Capítulo 2

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Não sonhei com nada ontem à noite, como sempre

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Não sonhei com nada ontem à noite, como sempre.

Meus olhos se abrem calmamente e suspiro, olhando para o teto de meu quarto.

Nada de pesadelos. Nada de sonhos ruins ou bons. Nada. Acho que desde que minha mãe morreu eu simplesmente perdi a capacidade de sonhar. Talvez seja porque estou sempre cansada, costurando e ajudando meu pai, mas não consigo me lembrar do último sonho que tive.

Olho para minha irmã ao meu lado, em um sono profundo no colchão fino que fica no chão. Ela sorri enquanto dorme, provavelmente se imaginando em Corselya daqui a uma semana.

Abro um sorriso para mim mesma. Amanhã vamos começar uma viagem de seis dias para chegar na capital, algo que nunca achei que viveria para ver. Mas, como Morgan disse, está acontecendo... É real!

Levanto-me e começo a arrumar a casa, repassando na mente o que tenho para resolver no dia de hoje.

Tudo bem que teremos hospedagem, alimentação e serviçais na casa do Sr. Abner, mas ainda não temos toda a comida para a viagem, que é bastante longa, ou roupas apropriadas.

Passarei em Morgan novamente e arranjarei algumas roupas e mais alguns materiais que precisamos. Seus pais são donos da feira do centro-leste, então tenho certeza de que conseguirei tudo o que não comprei no armazém e por um preço bem acessível.

Coloco uma roupa qualquer e deixo um bilhete na mesa da cozinha para que meu pai saiba para onde estou indo. Ele me liberou do trabalho no comércio para que eu possa "curtir a viagem". Sei que o serviço ficou mais pesado para ele, porém, com menos bocas para alimentar durante a semana, ele sobreviverá.

Assim que saio de casa, vejo que hoje não vai ser um dia quente e ensolarado.

Nuvens cobrem todo o céu, que está com um tom acinzentado, e o vento proveniente do mar faz que meu cabelo voe para todos os lados com sua força.

Viro-me em direção à praia ao longe. O mar parece agitado.

Estou prestes a ignorar isso, quando uma sensação estranha percorre meu corpo. Não sei se é um arrepio, ou um embrulho de estômago, mas uma necessidade de ir até a praia me enche. Uma intuição.

Penso duas vezes antes de desviar minha rota de dentro da cidade para seguir a direção do som das ondas se quebrando umas nas outras. Uma olhadinha no mar não fará nenhum mal.

Não tem ninguém na praia. As tavernas e galpões estão fechados a essa hora do dia e a maré está mais alta que o comum. O vento faz meu cabelo embaraçar e se espalhar por meu rosto e eu tenho que afastar os fios castanhos que atrapalham minha visão constantemente.

Olho para frente.

Os barcos ancorados sobem e descem com as ondas quebrando em seus cascos e a cor azul-esverdeada do mar não está mais presente. A água está cinza escura, como se refletisse o céu obscurecido do momento.

Oceanos de Traição e SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora