Você chorou, eu morri!

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No ano novo marcamos de nos encontrar numa festa, e quando Ana Lis chegou eu já estava bêbado, beijando outra garota... Lembro-me perfeitamente do rosto dela me fuzilando com os olhos... Ela estava com um vestido preto, curto e tinha uns babados e rendas na barra.

Começou a chover, o lugar era aberto, ela ficou toda molhada, ainda mais linda e sexy. Quando eu a vi sair pisando duro, tentei não me importar, mas.... Não consegui! Corri atrás dela; segurei-a pelo braço.

          - Foi mal, Ana!

          - Foi péssimo, Caio!

         - Eu tenho dificuldade em namorar...

          - Você prometeu que não ia me trair!

          - Eu não sei porque fiz isso! Eu nem queria beijar ela.

Ficamos alguns minutos em silêncio nos entreolhando, um medo enorme dela me largar me contagiou. 

            - Minhas amigas me avisaram que passar o ano novo de preto traria azar... – dizia ela enxugando algumas lagrimas com um riso irônico, como se debochasse de si mesma.

            - Ana Lis... Eu não queria te magoar!

Naquele momento a garota que eu beijava chegou me xingando e dando bolsadas em mim! Uma verdadeira tragédia! Minha sorte foi que Ana havia se perdido das amigas e precisou que eu a levasse embora.

           - Você tá toda molhada... Quer tomar banho em casa? – perguntei e logo sugeri - Você veste uma roupa da minha irmã.

           - Posso?

            - Claro!

Não esperava que ela fosse aceitar, mas é óbvio que não questionei, agi naturalmente. Enfim, havia conseguido levá-la pra dentro! Mas confesso que tive medo, parecia até que ainda era virgem. Um lance estranho... não era como das outras vezes em que eu não me importava sobre o que a garota iria pensar... Agora eu me importava demais.

Só de vê-la no meu quarto, meu coração ardia, mas não consegui se quer tocá-la... Ela vestiu-se com um pijama da minha irmã e secou os cabelos.

           - Onde sua família está? - Ela perguntou.

           - Foram para São Paulo. - Respondi.

           - Sua irmã tem muitos sapatos bonitos, maquiagens... O quarto dela é bem legal! 

           - Pena que ela não é tão legal assim. 

Ana riu. Depois pediu: - Me mostra alguma coisa que você gosta de fazer. 

          - São quase três horas da manhã!

          - E daí!? Não estou com sono...  

Peguei alguns livros de poesia.

           - Que estranho um cara como você gostar de ler poemas!

           - Na verdade estou estudando pro vestibular! Preciso me virar, agora sou um menino sem mãe. 

Ela riu outra vez, e o sorriso dela era tão lindo... Não consigo descrever, mas sua boca e seus dentes eram simplesmente perfeitos, nem pareciam ser de verdade.

          - Me mostra uma foto da sua mãe. - Ana pediu.

Mostrei.

          - Ela é muito linda, Caio! 

          - Muita beleza às vezes envenena a mente. 

Deitamos na minha cama e ficamos conversando e rindo e então.... Ela pegou no sono, ao meu lado, e era linda dormindo... Ela era linda de qualquer jeito. Fiquei quase uma hora ali, olhando para ela... Abracei-a levemente e dormi também. 

A única coisa que senti naquele momento era vontade de protegê-la, algo de muito errado estava acontecendo comigo. E eu realmente estava com medo de mim!

IncompreendidoOnde histórias criam vida. Descubra agora