Capítulo 3

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Depois da informação de fazer parte da mesma universidade de Changkyun, me peguei frequentemente procurando por ele pelo campus. A SNU, no entando, era grande o suficiente para desencontros acontecerem toda hora. E também vale lembrar que ele mesmo disse que perderíamos nossa 'coisa' caso começássemos a nos encontrar pelo campus, o que me deixou paranóico pensando na possibilidade de ele já ter me visto muitas vezes.

Meus dois melhores — diabretes — amigos notaram esse meu comportamento uma semana depois quando, no intervalo do almoço, eu ficava virando o rosto para trás como se estivesse sendo seguido por agiotas, quando na verdade estava procurando por ele.

— É quase insuportável. Você fica paracendo um pombo. — Momo me respondeu quando perguntei se era tão óbvio. — Por que não podemos saber o nome dele?

— É! Por quê? — Minhyuk cruzou os braços.

— Porque vocês são dois fofoqueiros que vão sair procurando-o até encontrar, e aí minha vida vai se tornar o próprio Inferno de Dante!

— Mas não é justamente isso que você quer? Encontrá-lo? — Momo perguntou.

— Quero vê-lo. Posso encontrá-lo toda madrugada no McDonald's em frente a minha casa.

— Você é muito complicado, garoto, Deus me livre! — Minhyuk bufou. — Tá, temos meia hora pra ir e voltar, o que vocês querem almoçar?

— Qualquer coisa que não seja McDonald's — Momo disse.

— Você é ridícula. — Revirei os olhos e ela retrucou me chamando de ridículo também.

Concordamos, por final, em almoçar o jajangmyeon da loja de conveniência da esquina. Saltitantes e falantes, entramos na loja e cumprimentamos o senhor que sempre ficava no caixa (Minhyuk cismou que ele é um lagarto há pouco mais de um ano e nunca mais o cumprimentou olhando diretamente nos olhos) e fomos andando até a prateleira dos instantâneos. Momo sempre teve tendências duvidosas e pegou um pacote de lámen extra apimentado para ela; eu e Minhyuk fomos com a ideia inicial.

Lojas coreanas de conveniência são extremamente vantajosas quando se trata de comida instantânea. Podíamos esquentar água e comer o macarrão na loja mesmo; e é claro que fizemos isso. No tempo em que eu disputava com Minhyuk de quem o macarrão ia ficar pronto primeiro, o sininho da porta da loja tocou, chamando minha atenção.

Lim Changkyun, com toda sua graça e gostosura triplicada pela combinação de cores extremamente agradável de suas roupas casuais, acompanhado de um ex-peguete de Minhyuk, havia acabado de entrar.

Virei o rosto tão rápido que quase fiquei tonto.

— Surtou? — Minhyuk perguntou, e eu fiz um "SHHHHHHHH" eterno e desesperado para ele. — Quê?!

— Seu ex-peguete tá aqui, criatura barulhenta!

— Mas você sabe que eu não ligo pra ex-peguetes! 

— Aposto o preço do meu macarrão que é o tal do atendente junto dele — Momo se intrometeu no meu surto com um sorriso debochado.

— É, é ele sim, satisfeitos? — Admiti, escondendo ainda mais o rosto quando ouvi as vozes deles duas prateleiras antes de onde estávamos.

— Não acredito que você tá paquerando Lim Changkyun — Minhyuk riu. — Você não o acha novo demais não?

— Desencana! Apenas três anos de diferença. E ele é um doce.

— E por que você ainda não o chamou pra sair? Do jeito que você se refere a ele como uma criatura etérea fora do seu alcance, quase pensei que você estava paquerando o Kim Junmyeon. — Momo observa.

— Tá doida? Junmyeon é compromissado! E Changkyun é sim uma criatura etérea, ok?

— Mas não é nada fora de alcance. Eu mesmo já o chamei pra sair — Minhyuk disse enquanto calmamente misturava seu jajangmyeon. — Ele é bem educado. Recusou com tanta gentileza que eu quase disse "de nada".

Ficamos os três em silêncio enquanto misturávamos os devidos condimentos de cada macarrão. Momo, depois de comer quase metade daquela bomba atômica de pimenta e carboidrato, ao mesmo tempo em que Changkyun e o amigo haviam ido embora, me olhou com aquele olhar assustador e assassino.

— Se você não chamar esse garoto pra sair até o final da semana, eu mesma vou dizer que você quer sair com ele. Na cara dele. E com você ao meu lado.

— Precisa ser agressiva assim?

— Com você é só desse jeito, seu tonto.

Então, aparentemente, eu precisaria reunir coragem para chamar Changkyun a um, digamos, encontro, ou então Momo chamaria por mim. É quase ridícula a falta de escolha que me foi feita. Mas ao menos ela não me mataria, ou Minhyuk enfiaria aquele dedo-de-diabrete-que-só-faz-merda na situação.

— E Minhyuk vai me ajudar também — ela completa.

Retiro o que eu disse.

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