Ao acordar, não encontrei Emille e a senhora Charlotte. Elas haviam me deixado para trás. E não era pra menos. Lucinda corria perigo e precisávamos encontra-la. Me levantei e caminhei até onde aguentei. A cada minuto que se passava, eu me sentia mais fraco. A maldição estava me matando aos poucos e apesar do cansaço eu não iria desistir. Eu precisava encontrar minha menina.
Salvar Lucinda era uma missão que eu precisava cumprir sozinho. Depois de deixar a senhora Charlotte e minha irmã dormindo próximo a cabana do leste, caminhei o mais rápido que pude até o meio da floresta. O perfume de Lucinda estava cada vez mais próximo, mas junto havia um odor estranho. Um odor que eu desconhecia.
Não demorou para minhas forças se esgotarem e eu ter que parar novamente. Estando tão fraco, não demoraria muito para que Emille e Charlotte me alcançassem. Eu precisava mudar o cheiro do meu rastro de direção. Corri, usando a pouca energia que ainda me restava, em círculo. Isso poderia as atrasar. Depois me aproximei da cabana, e foi então que a vi. Ela dormia em uma cama de feno. Parecia bem e saudável, mas havia um homem ali. Semelhante a um caçador, ele andava de um lado a outro a vigiando.
Me sentando próximo a uma árvore, dormi. Sonhar com ela seria o único jeito de saber o que estava acontecendo e o que fazer.
🐺
- Como pode um sentimento tão lindo e puro, se transformar em ódio e rancor? Não seria mais prudente, arrancar a própria vida ao ter que fazer a pessoa amada infeliz? - Perguntei enquanto caminhavamos na direção do rastro de Johan.
- Tem pessoas que não se conformam e enciumadas, preferem ver aquele que julga amar, sofrer. Isso não é amor. Isso é possessão.
- Charlotte, em minha casa, você disse que já havia visto acontecer o que Johan está passando. Percebi que você inventou uma desculpa. Por que?
- Ele era meu irmão. - Ela falou com pesar. - George estava noivo de Bertha, mas se apaixonou por Celeste. Seu noivado não era arranjado. Papai o deixou que escolhesse. Mas depois de conhecer a menina dos olhos que não viam, ele se esqueceu de Bertha. Uma semana antes do casamento, Celeste contou que estava grávida e então... - Ela engoliu em seco antes de continuar. Seus olhos vermelhos anunciavam um pranto que queria descer. - ... Bertha se jogou do penhasco. Dizem que antes de pular, ela e meu irmão tiveram uma discussão, ela estava machucada pela traição e apaixonada falou "Se não pode ser meu, não será de mais ninguém", e então, se jogou. Dias Duas semanas depois meu irmão morreu apresentando os mesmos sintomas de seu irmão.
- Oh céus!!! Eu sinto tanto por sua perda. E seu sobrinho e Celeste? Onde estão?
- Abner mora na caverna. Você o conhece.
- Abner? Pai de Querin?
- Sim, acredito que ele seja seu noivo. Celeste morreu de depressão após o parto. Viver sme o homem que amava era muito pra ela. Então se jogou do mesmo penhasco que Bertha. Abner foi criado pelos tios.
- Eu não tenho nem palavras.
- A história conta que quando enfim, nossos antepassados conseguiram um abrigo, o alívio lhes veio. Se acalmaram. Mas, no primeiro instante de manifestação de sentimentos, a maldição voltava a atormetar. Não demorou para que entendessem que o sentimento os faziam se tornar lobos. Aprenderam a controlar seus sentimentos e assim controlaram quando se transformariam em lobos. Ser lobo os ajudou. Eram mais ágeis, conseguiam ver melhor. Mas, em época de caça, precisavam se ocultar. Eles nos passou tudo o que aprenderam, mas se esqueceram de nós ensinar como deixar de amar.
- Não creio que fizeram por mal. O amor é sublime.
- Não! Não fizeram.
🐺
- Lucinda! Eu sinto muito por ter te trago para cá. Mas não tenho outra escolha. Em breve tu estarás livre.
- Obrigada - e espero que não demore muito.
- De coração, eu não queria ter que fazer isso. Mas não me deram outra escolha. - O caçador anda de um lado ao outro. Sinto que há algo errado. Mas o quê?
- Você se apaixonou. Está apaixonada por alguém que mal conhece.
Eu não precisava responder. Estava em meu olhar. Me apaixonei muito antes de conhecer o homem que se transformava em lobo.
- Não te culpo. Infelizmente não inventaram uma fórmula para controlar o coração.
- Do que você está falando?
- Ele está aqui. Há dias que procura por você. Eu sinto muito. Em algumas horas não haverá mais nada que se possa fazer. - Ele se aproximando mais de mim.
- Não estou te entendendo. Tu me deixas confusa.
- Johan Wolf! O rapaz que lhe roubou um beijo em meio a floresta. Eu os vi.
Eu não sabia onde enfiar minha cara. Há tempos nos espionava. O que ele queria? Eu me sentia cada vez mais perdida com suas palavras. Sentimentos se misturavam e em um sulto de raiva me levantei o desafiando.
- Eu estou sim, apaixonada pelo lobo. E nada do que você queira ou vá fazer mudará o que sinto.
- Menina, não sabe onde está entrando. Mas como lhe disse antes, não a culpo. Agora, se me der licença, tenho um lobo para assistir a morte.
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Apaixonada Pelo Lobo (CONCLUÍDO)
RomanceEla nunca poderia imaginar que o homem que despertava seus desejos mais íntimos em seus sonhos poderia realmente existir, até o dia em que ela fugiu para um piquenique e na volta para casa ouviu passos a seguindo. Em um embaraço ela cai nos braços d...