Capítulo 2

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Seis meses depois...

Já fazia alguns meses eu tinha ido morar com Abe e eu decidi que iria voltar à ativa. Na verdade eu estava entediada. Eu não fazia nada em casa, a não ser comer. Abe contratou uma cozinheira pessoal para mim e eu desfrutava desse presente constantemente. Além de que, Abe não deixava que eu participasse dos "negócios da família", ou seja, ele não deixava que eu participasse das coisas ilegais dele. Então só me restou voltar a ser guardiã.

Como eu treinava todos os dias para não perder a boa forma, seria bem fácil continuar meu ótimo trabalho como guardiã de alguém. Mas pensando de outra forma, eu não queria me prender a alguém. Não queria voltar a proteger uma só pessoa.

Fiz isso a minha vida toda e olha o que me aconteceu.

Eu não tinha a mínima ideia do que fazer, mas sabia que tinha que fazer alguma coisa.

Quando eu acordei de manhã eu estava disposta a fazer qualquer coisa que me pudesse fazer voltar à ativa. Mas Abe me dissera que não era tão simples assim. Não havia muitos Morois por aqui e os que tinham ele não os queria como protegidos de sua filha.

Uma coisa que eu havia aprendido sobre Abe é que além dele ter se mostrado bem carinhoso como um pai, ele também se mostrou muito protetor. E quando eu digo protetor é bem protetor mesmo.

Tinha ocasiões em que eu achava bem fofo a proteção de pai que ele me dava, afinal eu nunca tinha tido um pai que pudesse me proteger quando eu necessitava de proteção. Mas em outras ocasiões Abe passava dos limites. Como por exemplo, na noite em que eu inutilmente saí pra beber para afogar todas as minhas emoções guardadas.

Quando eu anunciei que iria sair pra espairecer meus pensamentos, ele prontamente mandou dois de seus capachos me seguirem. Mas isso não foi tudo. Abe mandou – ou intimou, pense o que quiser - o cara do bar para que me vigiasse de perto e não me dar nada mais forte que cerveja.

É. Quem é que fica bêbada com cerveja? Eu não. Voltei para casa frustrada por não ter ficado bêbada e com raiva de Abe por sua superproteção. Raiva que se dissipou na manhã seguinte assim que eu olhei o carro que ele me deu.

Viver com Abe estava me proporcionando uma imensa lista de mimos – o que minha mãe não gostava. Dizia que ele estaria me estragando, mas em contrapartida Abe dizia que estava me mimando por uma vida em que se manteve longe. – e o recomeço que eu estava tanto querendo.

Depois que eu fui morar com Abe eu não quis nem saber notícias de Lissa ou de Dimitri. Nas poucas vezes em que a minha mãe tocava no assunto eu logo mudava o rumo da conversa e perguntava sobre como estava o tempo ou qualquer outra coisa que a fizesse perceber que eu não queria falar sobre aquilo.

Já na mesa me esperando para tomar café-da-manhã, estava Abe e Pavel, o seu principal guardião com quem ele tinha uma grande amizade.

— Vai sair hoje kiz? – Abe me perguntou colocando geleia na sua torrada.

— Vou. Vou tentar arranjar alguma coisa para fazer. Se eu ficar mais um minuto sem fazer nada dentro dessa casa eu vou me suicidar. – Abe riu e voltou a comer.

Eu peguei algumas torradas e enchi o meu copo de suco de laranja. Engoli tudo mais rápido que pude e saí de casa correndo antes que Abe mandasse seus capachos atrás de mim.

O caminho para a cidade era bem tranquilo e lindo. Abe morava em uma pequena província perto de uma grande cidade, então era bem legal andar de carro por aí até a cidade. Eu não sabia bem o que eu faria na cidade, não sabia onde encontrar Morois e muito menos Dhampirs. Mas sei lá, nem que eu arranjasse algum emprego humano, mas eu não aguentava mais ficar em casa o dia todo.

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