Não sei ao certo o quê escrever. Queria apenas desabafar. Queria uma letargia nos músculos. Queria que os dois dorflex e 25 gotas do similar de buscopan fizessem seu efeito. Queria apenas esquecer essa dor física que domina. Queria um outro sentido para continuar. Queria que o lado direito do peito não me desse pontadas agonizantes. Queria amigos verdadeiros. Queria suprir as necessidades do meu corpo. Queria não ter essa maldita compulsão agoniante, que sempre diz que nada vai da certo. Que destrói meus sonhos e diz que o mundo das letras não é pra mim. Que as artes que espalho são insignificantes. Que as pessoas que me buscam, não tivessem interesse apenas no que posso oferecer. Queria também ser como eles. Estar com eles por puro interesse. Pelo que podem me oferecer. Queria não dormir mais sozinha. Um corpo frio jazendo numa cama quebrada e ineficiente. Num corpo que aprisiona meus desejos e vontades mais incontidos. Tenho medo dos meus segredos, tenho medo do que já fiz, e das coisas que tenho vontade de fazer. Tenho contido os impulsos cleptomaníacos, talvez seja hereditário. Como podemos ser assim tão semelhantes?
Além de fisicamente, aprendi alguns dos teus defeitos. Seria defeito ou falta de caráter? Não sei. Sei que luto, todo dia para não sermos semelhantes em outros âmbitos, apenas em corpo, em aparência. Queria escrever sobre coisas, fatos e atos que não te descrevessem. Queria não ter mais pesadelos da suas ações. Sou vítima. Sou réu. Sou culpada. Somos culpadas. Somos deusas de nossos próprios sentidos. E de repente essa dor volta. Ou talvez ela nunca tenha partido. Sempre aqui. Apenas dor. Dias intensa, dias apática. Queria ser abduzida daqui. Queria que minhas cicatrizes fossem minhas e não suas. Queria que meu corpo tivesse minhas marcas e não as tuas. Queria coragem. Tenho sentido uma vontade, compulsória, de marcar meu corpo, um recomeço, uma dor induzida pela minha própria vontade. Algum controle. Algo que marque. Algo permanente. Algo que alerte que posso ter o controle de mim mesma. Queria não conhecer a dor imposta. Luto para não impor dor ao outro. Ás vezes é impossível. Agora os olhos cansaram. E a vontade de escrever se confunde com a dor, e com o sono. Talvez seja o efeito dos medicamentos. Ou a soma de meu corpo pedindo arrego. Alento. Apenas queria ...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Somente Algumas Palavras
Non-FictionAlguns textos, crônicas, contos, relatos, desabafos. As vezes, pode ser uma poesia, declamando um amor lindo e puro. Ou, algumas palavras verbalizando lágrimas que transbordam as máculas da alma. Nada além de algumas palavras soltas, no intuito d...