8 de Setembro de 1976, 9:05am Vega
- Vamos separá-los em duplas...
E foi assim, com essas poucas palavras, que se instaurou o caos na sala. Todos começaram a falar ao mesmo tempo, apontar para conhecidos e se mexerem para levantar. E eu fique na minha carteira tentando não parecer terrivelmente entediada e desconfortável, o que provavelmente me deixou parecendo terrivelmente mal humorada, e rezei para a sala ter números impares para que eu desse um jeito de ficar sozinha. O professor parecia impaciente com a algazarra, mas não demonstrou nada que indicasse que ia pará-la, mas de repente a sala ficou estranhamente silenciosa. Estiquei o pescoço para olhar em volta e notei o porque, a garota de cabelos brancos tinha se levantado e erguia a mão para fazer uma pergunta. Quando voltei a atenção para o professor ele parecia estar se recuperando de uma surpresa contida, ela provavelmente não interagia muito.
- Sim senhorita D' Ângelo? - o professor perguntou ajeitando os seus óculos que tinham escorregado para ponta do nariz.
- As duplas serão escolhidas pelo o senhor, ou nós escolheremos como todos presumiram? - ela perguntou sem alterar um musculo na sua expressão, que parecia neutra com um toque de tédio. Sua voz era suave e profunda, e tinha uma sonoridade que deixava a impressão que ela falava meio cantado, era hipnótico. Olhando em volta notei que a maioria dos meninos concordaria comigo já que não paravam de encarar a boca cheia e cor de pêssego, que se destacava fácil em sua pele pálida. Suas maças do rosto davam uma cor a mais também, e eram bem marcadas no rosto anguloso, e os olhos azuis acinzentados ficavam em baixo de uma expeça camada de cílios que só era notada por sua quantidade.
De repente como uma onda se chocando em um bote, todos se viraram para olhar o professor esperando a resposta, fora isso ainda estavam todos ainda parados onde congelaram anteriormente. Era cômico, e um pouco assustador, sincronias como essa dificilmente aconteceriam apropriadamente e com tanto impacto se combinadas.
- Bem, senhorita D'Ângelo, acredito que posso permitir que vocês escolham se acabarem com isso no próximo minuto - ele disse olhando para todos de foram severa agora que tinha a atenção de todos graça a D'Ângelo, que assentiu minimamente em reconhecimento - nós temos que começar a aula - ele finalizou fazendo um sinal que dizia para prosseguirmos. A algazarra voltou, mas um pouco mais silenciosa e veloz. Todos tinham ouvido a sentença e não queriam ser sorteados e acabar com uma pessoa de quem não gostassem. Mesmo sendo aparentemente extremamente antissocial, alguns garotos tentaram a sorte em pedir para ser sua dupla, mas ela dispensou todos com um aceno e no máximo uma frase curta.
Em algum momento parei de prestar atenção e me concentrei em apenas ficar invisível por imobilidade. Quando estavam quase todos assentados uma sombra cobriu a minha mesa me fazendo olhar para cima, era a D'Ângelo e eu provavelmente estava com uma cara tão perplexa quanto ao do restante da classe. Ela deu sua melhor versão do que seria um sorriso, o que consistia em um leve levantar dos cantos de boca, e indicou o lugar em que estava sentada, deu meia volta e seguiu novamente para sua mesa. " E agora mais essa " pensei pegando minhas coisas meio resignada e indo atrás dela.
- Já vou avisando, se você deixar para mim a confecção das poções nós vamos reprovar - falei me sentando ao lado dela na frente do caldeirão e colocando meus materiais organizados em uma das partes vazias da mesa. Ela apenas assentiu em resposta e voltou ao seu estado de esfinge.
- Bom, agora que estão todos acomodados vamos começar - o professor pigarreou - decidi começar o ano com um desafio para vocês, hoje vocês vão ter que produzir a poção Wiggenweld, alguém gostaria de explicar qual a utilidade dessa poção?
Algumas mãos se levantaram, mas eu continuei tentando ser ignorada, assim como minha parceira de bancada. Notei que uma das mãos levantadas pertencia a Severo, que estava com sua usual expressão fechada beirando a insatisfação, o que fazia com que eu me perguntasse se ele viraria pó se sorri-se. Era muito tentador tentar descobrir mas eu sei que seria insensato e já havia excedido minha cota de insensatezes por pelo menos três anos.
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A Bastarda dos Black
Fiksi PenggemarAnos atrás minha mãe, ainda na flor da idade, conheceu um homem importante de outro país, assim como ela, um bruxo. Depois de um incidente, em que ele a ajudou, os dois se envolvem amorosamente e no meio disso, eu sou gerada. Acreditando que minha...