E mais uma vez os primeiros raios de sol da manhã primaveril adentravam as vidraças dos moradores da pequena vila que era abençoada com a perfumada estação colorida, apesar de tudo ainda estar cinza para o garoto de cabelos cor-de-rosa.
JiMin continuava, todos os dias, indo fielmente até a praia antes que o sol aparecesse. Você pode pensar que uma pessoa dessas é no mínimo doente, maníaca, obsessiva, chega a passar pela cabeça que uma pessoa dessas não está mais viva, está morta por dentro mas, não iremos repetir novamente a confusa questão de metáforas, o fato aqui é que JiMin estava vivo sim, tão vivo quanto qualquer outro tolo que ama, tão vivo quanto nós. Enquanto se ama se vive e por tal maneira JiMin estava mais vivo que nunca. JiMin amava. Amava a brisa que movia seus fios coloridos, amava a maré que se atraia pela lua, amava o sol que sorria para ele ao nascer no horizonte, amava seu tio que também o amava, amava sua mãe e acima de tudo, JiMin também se amava.
Sim, ele estava infeliz, mas a esperança que brotava em seu coração a cada nascer do sol, esta que o dava motivação para levantar-se e ir até a praia, esta que o dava a vontade de viver um dia a mais, para saber, por simples e pura curiosidade se aquela crítica situação iria melhorar e, por tão grande que fosse a dor e o desamparo presentes nas lágrimas que ele ainda chorava, o amor presente nelas era maior e assim como os raios de sol, o dava esperanças, não o deixava desistir.
E foi em nome deste amor tão grande que naquela manhã o Park se permitiu levantar mais tarde, desejar um bom dia ao seu tio e simplesmente ir conhecer a cidade que morava haviam nove anos. O choque para os vizinhos foi grande mas JiMin pouco se importava, apenas andava observando tudo atentamente.JiMin foi até uma praça pública, algo familiar, depois de andar mais um pouco naquele lugar, sentou-se num dos bancos dali e observou, não muito ao longe, um garoto, de aparência abandonada e expressão cabisbaixa, notou também uma garotinha que se soltara da mãe e correra a catar uma florzinha amarela, viu a pequena ir até o menino com certeza mais velho e entregou a flor, num gesto simples, o dizendo para não ficar triste. JiMin viu o belo sorriso do desconhecido e sorriu junto a ele, porém, assim que a criancinha inocente foi arrastada pela mãe, a expressão do menino se contorceu e transfigurou-se em uma face chorosa, logo os olhos vermelhos começaram a se derramar em lágrimas.
A atitude de JiMin foi se levantar e sentar-se ao lado do jovem, ele notou que este não cheirava tão bem, mas mesmo assim, numa fala quase muda o perguntou:
– Por que estás a chorar?
Silêncio... nada mais era ouvido além do farfalhar das folhas verdes nas árvores, essas que eram balançadas pelo vento gelado daquela manhã.
– Por que veio conversar comigo?
JiMin abaixou a cabeça. Ele não deveria se importar, mas ainda sim, se importava, JiMin não teria a mesma insensibilidade que todos que o viram chorando a beira mar e pouco se importavam, ele tinha um senso de humanidade.
– Sei que não deveria ter lhe perguntado... desculpe, eu apenas me preocupei, sem certo motivo e...
Sua voz saía baixa e diminuía cada vez mais quando se desculpava.
– Me desculpe por ser tão rude. É que normalmente não falam comigo... eu me sinto transparente no meio de toda essa gente.
Ele agora olhava intensamente para JiMin com seus olhos vermelhos.
– Começarei com uma pergunta mais comum então... – Sorriu fraco – qual seu nome?
– Kim TaeHyung. – Sua voz era grossa, não despercebida por JiMin, assim como seu rosto magro. – Qual o seu?
– Eu sou Park JiMin! – Se apresentou animado, estava fazendo um amigo e via que isso era bom. Apertaram-se as mãos, uma ossuda e calejada, outra pequena e macia.
– Muito prazer, Park JiMin, por virdes falar comigo, agora choro de felicidade por não ser mais um fantasma no meio dessa vila abandonada pela humildade. – Sorriu triste, olhando para JiMin, este que apenas apertou mais a mão de seu mais novo conhecido, tendo seus cabelos bagunçados pela brisa gelada que trazia consigo algumas folhas secas.
– É um prazer conhecê-lo também, Kim TaeHyung, pois graças a ti, tenho agora alguém com quem compartilharei a agonia de viver pacatamente.
Então sorrindo um para o outro se olharam.
Sorrir... ato tão simples, levantar os músculos da cara e por-se a mostrar seus dentes para quem quisesse ver, ato besta, porém, que fazia falta na vida de ambos os adultos no balanço de um parque de praça inabitado, gesto ridículo que, se não praticado, faria total diferença na vida infeliz de quem fosse.
Sorrir, gesto importante que, mesmo em meio a lágrimas, traz diferentes sensações. JiMin e TaeHyung, depois desse dia jamais esqueceriam a importância desse simples gesto.
– Eu chorava, cresci chorando, pois a solidão me rodeava de espinhos dolorosos em meio a essa vida amaldiçoada, mas agora, sinto que essas rosas finalmente vão desabrochar e eu continuarei sorrindo. – Foi a resposta final de TaeHyung.
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Spring Days ♡ Kth + Jjk + Pjm
FanfictionNinguém sabia ao certo o que pensar daquele garoto pequeno que vivia na areia da praia deserta. Ninguém sabia ao certo o que fazer com aquele garoto que sempre tentava deitar-se na linha do trem. Ninguém sabia ao certo como fazer aquele garoto parar...