movimento rápido e assim que seus lábios se tocaram era como se tudo tivesse ficado no mais absoluto silêncio, para não havia sido um beijo estava mais para um selinho, que demorou um pouco mais para acabar do que o de costume e isso foi o xeque-mate para os pensamentos incessantes de beijá-la.

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