"Se nada nos salva da morte, pelo menos que o amor nos salve da vida."
— Javier Velaza
[...]
Peeta sentia o ar se tornar escasso em seus pulmões, assim como também sentia seu coração bater fortemente contra sua caixa torácica, dando a ele a leve impressão de que o mesmo poderia sair de seu peito a qualquer momento. Sua boca estava seca e suas mãos soavam. Ele torcia com todas as suas forças para que o que acabara de ouvir não fosse verdade, e sim, somente uma peça sendo pregada pela sua mente fraca e idiota. Contudo, o olhar sério que o homem a sua frente lhe direcionava provou-lhe que aquele pesadelo era mesmo real. Ele achou que toda a angústia e sofrimento que vinha sentindo durante aqueles cinco meses valeriam a pena se no final ele fosse curado, mas agora, tudo o que ele sentia era sua esperança ser esmagada pela triste e sufocante verdade de que o tratamento não havia surtido efeito, e que a partir daquele momento seus dias de vida estavam mais do que contados.
— Peeta, querido, você está bem? — Evelyn perguntou com a voz embargada, preocupada com o silêncio do filho.
Peeta piscou algumas vezes tentando reprimir as lágrimas, mas foi uma tarefa inútil já que as mesmas – sem a sua permissão – já banhavam suas bochechas.
— Então é isso? — perguntou ao homem sentado a sua frente — Você me diz que vai ficar tudo bem. Que tudo vai se resolver. Dá-me esperanças... mas para quê?! Para depois tirá-la de mim e dizer que a droga do tratamento não sutil efeito e que eu vou morrer?! — cuspiu as palavras com raiva, sentindo o gosto salgado das lágrimas entrarem em contato com seus lábios — Você é um mentiroso, Doutor! A porra de um mentiroso! — Peeta levantou-se da cadeira exaltado e Evelyn o acompanhou, pondo a mão em seu ombro para tentar acalmá-lo.
— Querido, por favor, acalme-se. — pediu docemente, mesmo que por dentro estivesse destruída. Ela, assim como Peeta, também tinha esperanças de uma cura e saber que não haviam conseguido a estava matando.
— Sr. Mellark, eu realmente sinto muito... — começou Haymitch se pondo de pé — Mas como eu havia dito meses atrás, seu Aneurisma Cerebral é de um tipo raro, da qual fazer uma cirurgia seria muito arriscado devido ao seu tamanho, por isso optamos pelos medicamentos. Eles reteriam o crescimento e impediriam o Aneurisma de se romper. Entretanto, eles não surtiram efeito e... Olha, eu estou me sentindo um lixo por ter dito a vocês que ficaria tudo bem. Eu errei, sei disso, mas infelizmente não a mais nada que eu possa fazer. Eu queria muito Peeta, muito mesmo que você se curasse e que pudesse viver uma vida saudável e feliz, mas... a casos que não estão ao nosso alcance, mesmo sendo médicos. — disse calmamente, mas estava se sentindo horrível por não ter conseguido ajudar Peeta. Ele era somente um garoto, tinha tanto ainda para viver. Mas a vida era imprevisível e quando menos se esperava ela lhe dava uma baita rasteira.
— Obrigado, Doutor... — Peeta sorriu sarcástico — Obrigado por absolutamente nada! — completou movendo o corpo e saindo em passos rápidos do consultório.
Ao fundo pôde ouvir os gritos de Evelyn, pedindo para que ele parasse, mas ele não parou. Ele não queria parar, só queria que aquilo terminasse, só queria poder abrir os olhos e acordar daquele maldito pesadelo. Quando seus pés alcançaram o lado de fora do enorme hospital, Peeta correu, correu cegamente pelas ruas, sem saber ao certo para onde ir. Mas naquele momento tudo o que ele mais queria era simplesmente desaparecer.
Uma vez estavam Cato, Finnick, Gale e ele na casa de férias de seus pais. Era início de verão, estavam todos bebendo e resolveram ir para a cachoeira. Ela tinha pelo menos três metros de altura e a correnteza estava bem forte, contudo, Peeta não ligou muito para isso e pulou mesmo assim. Ele tentou ao máximo ser cuidadoso na queda, mas não adiantou muito e seu corpo bateu com força contra as pedras que estavam no fundo. O baque foi tão forte que ele sentiu o ar sumir completamente de seus pulmões fazendo com que ele mal conseguisse respirar. Seu nariz ardia por não ter prendido a respiração ao saltar e um frio doentio lhe sobia pela espinha, fazendo com que ele ficasse completamente imóvel e entregue aquela estranha sensação. Ele chegou a pensar que nunca mais haveria de presenciá-la novamente depois de ter sido resgatado, mas estava completamente errado. Ele podia senti-la agora, ainda mais crua, fria e doentia do que antes, como se acabasse de saltar de um avião sem paraquedas. Indo direto para a morte.
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The Last Christmas
FanfictionTalvez para você exista um amanhã. Talvez existam mil ou dez mil amanhãs. Mas para alguns de nós só existe o hoje, o agora. E é surreal a forma como o tempo passa tão rápido, em como pessoas entram e saem constantemente de nossas vidas. É tudo tão d...