Capítulo 8

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Quando eu acordei naquele dia, não tinha nem passado na minha cabeça que eu poderia ver Rose novamente.

Fazia tantos anos que eu não a via. Tantos anos aguentando a ausência dela. Nunca deixei de me culpar por sua partida e nunca deixaria.

Eu deveria ter ido atrás dela, devia ter recusado o cargo de guardião de Lissa, devia ter feito as coisas diferentes. Mas já era tarde demais.

Os anos se passaram e eu nunca me esqueci do rosto dela, de seus cabelos negros e ondulados, ela ainda se fazia presente dentro de mim. Quando penso que quase cheguei perto de ter conseguido acha-la tenho vontade de me bater por ter sido burro em ter caído em mais uma das armadilhas de Abe Mazur.

Depois daquilo perdi todas as minhas esperanças de ver minha Roza novamente. Até o dia que Janine foi atacada.

Por mais que eu estivesse preocupado com o ataque minha mente logo pareceu se iluminar com a possibilidade de Rose voltar para estar junto de sua mãe. Mas quando Abe apareceu sozinho na Corte toda a minha expectativa se esvaziou.

O que eu estava pensando? Rose tinha ido embora fazia tanto tempo. É claro que se ela voltasse as coisas não seriam como antes. Ela já devia ter me esquecido, ter arranjado outra pessoa, e conhecendo minha Roza, eu, e Lissa no máximo receberíamos um tratamento frio e cheio de ironias.

Rose poderia ter me esquecido mas eu nunca tirei ela da minha cabeça. Durante esses quase seis anos nunca deixei que seu rosto desaparecesse da minha mente nem que a sensação de sua pele tocando a minha fosse apagada dos meus sonhos.

Roza sempre habitava meus sonhos e até meus pesadelos. Das vezes que visitei minha mãe durante esse tempo ela sempre me dizia que tinha sido um erro ter deixado Rose ir embora e Yeva sempre resmungava irritada alguma coisa. Enfim, eu estava destinado a sempre pensar em minha Roza.

Naquele dia eu tinha me levantado mais cedo que o habitual, por mais que fosse minha folga – uma coisa que eu acho desnecessária, mas a rainha nunca aceitava um não como resposta. Rose sempre me dizia que tinha tendências anti sociais e agora eu via que era verdade. As únicas pessoas com eu tinha conversas de verdade eram Christian e Lissa, com quem eu me tornara grande amigo. Acho que minha amizade com Lissa passou de gratidão para uma espécie de uma dor compartilhada pela partida de Rose.

Sai do quarto e caminhei por entre a Corte. Era noite para os Moroi, ou seja era dia para os humanos. Era bom sentir os raios solares depois de tanto tempo vivendo na escuridão da noite. Sentei em um banco e fiquei lá observando as poucas pessoas que passeavam por ali. Para passar o tempo comecei a ler algum livro qualquer.

Não sei quanto tempo ao certo se passou mas senti alguém bater na minha perna. Quando abaixei o livro vi uma criança que não parecia ter mais de seis anos. Ela tinha cabelos castanhos e ondulados e os olhos castanhos. Me peguei pensando que em uma outra realidade aquela criança poderia ter sido fruto do meu amor com Rose.

— Moço, você quer brincar comigo? – Ela me perguntou com aquela vozinha de criança.

Olhei ao redor procurando pelos possíveis pais daquela menina, mas nada.

— Onde estão seus pais menina? – Ela não pareceu estar incomodada com a pergunta e logo respondeu.

— Minha mamãe não sei onde está. E mamãe disse que ainda não é hora de conhecer meu papai. – Ela respondeu e se sentou no chão. – Você parece triste.

Achei estranho, mas ela não pareceu estar triste, ou uma criança que está procurando a mãe.

— Eu não estou triste.

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