Capítulo 9

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Quando cheguei ao apartamento, não havia ninguém. Nenhum sinal de Andrew ou de meu pai. Agradeci por isso. Não queria que eles vissem o quanto eu estava frágil.

Coloquei Lyanna no chão e ela me olhou com aqueles olhinhos arrependidos e eu tive vontade de não repreende-la.

— Lyanna. – Comecei. – Não me olhe desse jeito. O que você fez foi errado! Sabe o quanto me deixou preocupada? E o que eu já lhe falei sobre falar com estranhos?

— Mas ele não era um estranho mamãe! Era um príncipe! – A inocência da minha pequena me fez rir. – Por que vocês não se casam mamãe? Como nas histórias de contos de fada! Um príncipe e uma princesa!

Se eu já estava desarmada, naquele momento eu me vi caindo em buraco cheio de lembranças. Eu sabia que seria difícil, mas ver Dimitri mexeu com todas as minhas estruturas. Ele estava tão lindo, tão... Meu Deus, Dimitri estava muito gostoso.

Mas eu não podia ter esses pensamentos com ele. Ou sobre ele. Ou com qualquer coisa que envolva ele, ou Lissa, ou a vida que eu costumava ter. É passado e o que é passado tem que ficar no passado.

Tentei focar novamente em minha filha e me concentrar.

— São somente contos de fada Lyanna, um dia você vai entender. – Lyanna fez uma carinha de confusa. E eu a peguei nos braços. – Agora a senhorita vai tomar um belo de um banho, você está bem sujinha viu.

Enquanto ela brincava na banheira, tratei de avisar aqueles imprestáveis, que a criança que eles tinham perdido, eu que tinha achado. Em pouco tempo Andrew estaria aqui e Abe também.

Quando retirei Lyanna da banheira, a vesti e dei alguns lanches a ela, Andrew e meu pai apareceram. Minha filha, que fazia um bom tempo que não via o avô, correu até ele e o abraçou.

Se eu não conhecesse tão bem Abe, eu diria que ele estava normal. Mas ele não estava. Por baixo daquele sorriso que ele dirigia a minha filha, eu via toda a preocupação, toda a dor e o desespero de ter Janine em uma cama de hospital.

Quando ele soltou minha filha e me olhou, eu tive vontade correr até ele e me esconder de todos. Uma coisa que eu gostaria de ter feito quando criança quando morria de medo dos vídeos educacionais sobre os Strigois que nos passavam na Academia.

— Baba. – Eu o abracei. Abe nunca foi o homem de palavras. Eu sabia que um abraço resolveria. Resolveria pra mim também.

Resolvi que comer seria uma boa ideia e acompanhei minha filha enquanto ela lanchava. Quando ela terminou, eu a mandei brincar um pouco no quarto.

Quando fiquei a sós com meu pai e Andrew, já sabia o que os dois queriam me perguntar.

Andrew foi o primeiro a quebrar o silêncio que havia se instalado entre nós.

— Então, como achou a Lya?

Me sentei no sofá vermelho que tinha ali e respirei fundo, tentando controlar minha voz.

— Quando saí do quarto, procurei por todo lado, em cada lugarzinho, mas nada dela. Quando eu estava prestes a me desesperar de verdade eu a vi. Ela veio correndo até mim e Deus... eu estava tão feliz. Minha filha estava bem, mas aí eu vi ele. Logo atrás de Lyanna estava Dimitri. Ele vinha andando até nós, me olhando como se eu fosse um fantasma, e eu só conseguia pensar em correr dali, mas ele me impediu me perguntando se Lyanna era minha, quando eu disse que sim, vi que ele tinha hesitado, era minha chance de sair dali, e foi o que eu fiz. Vim correndo até aqui. – Senti as lágrimas caindo e molhando eu rosto. – Eu vi eles hoje pai. Os dois. Estavam tão diferentes mas tão iguais.

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