Capítulo Nove

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  Camila acordou, ciente de que não estava a, e logo ficou irritada por um momento. Não tinha certeza de onde estava, mas aquilo não era novidade.  Ela voava por todo o mundo
regularmente e tinha casas em várias cidades. Não saber exatamente em que lugar do mundo estava não era necessariamente incomum. No entanto, acordar com alguém aconchegada em seu peito era.

Por um momento, ela se perguntou onde estava com a cabeça para convidar alguém para passar a noite com ela. Aquilo tendia a levar a todos os tipos de frustrações e confusões
irritantes, coisas que ela havia decidido que estariam fora de questão para ela com o passar do tempo.

  Então a memória se reestabeleceu, e quase que imediatamente ela se encontrou relaxando nos travesseiros novamente. A luz fraca da madrugada que atravessava as persianas lhe permitiu inspecionar a garota encolhida ao lado dela, e quase contra sua própria vontade, ela se viu
sorrindo um pouco.

  Já sob a luz da manhã, ela decidiu que Lauren era adorável. Ela parecia ainda mais jovem dormindo do que quando estava desperta. Seu cabelo castanho escuro estava espalhado de forma esplendorosa sobre os travesseiros, e seus cílios surpreendentemente escuros lançavam sombras sobre as bochechas.

Bem, suponho que esteja na hora de perceber que estou um pouco a fim dela, ela pensou com uma careta.
Havia algo completamente natural sobre a garota que lhe daria um filho.
Outras mulheres que conhecia teriam odiado a ideia de serem observadas por ela daquela forma. Elas teriam
ficado horrorizadas se as assistisse dormindo, suspeitando que catalogasse todas as suas falhas.
Mas Lauren não era assim. Ela se perguntou o que a atraía nela, o que a fazia querer sorrir para ela.

Camila balançou a cabeça, descartando o pensamento. Era provável que ela fosse tão
estranha para ela, que conhecia pouquíssimos artistas, menos ainda mulheres artistas, que queriam
abrir o próprio negócio envolvendo sua arte. Lauren era exótica, uma brilhante chama colorida na
vida dele, até então razoavelmente ordenada. A ideia de que ela floresceria por um tempo em
sua vida, e depois ela poderia voltar a viver como antes, agradava-lhe. E Karla ignorou decididamente a voz nos fundos de sua mente que gritava a respeito da ideia de abrir mão dela,
porque aquilo seria uma grande tolice, não seria?

  Seu trem de pensamentos foi descarrilado quando percebeu que Lauren estava olhando para ela com aqueles olhos verdes puros.

"Bem, bom dia", ela retumbou, e Lauren sorriu. Foi um sorriso doce, que fez o coração dela bater
um pouco mais rápido, e ela sorriu como resposta.

"Eu não sei o que fazer agora,Camila...", ela disse, com sua voz quase como um sussurro.

A mulher franziu a testa.
"O que você quer dizer?"

"Bem, eu não sei o que as pessoas fazem na manhã seguinte, depois de passarem a noite juntas", disse ela, com um pequeno toque de agonia em sua voz. "Quer dizer, eu já vi em
programas de televisão, é claro, e eu sei que algumas pessoas saem de fininho, mas isso não parece apropriado, não é? Eu... eu não sei o que acontece agora, e não quero me envergonhar ou ser um incômodo..."

Camila não conseguiu conter o riso, mas se acalmou quando ela ficou indignada.
"Você se preocupa demais", ela disse, acariciando o topo de sua cabeça. Deus, ela cheirava tão bem.

"Eu apenas não quero fazer algo errado", ela disse, de alguma forma  desafiando a mulher ao seu lado, o que a deixou mais cativante.
Por mais que Lauren fosse calma, às vezes Karla pensava nela como um falcão, pronto para arrancar o olho de alguém que a deixasse zangada.

"Você está me apresentando uma oportunidade interessante e rara", disse ela. "Suponho que
você tomará tudo o que eu falar como fato, e depois disso terá hábitos que apenas eu influenciei..."
Seu queixo tomou uma inclinação notadamente adorável e teimosa.

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