Lista de Fetiches

Claus II

  Ele não esperava por um sexo tão bom com uma puta.

   Ele ainda estava no banheiro quando ouviu o som da porta fechando, estranhou, ainda não havia pago nada aquela garota de programa e ela já havia ido embora, depois de um sexo tão bom ela deveria cobrar até a mais, ele certamente pagaria. Um sexo que não parecia apenas carnal, toda a timidez, o medo que ela sentia, mesclado a uma espécie de sentimento... Era estranho ter tido uma relação assim que parecia tão próxima, tão real, um sexo vivo... Ele rapidamente saiu do banheiro a fim de comunicar seu motorista de que a garota estava indo e pedir para que o próprio a entregasse algum dinheiro. Claus pegou seu telefone que estava sobre a cômoda e ligou para seu motorista.

- Senho Claus? - Disse o motorista sonolento quando atendeu o telefone

- A garota está descendo, pegue dez mil reais no porta luvas e entregue a ela, ela saiu daqui antes de receber pelo serviço.

- Senhor, eu estou em casa! O senhor disse que eu estaria dispensado após levar a garota que saiu mais cedo. - Respondeu o motorista assustado

- Garota que saiu mais cedo? Mas ela retornou ao meu apartamento minutos depois de sair, estava comigo até agora.

- Senhor, eu tenho certeza que eu levei de volta a agência a mesma garota que eu levei para o seu prédio. Não poderia ser ela quem foi ao seu apart... - Claus desligou o telefone antes mesmo de Marcos concluir o que estava dizendo.

Claus desceu as escadas correndo, indo direção ao seu interfone que possuía visão de todas as câmeras do prédio, passava câmera por câmaras e ela não aparecia em nenhuma, ele foi passando cada uma, até que a câmera dois da rua, 56° câmera do prédio, mostrou uma imagem que deixou ele simplismente sem fôlego, uma moça ruiva passava andando rapidamente, ele não sabia se o que o surpreendera foi o fato de sua paciente menor de idade ter estado na sua cama, ou o fato de ele ter gostado e reconhecido ela tão rápido em uma imagem com tão baixa definição.  Independente do que motivava sua surpresa os fatos não mudavam, ele havia dormido com uma paciente que era menor de idade e poderia ter toda a sua carreira como psicólogo prejudicada graças a isso.

  Mal amanhecia e ele, que mal havia dormido, já estava com seu terno, que contrastava perfeitamente com a camisa social vinho que escolhera para aquele sobrecarregado dia. Falou com seus advogados por longas horas em uma reunião que rendeu muitos debates, telefonemas e poucas soluções. Ele poderia simplismente esquecer o que havia ocorrido, alimentando esperanças de que a jovem não contaria nada a ninguém, poderia conversar com os pais dela e explicar toda a situação, assim tentando chegar a um acordo que não fosse prejudicial a sua carreira ou poderia simplismente fechar seu consultório e negar e impedir a circulação de qualquer notícia pertinente a isso que pudesse surgir no futuro, alegando que a jovem era mentalmente instável. Ele optou pela segunda opção.

Seguiu para a casa de Jennifer em um horário que sabia que ela estaria em aula na escola, bateu a porta da humilde casa e foi recebido pela gentil senhora Marta, mãe de Jennifer.

- Olá doutor, que prazer receber o senhor aqui. Porquê não avisou que viria?

- Obrigado pela hospitalidade dona Marta, mas a motivação da minha visita não é das melhores. - Disse ele com seriedade

- Ai meu Deus, o que a Jenny aprontou desta vez? - Perguntou ela Preocupada.

- Bem, seu marido se encontra? Acredito que seria bom ter essa conversa também na presença dele.

- Não, ele ainda não voltou do trabalho. Mas o que de tão grave aconteceu doutor Claus? - Perguntou ela.

Claus, ainda sem saber por conde começar, pensava em formas de dizer aquilo sem parecer tão ruim. Para um homem que sempre sabia o que dizer, ficar sem palavras era algo terrivelmente incomum.

- Então, na noite de anteontem sua filha foi até meu apartamento se passando por uma garota de programa que eu havia contratado em uma agência de modelos, graças a alguns fetiches próprios toda a relação que tivemos eu estava usando vendas nos olhos, ou não tinha uma visão clara dela, por isso não a reconheci. Descobri que era sua filha quando a vi saindo do prédio pelas câmeras de segurança.

- Você... Transou com a minha menininha? - Marta estava inconformada, não conseguia processar aquelas informações..

- Foi como disse, eu não a identifiquei até tudo já ter acabado. - Respondeu ele

- A minha Jenny? - Continuava ela tentando assimilar

Ao perceber o rumo que a mente de Marta estava levando a história Claus continuou tentando se justificar, o que já não parceria ser muito eficaz.

- Minha senhora, sua filha não é nenhuma inocente nesta história... Ela que foi até meu apartamento... 

- Você está querendo culpar ela por você ser um pedófilo? Um pedófilo mentiroso que teve a coragem de entrar na minha casa e contar o que fez? - Dizia marta que agora gritando - Você acha que é só chegar aqui e falar o que quiser da minha menina e eu vou acreditar? Você acha?

- Então a culpa é minha da sua filha ser uma puta? - Disse Claus, agora com um tom de voz mais severo.

- MÃE! para - Gritou Jennifer que estava na entrada da casa, sua respiração estava ofegante e sua feição fazia entender que ela estava segurando para não chorar - Fui eu! Eu fui até o apartamento dele! Eu fingi ser uma... Eu fui uma puta! Uma puta burra por achar que ele sentiria alguma coisa por mim depois disso... Fui eu! Ele não sabia de nada.

Jennifer e Claus se encararam durante alguns segundos, ela, arrependida pelo que fez, se sentindo burra por achar que aquilo não teria servido para nada, mas ainda desejando ele, nem que por apenas mais uma noite. Ele sentindo seu coração bater mais forte, sua respiração ofegar, sua vontade de beijar ela quase o fazendo esquecer de tudo que estava em jogo. Ele então seguiu direção de Jennifer e sem nem ao menos dizer uma palavra, passou por ela e saiu da casa indo em direção ao seu carro e então foi embora da Cidade, para não voltar nem tão cedo.