Chapter Forty Five

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Episode: Save Yourself

- Então você não usa mais drogas? - Amélia o perguntou ligeiramente desconfiada enquanto limpava a superfície do espelho com um pano úmido.

- Yeah, não. - revelou-a sorrindo, espreguiçando-se desleixado sobre a cama.

- E está pronto para encarar o mundo sóbrio, meu menino?

- Mais do que pronto, ruguinhas. - afirmou bem-humorado, provocando-a com aquele apelido que ele sabia que a faria jogar o pano úmido com sabão em cima dele. - Eu não preciso delas. Estou limpo.

***

Harry descobriu que precisava delas dois dias depois.

Harry descobriu que abstinência era um verdadeiro inferno.

Harry descobriu que suas tentativas de não recorrer a Louis e demonstrar que ele era muito forte e resistente estavam indo por água a baixo.

Mas, ainda assim, se impediu de voltar atrás, chaveou a porta de seu aposento em todas as próximas noites para que nenhum príncipe fosse importuna-lo para uma sessão grupal.

Dia a dia o sufoco era maior, seu estômago se revirava, sua cabeça doía. Harry sentia-se suprimido de sua própria existência, estando presente nela como um ator coadjuvante. Ele escutava os ruídos distantes, olhava cegamente para o seu redor, notava Amélia trazendo-o as refeições particulares (mesmo que ela não devesse permanecer com ele em outros turnos senão da manhã). Tudo - tudo - que sua mente materializava era um vazio, um vazio que só poderia ser preenchido pelas substâncias químicas que o fariam enxergar a vida colorida novamente.

Sem morfina, a dor parecia insuportável. E ele precisava manda-la embora.

Ele queria tocar o sol com a ponta dos dedos e sorrir. Ele queria pôr seus pensamentos no lugar onde a tristeza mal alcançasse.
Ele queria ter seu coração disparando com a cocaína, lembrando-o que ele ainda estava vivo - apesar de muitas vezes não querer.

Harry só desejava uma dose de felicidade. Uma pétala da rosa do jardim, mesmo que para isso se ferisse nos espinhos.

Desejava escutar o canto dos anjos ao fechar os olhos, a cabeça rodando neste ritmo celestial, não cedendo espaço para as vozes que o perseguiam. Mas os anjos haviam fugido, ele se questionava onde estavam refugiados e se poderia resgata-los em breve.

Harry desejava uma colher de loucura, apesar de aparentemente ter ingerido frascos dela e se afogado sem perceber.

Ele preferia olhar seu reflexo no espelho com suas roupas espalhafatosas para representar o êxtase que corrompia-o no interior. Não havia mais êxtase.

Era tudo diferente. Tudo triste e silencioso.
Porque, neste mundo recatado, as margaridas não pareciam tão amarelas, e elas não o respondiam quando ele tentava puxar assunto. Styles cogitou que elas estivessem de mal dele, e depois se angustiou com a possibilidade de ter perdido o dom de compreender plantas.

Ele se sentia ferido. Com ossos fraturados e órgãos faltando. Seu organismo não trabalhava como antes, fazia-o fraco, fazia-o doente.

Harry não via borboletas em cada canto do quarto, nenhuma pousava mais em seus braços. Harry não se recordava de ter mergulhado neste lago, naufragando por não saber nadar.

Era como tudo parecia. Um lago frio. E ele acorrentado no fundo.
Sem respirar.
Só queria oxigênio.
Só queria ar nos pulmões.
Não haviam peixes para fazê-lo companhia, apenas esta escuridão silenciosa, imerso na água. O corpo trêmulo e os lábios sussurrando 'por favor'.

How to Wear a Crown [❀ls fanfiction ❀]Onde histórias criam vida. Descubra agora