Capítulo 7

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A Corte era maior do que eu me lembrava e a cada novo passo que eu dava eu me desesperava mais. Já fazia meia hora que eu estava procurando por Lyanna e nada dela aparecer.

As pessoas olhavam para mim por onde eu passava e algumas outras poucas me reconheciam, mas eu só queria achar a minha filha. Lyanna é esperta, mas ela confia nas pessoas rápido de mais, e isso me preocupa. Nunca confiei nas pessoas desse lugar e não vai ser agora que vou começarei.

Vi um dos lacaios de Abe, e o parei.

— Alguma coisa da minha filha? – Sibilei irritada. O idiota não me respondeu e eu já sabia da resposta. – Ache ela. Agora!

O lacaio saiu apressado e eu olhei ao meu redor, tentando em vão achar alguma coisa de Lyanna. Recomecei a andar e vi uma moça olhar em minha direção e sussurrar alguma coisa para outra moça ao seu lado.

Minha vontade era de gritar com elas, mas tudo na minha cabeça gritava por Lyanna.

Por onde ela andava? A Corte era grande e ela poderia estar em qualquer lugar. Poderia estar com medo por ter tentas pessoas estranhas ao seu redor. Poderia estar encolhida em algum lugar me esperando como Andrew a ensinou uma vez. Eram tantas possibilidades que eu já estava quase enlouquecendo.

Já se tinha passado uma hora e meia desde que Lyanna tinha sumido quando eu a vi.

Ela estava com a roupa toda suja e tinha um sorriso no rosto. Senti a lágrimas de felicidade escorrerem pelo meu rosto por ver minha filha.

— Lyanna!

Minha filha se virou para mim e seu sorriso aumentou ainda mais. Ela soltou da mão de alguém que eu nem me dei o trabalho de ver quem era e veio correndo até mim.

— Mamãe! – Senti o choque do pequeno corpo dela contra o meu e eu nunca fiquei tão feliz com um abraço antes.

— Você está bem? Se machucou? Onde você estava mocinha? Por que está toda suja? Eu estou tão feliz em ver você. – A olhei atentamente procurando algum machucado, mas ela estava bem. Sorrindo daquele jeito que eu sabia que ela dava quando fazia alguma travessura. – Aonde você estava Lyanna? Eu fiquei muito preocupada.

O sorriso dela foi murchando quando viu o meu rosto coberto pelas lágrimas.

— Por que a senhora tá chorando mamãe?

— Eu fiquei muito preocupada Lyanna. Onde você se meteu? – Eu vi o rosto de Lya se contorcer em uma careta confusa. – Tem ideia do que eu passei procurando por você? E como você saiu do apartamento? Nunca mais faça isso comigo.

— Desculpa mamãe. Eu acordei e não vi você em lugar nenhum e eu quis te procurar, mas aqueles homens amigos do vovô estavam ocupados e eu não queria atrapalhar. Quando eu saí pela porta eu tentei te achar mamãe, mas eu não consegui. – Ela abaixou a cabeça novamente e meu coração se apertou.

— Tudo bem Lyanna. Mas me prometa que nunca mais vai fazer isso. – Ela me olhou e assentiu freneticamente.

— Eu prometo mamãe. – Ela pulou nos meus braços me abraçando. Quando a coloquei no chão novamente Lya pareceu se lembrar de alguma coisa. – Ah mamãe! Eu conheci uma pessoa!

— Lyanna. – Comecei a repreendê-la. – O que eu disse sobre falar com estranhos?

— Mas ele não é um estranho mamãe! Ele é um príncipe! – Ela se virou de costas para mim e chamou a pessoa que estava com ela quando eu a vi. – Príncipe! Vem conhecer a minha mãe Príncipe!

Foi então que eu o vi. Dimitri.

Ele estava mais belo do que eu me lembrava. Seu cabelo estava curto e a barba por fazer. Não sei se era possível, mas ele estava mais gostoso também. Os músculos dele estavam mais definidos e oh meu Deus, aquilo era uma cicatriz no pescoço dele?

Dimitri veio andando até nós me olhando atentamente. Eu o sentia me olhando da mesma forma que Lissa havia me olhado algumas horas atrás. Ele parecia tentar descobrir se eu era real ou só uma armadilha da sua mente.

Lyanna a minha frente estava frenética e pulava de um lado para o outro. Quando ele chegou perto o suficiente para que eu pudesse ouvi-lo, Dimitri sussurrou:

— Roza.

Nesse momento eu senti todos os pelos do meu corpo se arrepiarem. A voz rouca de Dimitri falando o meu nome em russo me deixou frágil, mas eu não podia me deixar ficar assim.

— Príncipe, príncipe! Essa a minha mãe! Eu não disse que ela era linda? – Lyanna falou pulando de um lado para o outro, mas Dimitri continuava a olhar vidrado para mim como se eu fosse um fantasma.

O que de uma forma eu era. Eu estava no passado de Dimitri e ele no meu.

Vi minha filha puxado a camisa de Dimitri pra lhe chamar a atenção e me dei conta do quão perigosa era a minha situação.

— Lyanna. – A pequena se virou para mim. – Vamos filha.

— Mas mamãe eu ainda não terminei de brincar com o príncipe! – Lya bateu o pé meio chateada.

— Agora Lyanna. – Falei autoritária e ela veio até mim e a peguei nos braços.

Me virei para sair dali o mais rápido possível, mas Dimitri impediu minha passagem.

— Com licença. – Ele continuou no mesmo lugar. Tentei ir pelo outro lado, mas ele também me impediu. - Saia da minha frente Belikov.

O russo continuou no mesmo lugar. Ele continuava olhando para mim, senti cada centímetro do meu corpo ser observado. Quando Dimitri chegou o olhar nos meus braços, onde Lyanna estava ele pareceu encaixar as peças.

Dimitri já foi mais esperto. Qualquer um que visse Lyanna acreditaria que ela era realmente minha filha. O russo abriu a boca diversas vezes tentando formar uma frase.

— Ela... Ela é sua? – Dimitri disse cada palavra com cuidado. Mas ele não estava sendo cuidado comigo, estava sendo com ele.

— Você já foi mais esperto Dimitri. É claro que ela é minha filha. – Aquilo desarmou Dimitri. Vi ele fraquejar, e como sabia que isso não aconteceria novamente, aproveitei a oportunidade e saí dali o mais rápido que eu pude em direção ao apartamento.

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