Cap. 8 - O Erro Fatal

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- Eu não sou a Lucinda, por favor me deixem ir embora. - A garota de pele clara, cabelos loiros e olhos verdes implorava em vão.

- Desculpe, querida, mas seu pai lhe prometeu em casamento para meu irmão, e se não se casarem antes da próxima lua cheia... - Emille engoliu em seco. - ...Pode ser tarde demais para ele. Você me entende?

- Estão cometendo um erro. Eu nao sou Lucinda. Apenas estava na casa dela esperando que ela ou Leonor voltassem. Eu estava apenas fazendo o favor de cuidar da casa enquanto a procuravam. - A menina falou aos prantos.

Infelizmente ninguém acreditava no que ela dizia. Infelizmente ela estava no lugar errado, na hora errada.

Já havia se passado três dias, e Johan não tinha voltado. Toda a matilha o procurou pela floresta e sem sucesso algum se separaram indo cada grupo pra uma vila ou aldeia próxima.

Ficaram só alguns poucos homens na taberna para proteger as mulheres caso fosse necessário.

Emille ouviu alguns burburinhos e saiu para verificar se os homens tinham voltado. Da porta de sua casa viu todo o Clã Epilef reunido diante de seu pai, que andava de um lado ao outro próximo a entrada da taberna. Emille olhou para trás e viu que a menina tinha adormecido depois de tanto chorar. Nas pontas dos pés saiu de casa e foi até os homens saber as novidades.

- Nós o encontramos próximo a Vila D'Ouro, estava desmaiado.

- Será que foi algum caçador? - O pai de Johan perguntou fitando o homem.

- Acredito que não, senhor. Não há ferimentos.

- O levem para minha casa. Ele precisa de descanso. - Klaus ordenou ao mesmo tempo que uma senhora entrou aos berros na taberna.

- DEVOLVA MINHA NETA, KLAUS! - Gritava a mulher já em idade avançada.

- Desculpe senhor, não conseguimos segura-la.

Dois homens altos e musculosos. Dois homens amaldiçoados a se transformarem em lobos. Tão forte quanto um homem comum não conseguiram segurar uma senhora?

- Deixem-a. - Klaus falou aos homens que a seguiam. - Vamos a minha casa, sua neta se encontra lá, e poderei te explicar tudo. - Se direcionou a mulher.

Os homens se espalhavam indo cada um para um lado.

- EU SEI DE TUDO, SEU MALDITO. VOCÊ MATOU O MEU GENRO. DEIXOU A MENINA ÓRFÃ. - Ela esbravejava.

Klaus manteve-se calado até chegarem em casa. Assim que entraram, ele fechou a porta atrás de si e encarou a velha a sua frente.

- Você me acusa de matar seu genro, mas por um acaso sabe que ele matou minha esposa? Sabe que ela deixou três crianças órfãs por conta de um homem que quis enfrentar o destino?

- Minha nossa! - A mulher falou espantada com a declaração, tapando a boca com as duas mãos.

- Eu o avisei, Charlotte, que se ele não aceitasse, o destino o faria aceitar. Antes de minha esposa cair morta no chão ela o feriu grandemente. Os dois veio a óbito em minha frente e nada pude fazer para salvar minha esposa ou o maldito. Você conhece o destino. Sabe que nada se pode fazer.

- E quanto a minha neta?

- Emille, leve Charlotte até Lucinda. - O homem pediu se sentando em uma poltrona.

Ao chegar no quarto e olhar para o rosto da menina, Charlotte constatou não ser sua neta Lucinda.

Se Lucinda não estava com o Clã Alcatéia, onde estaria?

De repente tudo ficou preto e Charlotte caiu aos pés da menina. Com o barulho da queda, Klaus correu ao quarto para ver o que havia ocorrido e se deparou com a mulher já se levantando.

- A senhora está bem? - Emille perguntou espantada.

- Sim, estou bem. Foi só uma queda de pressão. - A mulher falou encarando o homem parado a porta. - Seus homens pegaram a garota errada. Essa que está presa em sua casa é Maria, a aprendiz de minha filha. E não sei como não deram a falta dela ainda. - A mulher falou com desdém.

Naquele momento os olhos de Klaus se arregalaram, e neles pode se ver um grande ódio queimar.

- Eu te disse que não sou quem vocês procuram. - A menina com pouco mais de doze anos, já apresentando formas femininas, falou olhando para Emille que com uma mudança de semblante repentina calou a criança.

- Imprestáveis! - O homem cuspiu a palavra com fúria. - Onde está Lucinda? Só ela pode salvar meu filho da morte.

- Ela desapareceu. Pensei que estivesse com vocês.

-Emille, explique tudo a Charlotte, e fique de olho em seu irmão. - Dizendo essas palavras, Klaus saiu em busca dos homens para irem procurar pela menina Lucinda.

Com todo o clã reunido, Klaus deu as ordens, porém o dia estava amanhecendo e logo eles não poderiam usar a forma de lobo, dando bobeira ou poderiam ser caçados.

O amanhecer atrasaria as buscas.

Em casa, Emille liberou Maria, e ordenou a um amigo que acompanhasse Charlotte e a menina em segurança para casa. Charlotte no entanto insistiu em ficar e esperar pela neta.

Antes que a menina se fosse, Charlotte a aconselhou a não contar nada sobre a matilha e o sequestro. Se alguém perguntasse sua resposta seria que havia se perdido na floresta.

Conselho recebido, a menina partiu.

 Apaixonada Pelo Lobo (CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora