O BEBÊ DA MILIONÁRIA

Capítulo Um

"Senhora, vamos nos aproximar da zona de salto em apenas quinze minutos."

Karla Esrtrabão acenou para o instrutor de salto, franzindo a testa, enquanto os soluços continuavam no outro lado da linha.

"Ariana, não posso falar agora. E como deixei perfeitamente claro duas noites atrás, não temos mais nada a dizer uma ao outra".

Ela ouviu o choro aumentar de volume e cerrou os dentes. Havia tentado ser legal, mas aparentemente Ariana Grande, não era uma mulher que respondia bem a isso. Ela nunca foi uma mulher que teve muita paciência ou delicadeza, então isso significava que provavelmente era hora de ir direito ao assunto.

"Ariana. Já chega." Havia rispidez suficiente em seu tom para interrompê-la, e aquilo foi, no
mínimo, um alívio.

"Certo, Ariana. Deixe-me ser perfeitamente franca sobre isso. Você não é interessante o suficiente para prender minha atenção e, querida, se você não consegue prendê-la por pelo menos três semanas, o que a faz pensar que eu poderia querer me casar com você?"

Suas palavras bruscas causaram alguns resmungos irritados, mas pelo menos aquilo era muito melhor do que as lágrimas excessivamente dramáticas que ela estava derramando até então.

"Ligue para mim novamente e, acredite, você verá o tipo de babaca que posso ser. Conte com isso."

Ela sorriu quando Ariana começou a soltar palavrões e desligou, bloqueando seu número com
um movimento do dedo.

O instrutor de salto a observou com uma sobrancelha levantada, e Karla encolheu os ombros.

"Algumas mulheres não sabem quando ir embora", ela disse com um risinho, e o homem deu de ombros.

"Eu não sei o que é isso, Sra. Estrabão”

Ele provavelmente não sabia. Listada como uma das mulheres mais ricas dos Estados Unidos
pela Fortune 500, Karla tinha tantos problemas com a maioria das mulheres que eles poderiam
preencher um livro. Todas ficavam muito impressionadas com o dinheiro  dela e, pelo menos as que
conheceu, também ficavam excessivamente preocupadas em tomar conta de tudo aquilo.
Ela não chegaria tão longe a ponto de dizer que todas as mulheres eram interesseiras, mas havia se
encontrado com mulheres o suficiente para dar pelo menos um palpite educado de que a maioria
era assim. Mas Karla  deixava isso de lado. Gostava muito das mulheres quando estavam em um
espaço reservado com ela.O resto de sua vida não cabia a elas, e ela tinha todo o interesse em
manter as coisas assim.

"Certo, senhora, está preparada para o seu primeiro salto solo?"

"Absolutamente", disse Karla com confiança.
As coisas na sala de reuniões tinham sido tão estressantes ultimamente que a única coisa que parecia mantê-la seguindo em frente era a ideia de estar em queda livre.
Havia começado a praticar paraquedismo há um ano e, entre uma coisa e outra, ainda não tinha conseguido dar o
seu primeiro salto solo, pelo menos não até aquele momento.
Ela repassou todas as preparações com o instrutor e, poucos momentos depois, estava pronta
para saltar.
  Karla sabia como seria. Haveria a aceleração da adrenalina por se lançar no ar, e tudo acabaria mais cedo do que poderia parecer. Em meia hora, ela voltaria a uma limusine,
seguindo para o clube noturno naquela noite, mas antes disso...
Antes disso, ela voaria.
Às vezes, pensava que isso valia mais do que tudo.

Eles chegaram à zona de salto e, com uma respiração profunda, ela se lançou do avião sob comando do instrutor. Saiu do avião atingindo 195 quilômetros por hora, enquanto despencava em direção à Terra. Todo o corpo se encheu de adrenalina e de uma alegria intensa ao experimentar o que poucos seres humanos já haviam experimentado.
Como havia sido treinada para fazer, ela alcançou a corda de abertura que desdobraria o
seu paraquedas, dando-lhe um forte solavanco. Isso abriria o paraquedas preto, deixando-o
flutuar durante o quilômetro e meio final, até chegar ao chão... Ou pelo menos era assim que
deveria ter acontecido.
Em vez disso, a corda travou, ela continuou a despencar e seu cérebro quase ficou vermelho
de surpresa e pânico.