Capítulo Oito

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A suíte master era enorme e, ao contrário do resto do apartamento, tomado de esplendor barroco, era relativamente simples. O chão era frio e de mármore negro adornado com tapetes em tons de cinza, e quase que a única peça do mobiliário era uma enorme cama com dossel. Era
difícil imaginar apenas uma ou duas pessoas dormindo nela, porque ela mal caberia em todo o seu
apartamento em Chicago.
Lauren  notou tudo isso em um instante, porque no momento em que a porta estava fechada atrás delas, Karla a arrastou novamente para seus braços. Daquela vez, havia algo desesperado em seus beijos, algo que ela sabia que não seria adiado por qualquer coisa tão simples quanto o
clima, novamente. Aquilo despertou um calor interno, mas de repente ela não conseguia acalmar sua mente.
Será que ela consegue notar que não estou habituada a isso? Ela pensou.   Meu Deus, o que devo fazer? Tento despi-la? Tiro a minha própria roupa? Ela vai arrancar minhas roupas?
Os pensamentos giraram em sua cabeça e ameaçaram deixá-la tonta. Karla ainda a beijava, e ainda era muito bom, mas agora seu segredo tremia entre elas. Quando  poderia dizer a ela?
Quando isso pararia de parecer algum tipo de golpe que havia aplicado nela, algo que a faria mandá-la embora? Ela poderia continuar a beijá-la um pouco mais, pelo menos...?

Finalmente, no entanto, os pensamentos tomaram conta, e ela sabia que, se não fizesse algo,
mais cedo ou mais tarde iria acabar entrando em algum tipo de pânico.
"Eu... eu preciso usar o banheiro", gritou Lauren e, para seu intenso alívio, Karla Camila a deixou ir
com um olhar ligeiramente perplexo.

Uma vez que estava no banheiro da suíte master, ela fechou a porta e ligou a torneira, tentando voltar a respirar devagar e uniformemente.
Certo, ela pensou. Certo. Ela ainda não parece saber. Isso é bom. Isso é ótimo.

Ela olhou para o próprio reflexo no espelho e então fixou o olhar. Ela mal podia se reconhecer. No espelho, seus olhos pareciam muito mais escuros do que pensava que fossem, e seu
cabelo estava amassado como se estivesse tomado um vento forte.  Talvez o mais diferente fosse
sua boca, tão vermelha como se tivesse passado o batom mais forte que pudesse encontrar.
  Quando ela tocou os lábios gentilmente, quase gemeu porque ainda podia sentir a boca de Camila,
e então conseguiu imaginar as mãos dela sobre ela, correndo para cima e para baixo em seu
corpo, fazendo-a se sentir como se estivesse pegando fogo.
Para se distrair durante aquele momento, ela olhou em volta do banheiro. Seu apartamento
poderia facilmente caber dentro dele.   Havia um grande chuveiro onde parecia que a água caía do teto como chuva, a bacia da pia era de um cristal claro, mas talvez o mais impressionante fosse a banheira, afundada em uma plataforma de mármore e com acessórios de cristal.   

Duas pessoas poderiam caber facilmente naquela banheira, e ocorreu para Lauren que poderia caber mais gente ainda se ficassem perto uns dos outros. Ela se lembrou de alguns dos rumores de que tinha ouvido sobre Karla, e quase voltou a gemer novamente.
O que diabos eu estou fazendo? Lauren se perguntou. Ela vai pensar que eu sou uma idiota ingênua.
Bem, ela era uma idiota ingênua que havia sido bem paga para aquele serviço e, independentemente do quão nervosa estivesse ou do quanto desejasse ter tipo pelo menos um
namorado ou namorada antes disso, era algo com o qual tinha que lidar.    Quase no impulso do momento, ela
decidiu confessar. Você nunca pode errar dizendo a verdade, certo?
Ela lavou as mãos na água gelada para voltar a si e, erguendo o queixo, Lauren voltou para o quarto.

Karla  estava em pé junto da janela, olhando para a tempestade, mas se virou rapidamente quando ela apareceu. E a mulher começou a dizer alguma coisa, mas ela o deteve. Lauren se aproximou dela até chegar ao alcance do próprio braço e depois parou. Para seu alívio, ela não a provocou nem a questionou. Em vez disso, apenas olhou para ela com curiosidade, e ela se perguntou se podia sentir alguma compaixão em seu olhar.

"Obrigada por esperar", disse ela, dolorosamente consciente de que parecia estar em uma reunião de negócios. "Karla. Tenho algo a dizer. Estou preocupada que você possa levar isso a mal ou ficar com raiva, mas preciso dizer de qualquer jeito. Não é fácil, e..."

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