Capítulo Cinco

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Lauren esfregou a cabeça com força, enquanto Karla a observava. Ela ainda não havia conseguido superar o que tinha acontecido naquela tarde, ou o que aconteceria agora. Podia
sentir uma dor surgindo atrás de seus olhos, como se uma forte dor de cabeça estivesse por vir,mas ela se recusou a parecer fraca ou frágil diante daquela mulher. Parecer fraca ou frágil na frente de Karla  Estrabão, ela pensou, era decididamente um erro.

"Mas por quê?" Ela perguntou, ciente de que parecia um pouco triste. "Por que você precisa de alguém para fazer isso?"

"Eu acredito que a papelada tenha deixado tudo bem claro", disse Karla com o que era,para ela, uma extrema paciência.
"Você vai agir como uma barriga de aluguel, e carregará meu filho em seu ventre. Depois que a criança nascer, você receberá o seu pagamento em troca da renúncia da guarda dessa criança, passando-a para mim."

"Sim, com aquele pequeno e horroroso adendo afirmando que, se a criança for uma menina, há um bônus para mim, certo?" Ela disse, incapaz de esconder sua surpresa à ideia. "Mas o que você não me disse é o motivo. Por que você precisa de uma barriga de aluguel?"

Karla ergueu uma sobrancelha para ela. Desde sua pequena explosão, há algumas horas, ela tinha se informado de forma rápida e completa sobre Karla, e o que ela fazia. Era difícil entender por que estava sentada na mesa de uma das mulheres mais ricas e poderosas do país, mas lá estava ela. O fato de aquela mulher poder comprar seu quarteirão mil vezes parecia incrivelmente abstrato para ela. Então, em vez de focar nisso, ela se concentrou em tentar entender toda aquela papelada em sua frente.

"Você quer dizer por que eu não adoto, por que eu simplesmente não me caso e tenho filhos da forma tradicional, por que não faço algo que não implique a gravidez de uma barriga de aluguel em troca de uma quantidade absurda de dinheiro?"

"Eu sei quanto dinheiro é isso", disse Lauren, balançando a cabeça. "Acredite, eu sei, e sei o que um milhão de dólares poderiam fazer por mim. Mas... por quê? Você não deveria procurar alguém do sexo masculino?"

Karla  ficou de pé e começou a andar. Lauren teve outro momento para perceber o quanto o corpo da morena era bem esculpido, notar cada centímetro daquela mulher rica e poderosa, que seguia até a janela, olhando para a cidade que se espalhava abaixo delas.

"Porque o nome do jogo é controle, Lauren,eu não gosto de homens ,pensei que você já tinha notado isso.", Karla disse, e havia um tom forte em sua voz.
"Porque no final do dia, em qualquer uma dessas outras situações, outra pessoa poderia reivindicar
a criança em questão. E isso seria detestável para mim. O que eu quero é ter um filho que seja completamente meu, que eu vou criar e cuidar."
Lauren olhou para suas costas, com a cabeça inclinada para um lado.

"Isso parece..."

"Assustador?"

Karla olhou para ela com um leve sorriso. Ela podia ver como aquele sorriso tinha conseguido tudo o que queria das mulheres no passado. Ela podia sentir seu próprio coração começar a bater um pouco mais rápido e disse a si mesma que isso era tolo e perigoso, para dizer o mínimo.

"Não", disse Lauren quando soube que podia falar sem que sua voz tremesse. "Solitário."

Houve uma fração de segundo em que a máscara encantadora se rompeu, e ela vislumbrou algo que parecia real, talvez muito real, debaixo de tudo aquilo. Lauren flagrou um momento de dúvida, um momento de hesitação e algo que parecia muito com saudade, antes de ficar tudo escondido novamente.

"Estou certa  de que sabe o que isso pode significar para você", Karla disse suavemente, como se não tivesse tido aquele pequeno deslize. "Com um milhão de dólares, você poderia começar... O que você queria, uma loja de doces, ou uma floricultura, ou algo assim?"

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