A Tempestade

Cap.4 Salamar

A viagem demorou mais tempo que o esperado, com as velas danificadas, foi preciso substituir por outras, foi preciso um mês e mais uma semana para finalmente chegar ao arquipélago.

A água pela qual o navio passava já não era mais azul escuro, agora estava puramente clara. Já não estavam mais em Euria, o velho continente, agora se encontravam no continente de Meridia, um lugar belo, tropical, com riquezas exóticas, a maioria dos reinos em Euria passou a investir na construção de colônias para a exploração de tais recursos, dia e noite, navios carregados de suas riquezas velejam rumo a Euria para comercializar os recursos a preços exorbitantes, não era de se admirar que a irmandade se situasse em tal local, mesmo em meio aos perigos existentes neste misterioso continente, como monstros marinhos ou mesmo tribos de canibais não eram um problema, contanto que pudessem usufruir das riquezas do novo continente.

– Foi uma grande vitória, não perdemos ninguém, só alguns estão em estado grave, mas Morrigan já cuidou para que eles se recuperasse –Eleanora comentava enquanto enfaixava o braço de Daren.

– Eu e os rapazes consertamos o navio como pudemos, tapando alguns buracos e repondo as velas por algumas sobressalentes que tínhamos, mas para ser sincero o navio está parecendo um cortiço –O homem musculoso afirmou.

– Não fale assim de nosso querido navio Will! –Eleanora repreendeu– Não que seja uma mentira, mas pelo conseguimos nos salvar e quem sabe entregando o mapa eles não ofereçam alguma recompensa.

Nesse exato momento Morrigan entra pela porta carregando uma caixa com frascos multicoloridos.

–Como estão as coisas? –Ela pergunta ajustando de leve a saia de seu vestido.

–Todos bem e com vida, perdemos algum marujo? –Daren pergunta se levantando de sua poltrona.

– Não, todos os gravemente feridos se encontram em estado de recuperação graças as minhas poções –E com isso voltou seu olhar para o amuleto de Daren– Teria sido pior se o amuleto não tivesse causado aquela tempestade.

– Acham mesmo que foi o amuleto? –Will pergunta em deboche.

– Às vezes tua descrença me impressiona –Morrigan retruca revirando os olhos– Tempestades não surgem do nada e muito menos se esvaem do nada, e a que vimos fez isso, eu já ouvi falar em feitiços para alterar o clima, transformar um dia ensolarado em uma chuva torrencial, mas não em uma tempestade.

–E acha que isso foi por causa de um colar?

–Então me explique senhor Willian Jones, como a tempestade danificou apenas o navio inimigo e não o nosso? –Morgan perguntou já entre dentes.

–Não comecem! –Eleanora exclama.

Morrigan e Will trocam olhares de raiva, mas logo se aquietam.

Não era e primeira e nem a última vez que os dois discutiam, talvez porque Will era um veterano nos mares e Morrigan uma moça inteligente nas artes místicas, e um queria mostrar que sabia mais que outro de tempos em tempos.

Então Daren lembrou-se de quando Eleanora o salvou de ser morto.

– A propósito –Disse voltando seu olhar para ela– Obrigado por me salvar Nora.

Ela por sua vez, sorriu e o encarou.

–Não há de que, sei que um dia poderá retribuir, de qualquer forma, acho melhor sairmos para o convés, creio eu que devemos estar próximos do arquipélago.

Eleanora Collins era a melhor amiga de Daren desde sua infância, uma moça de cabelos castanhos e olhos cor âmbar. Antes se tornar quartel mestre do Orgulho dos Mares, era aprendiz de um mercador de vinhos, a principio aceitou tal aprendizado por ordem de seus pais, mas quando recebeu o convite de Daren para se juntar a sua tripulação, não pode deixar de dizer sim, em nome de sua amizade e também por amor ao mar, amor por uma vida cheia de aventuras, algo que desagradou sua família, embora com certa tristeza, ela não se importava , nunca se entendeu com sua família mesmo, um monte de pessoas interesseiras, arrogantes e mesquinhas. Para ela sua verdadeira família era a tripulação do navio, ambos trabalhando juntos, para manter o navio que os une flutuando.