Capítulo 4

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Procrastinei e fugi do assunto sobre chamar Changkyun para sair até sexta-feira, quando Momo disse que, se não fosse hoje, seria na segunda-feira quer queira eu ou não. Não tinha escolha mesmo. O famoso 'agora ou nunca', mas sem a parte do nunca. Então eu me arrumei, penteei o cabelo de um jeito que não parecia que eu havia penteado propositalmente e atrevessei a rua. O resto vocês já sabem. Bem como sempre, Changkyun estava lá.

— Qual é o pedido de hoje?

— Sua companhia num encontro. Amanhã.

Meu plano não era bem esse; esse era o plano de Minhyuk. Mas vocês não podem me culpar! Eu não funciono bem quando estou nervoso e Changkyun aceitou muito facilmente, inclusive. Ele corou um pouco quando eu disse aquela sentença estúpida e impensada. Foi adorável, talvez tivesse sido mais se eu não estivesse igualmente vermelho e suando e sentindo coisas que não deveria sentir tanto aos meus vinte e três.

Bem como combinado, no sábado, o dia seguinte, a manhã foi repleta de atiçamentos por parte de Momo e Minhyuk na universidade, um meio turno no Starbucks pela tarde e o resto das horas que me sobraram até a hora do encontro de eu surtando e me arrumando e rearrumando.

Pela graça do Universo, Changkyun estava de pé em frente ao McDonald's como combinamos. Todo bonito e charmoso como da vez que o vi na loja de conveniência mas dessa vez com um extra que facilmente poderia ter me matado do coração: cabelo preto.

Se o fato daquele piercing na sobrancelha dele existir já me tira um pouco do sério, agora o cabelo preto vai tirar de vez. Por que diacho esse filho da mãe consegue ser tão mais bonito que o país inteiro junto com qualquer coisinha que ele faz? Nem Freud explica.

— Olá — ele sorriu pra mim quando me aproximei o suficiente. — É estranho te ver estando fora do trabalho.

— Acredite, é estranho em dobro pra mim. Você fica... diferente, sem o uniforme e tudo mais — quis chamá-lo de gostoso, okay? Admito. Mas vamos com calma.

— Espero que seja um diferente bom. Gostou do meu cabelo? — Ele balançou a franja recém-cortada. Estava mais harmônico e lindo do que nunca.

— Ficou muito bom. Você que pintou?

— Sim. Comprei a tinta naquela loja de conveniência perto da SNU, naquele dia.

— Naquele dia...?

— Não pense que eu não te vi lá, Kihyun. Eu enxergaria esse cabelo bagunçado de longe.

Corei tão forte nas orelhas que meu Deus, quase as senti derreter. A sorte é que estava ventando frio e eu poderia facilmente culpar tal fenômeno. Changkyun percebeu minha falta de jeito e rapidamente se aprontou em pedir desculpas em caso de ter falado algo errado.

— Não, não, eu meio que te vi também — eu disse, na tentativa de acalmá-lo. — Eu vou ser sincero: estive te procurando pelo campus a semana toda. Mas você disse aquilo sobre podermos perder nossa 'coisa' e isso me deixou grilado da vida.

— E aí você presumiu que eu realmente estava resumindo nossas interações a madrugadas que te convenham de ir ao McDonald's. É sério, Ki? — Changkyun riu, apertando minha bochecha. — Não leve tudo que eu falo tão a sério. É óbvio que aprecio muito o fato de termos nos conhecido aqui — ele aponta para o estabelecimento ao nosso lado —, mas isso não significa que sempre teremos que ficar aqui.

Sim, eu sei disso. Tenho esse problema de levar tudo muito a sério, sabe — eu ri. Não estava tenso de maneira alguma, por mais que tudo na situação fornecesse brecha pra tal sentimento. — Te vi na loja de conveniência e quase tive um treco. Fiquei te procurando a semana toda e quando finalmente te encontrei, quis fugir. Vá saber.

— Mas você acabou me encontrando de um jeito ou de outro, não foi? Aqui estamos, perdendo o tempo precioso do nosso encontro discutindo bobagens como o fato da SNU ser enorme ou você ser péssimo em entender duplo sentido.

— E há algum duplo sentido que eu deveria entender?

— Não sei — Changkyun deu de ombros muito sugestivamente e eu, desacreditado, revirei os olhos.

— Como você mesmo disse, estamos perdendo nosso tempo precioso parados aqui. Vamos andando logo. Estou congelando.

— Poxa, eu jurava que suas orelhas vermelhas eram de vergonha!

Ah, Changkyun, e são mesmo.

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