Por incrível que pareça, o Orgulho dos Mares não teve dificuldade em se aproximar do navio inimigo em meio a tempestade que começava.
Ao atingir um distancia próxima virou de lado e sua tripulação passou a atirar ganchos presos em cordas que se enroscaram na amurada do Donzela Azul e passaram a fazer força para a puxar o navio, porém não podiam se aproximar muito, apenas o suficiente para erguerem pontes para atravessar, o incêndio causado pelo mastro crescia mesmo em meio a chuva.
– Precisamos ser rápidos marujos! –Eleanora gritou– Se aquele incêndio alcançar o porão com as reservas de pólvora, todo o navio explodirá com todos nele.
Os homens gritaram em puro entusiasmo, e com isso alguns saíram do porão carregando tábuas largas de madeira, e as deitaram em ambas as amuradas dos dois navios e começaram a atravessar empunhando seus sabres, pistolas e mosquetes.
Daren sempre fazia uso de dois coldres com pistolas e um florete que pertenceu a seu pai ainda em bom estado.
Ele colocou a amuleto da tempestade em seu pescoço e se juntou a sua tripulação, atravessou a ponte, porém, a tripulação inimiga não ficou para trás, assim que notaram a abordagem do Orgulho dos Mares, tentaram em vão ir até as tábuas e chuta-las para fora, pois a tripulação de Daren impedia que isso fosse feito.
Dois homens correram na direção de Daren, o primeiro tentou desferir golpe vertical, mas Daren foi mais rápido e aparou o golpe com o seu florete e com a outra mão livre, puxou uma de suas pistolas e colou no queixo do inimigo disparando logo em seguida, o inimigo cambaleou caindo morto, logo notou outro inimigo ao seu lado preste a lhe atacar, tentou desviar-se, mas desta vez falhou, o golpe acabou arrancando de suas mãos o florete que foi arremessado para o outro lado do convés.
O inimigo encostou a ponta do sabre no pescoço de Daren, estava prestes a dar um golpe final, quando uma bala de mosquete atravessa a lateral de sua cabeça, ele solta a espada e cai morto para o lado, Daren voltou-se para local de onde vinha o tiro e lá estava Eleanora com um mosquete em punho, cujo o cano fumegava, sem perder mais tempo, ela perfurou repetidas vezes a barriga de uma inimiga que vinha em sua direção com a baioneta*.
Daren suspirou de alívio e correu em direção a popa e pegou seu florete do chão, logo ele ouviu um barulho de explosão vindo da direção oposta, o incêndio alcançou mais barris de pólvora na proa, não demorou muito para que o navio começasse a inclinar nessa direção, mesmo em meio as ondas altas, a tripulação de Daren lutava bravamente enquanto que a inimiga parecia mais em pânico do que qualquer outra coisa.
Com um chute, Daren arrombou a porta da cabine do capitão, o mesmo se encontrava lá, com um pergaminho em mãos, o mapa. Era um rapaz que aparentava por volta dos 25.
– Renda-se e o salvaremos do afogamento, como nosso prisioneiro! –Daren exclamou.
–Nunca me renderei a seres imundos que nem... –Ao voltar-se para Daren reconheceu seu rosto– Espere um momento, eu já o vi antes...
Foi então a vez de Daren o reconhecer, o capitão do navio não era um homem qualquer, mais sim o filho do comandante de toda a marinha imperial.
– Você é Sebastian Wolfcott! -Daren exclamou.
– E você deve ser Daren Thornel... embora seu pai nunca tenha entrado na marinha, seu nome ficou conhecido nesse meio, assim como o seu..., porém, nunca imaginei que fosse capaz de se juntar ao maior inimigo imperial –Disse e apontou para o amuleto de Daren, e no mesmo instante pegou uma garrafa de tinta que havia em sua escrivaninha e arremessou na direção de Daren.
O mesmo se desviou, porém foi tempo o suficiente para Sebastian avançar em sua direção, Daren puxou o florete, o inimigo fez o mesmo e assim começou uma luta entre espadas. Sebastian matinha o pergaminho guardado em seu bolso, Daren precisava pensar rápido, porém, nem isso era suficiente porque o adversário era anos mais experiente que ele, e com um golpe colocou Daren contra uma mesa na lateral da cabine, Daren tentava aparar o golpe de Sebastian com sua espada, e o inimigo por sua vez estava prestes a puxar uma pistola para pôr um fim nisso.
Porém, Daren era mais esperto e antes que Sebastian puxasse sua pistola, com sua mão livre, agarrou um castiçal com uma única vela acesa na mesa e o usou para atingir com violência o olho do inimigo, Sebastian se afastou e urrou de dor.
–Me entregue o mapa! –Daren berrou em fúria.
Sebastian não se deu por vencido e desferiu um corte rápido no braço de Daren, e ele estava prestes a repetir o golpe quando Daren avançou sobre ele e deu-lhe um soco, o inimigo cambaleou para atrás e a bateu contra a parede, Sebastian caiu de joelhos no chão, Daren aproveitou a chance, para agarra-lo pelos cabelos e bater sua cabeça com força contra a quina da mesa, com o inimigo desacordado, ele pegou o pergaminho e saiu da cabine.– Voltem para o navio! –Berrou.
A ordem não precisou ser repetida, quase toda a tripulação inimiga estava morta ou gravemente ferida, o navio já estava sendo tomado pelo fogo, no fim tinham conseguido a vitória por um triz, o Donzela Azul era engolido pelas ondas, e a tempestade se aquietava.
Tudo graças ao amuleto.--------
Notas finais:
O que acharam do capítulo? A primeira de muitas batalhas que ainda ocorrerão no livro, espera que estejam gostando e continuem acompanhando a história, e como dito as legendas estarão logo abaixo.
Baioneta: Lamina pontiaguda de dois cumes, comumente presas na ponta dos mosquetes para o caso de combate corpo a corpo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Tempestade
ФэнтезиCansado de arriscar sua vida em nome da coroa imperial e não receber nenhum reconhecimento por isso, o jovem capitão Daren Thornel acaba sendo abordado por uma jovem misteriosa chamada Mary Anne, que o convida para fazer parte da "Tempestade", a irm...