Capítulo 2.

962 90 71
                                    


Resumo: Harry é um burguês safado, Louis não conhece o significado de uma porção de palavras, conversa e Os James.

Harry Styles sempre foi ótimo em esconder o jogo, em bolar e executar diversos planos e em manter suas artimanhas e cartas na manga devidamente preparadas caso um dia fosse preciso e realmente necessário utilizá-las, embora odeie admitir que nunca soube identificar o momento mais correto ou propício para colocá-los em prática e na ativa, o que sempre acabou resultando em uma infinidade de situações constrangedoras e bastante desconfortáveis que teve de dar um jeito para contornar. Entretanto, a julgar que a maioria de seus maléficos e intermináveis planos, ou davam errado ou saíam fora de controle, já não seria surpresa para ninguém se, por um acaso, isso tornasse a acontecer novamente.

Todavia, as experiências e o conhecimento que adquiriu com base nisso, na expectativa que depositava no sucesso das tantas invenções, nos pensamentos que colocava no papel e em ação que teve ao longo do tempo, no percorrer e na transição da infância para a adolescência, tornaram-se inúteis pouco depois que sucintos e mudos passos foram tomados por ele, após seu nome ter sido chamado, adentrando de maneira receosa ao estúdio onde toda a atenção estava voltada para seu corpo, trazendo junto consigo os componentes do prato que iria realizar e servir para os jurados em um carrinho, empurrando-o, com uma bandeja sobre eles, na tentativa de conquistar, positivamente, os três votos daqueles renomados-profissionais-da-cozinha, dando o melhor que podia e conseguia, não deixando intimidar-se pelo seu maior inimigo naquele momento: o tempo.

Ele recorda-se muito bem dos sintomas que sentia naquele dia; calafrios subindo todas as extremidades de sua pele, em sua espinha e principalmente o coração pulando, quando saía do próprio universo criado por ele, toda vez que distraía-se mais conversando do que cozinhando ou vice-versa, os olhares presos em toda e qualquer atividade que realizava, uma mínima vez que mexia o conteúdo das panelas com a colher-de-pau que tinha em mãos, rápido o suficiente para acabar deixando pequenas porções escaparem para fora dos recipientes, sujando seu avental e ocasionando, consequentemente, resmungos e xingamentos a ele mesmo por sua falta de atenção, era o bastante para fazer todos os presentes retorcerem seus lábios e pedirem calma ao rapaz, mesmo que o tempo continuasse correndo e fosse necessário finalizar sua receita. 

O tempo jamais fora um aliado daquele garoto, mas naquele exato momento, era seu confrontante, um inimigo mortal. Era realmente necessário agradar não somente com a questão do paladar, mas também com a simpatia, seriedade, competência e eficiência naquilo que está ali para mostrar, ser verdadeiro e um cozinheiro digno dos três votos positivos para poder ingressar na competição.

A prova disso era a incerteza que tinha quanto as escolhas que fazia em seu dia-a-dia como optar por ouvir música ou ler, já que não conseguia ler com alguma música de uma de suas diversas playlists tocando em seus headphones avermelhados e não gritar e encenar em plenos pulmões o cantor e a letra da música que sabia de cor e salteado, perdendo total concentração e interesse em mais um dos romances que lia, apesar de saber que o final seria trágico e no final quem acabaria com lágrimas descendo por seu rosto seria ele, por conta de sua tamanha teimosia e falta de ouvir o que lhe era dito, já que havia lido diversas resenhas falando a respeito dos livros e tinha amigos que disseram que o final era triste, mas ainda assim, foi ler. Ou optar por comprar uma mochila da Gucci ou da Adidas por não saber definir qual era melhor, afinal, gostava das duas, da mesma forma quanto vestir Yves Saint Laurent, Gucci ou Adidas.

Recusava-se a acreditar que os vídeos relaxantes que assistiu, os gastos que teve com terapeutas, com as mensalidades do pacote dos aplicativos musicais que havia contratado em razão das músicas que abrandavam diariamente suas crises de nervosismo e ansiedade, não esquecendo da prática de aulas de Yôga que tinha iniciado, com o professor gostoso de andar largado, ombros imponentes e largos, porém, arrastados e preguiçosos como o sorriso que oferecia ao cacheado próximo de seu rosto sempre que ia afastar os pequenos cachinhos que caíam sobre sua face em razão de alguma das posições feitas pelo garoto, haviam sido todos em vão.

MasterChef √l.s√ #Wattys2018Onde histórias criam vida. Descubra agora