Capítulo 3 MUNDARÉU DE CAIXAS

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No dia seguinte começamos a arrumar a casa, montei as camas e os armários com a ajuda de meu papai, enquanto as meninas limpavam e arrumavam a cozinha. Mas aquele monte de caixa me deixava desanimado e meu pai percebendo isso juntou o meu desamino com a falta de coragem dele, e inventou um plano maquiavélico para sairmos escondidos e deixarmos a casa na mão das moçoilas, mas nosso plano falhou, assim que íamos pôr o pé fora da casa mamãe grita da cozinha.

_Onde vocês pensam que vão? Nós não iremos ficar aqui arrumando tudo enquanto os dois bonitinhos vão passear. –Ela aparece na nossa frente com a cara fechada e de braços cruzados enquanto batia freneticamente os pés no chão.

Mas papai pensa rápido.

_Só vamos ver se encontramos algum mercado aberto, estamos famintos, me diga que você não? Porque cara feia para mim é fome! _Ele diz sorrindo e acaba levando um safanão no braço e eu dou uma boa risada e ela acaba me batendo também.

_Vai, meu pai me retruca. _E acaba levando outro peteleco.

_Não fica rindo dele, você o leva para o mau caminho e fica rindo ainda. _Ele beija a testa de mamãe e saímos à procura de um mercado.

Ao andarmos um pouco achamos um tipo de conveniência, pegamos algo fácil de fazer como congelados, frios, algumas frutas e voltamos cortando caminho por dentre a praça da cidade, conversávamos sobre coisas banais, como seria nossa nova vida, e a experiência de fazer novas amizades, até que escutamos uma voz meio familiar um pouco á frente, era um dos grupinhos da lanchonete e entre eles estava o atendente, aquele tal de Pietro, passamos perto deles e papai fez um aceno com a cabeça para o rapaz, e ele nos retribuiu o gesto.

Eles ficaram nos olhando, não encarando por maldade, mas sim por curiosidade, por se tratar de uma cidade pequena todos se conhecem e forasteiros logo são reconhecidos. Adentramos a casa e vamos diretamente para a cozinha, a qual estava quase toda organizada.

_As meninas fizeram um bom trabalho aqui na cozinha, não acha Erik? _Diz papai me cutucando com o cotovelo, dando um lindo sorriso para mamãe que o encarava brava por termos fugido e deixando-as no meio do mundaréu de caixas.

_Claro pai, está tudo muito bem-organizado. _ Digo esforçando um sorriso na direção de minha mãe.

_Vocês dois são falsos! _ Replica minha mãe colocando as mãos na cintura. – Mas podem guardar tudo na geladeira e se trocarem, a vizinha nos convidou para o almoço, e eu aceitei, porque viver de pão até o fim dessa arrumação toda, ficaremos fracos e desnutridos, e se vocês continuarem fugindo da obrigação vai demorar o dobro de tempo.

Nos arrumamos e ficamos no hall esperando Suzi que queria estar impecável para conhecer os vizinhos, e depois de uns quinze minutos esperando e mamãe gritando dizendo que o convite era para o almoço e não para janta, ela desceu emburrada reclamando que não sabíamos esperar e coisa e tal.

_Demorou tudo isso para sair assim? _Digo com ar de deboche para perturbar minha irmã.

_Assim como boboca? _Me olha de cara fechada.

_ Está parecendo a nossa tia avó Mafalda! _Ela me olha com um olhar muito raivoso e começa a me dar tapas enquanto dou risada.

_ Podem ir parando os dois bonitos. _Diz minha mãe entrando no meio. – Os três, por favor! _Olha para meu pai que estava rindo da situação. – Você está ótima desse jeito Suzi, e pelo amor de Deus vamos demostrar educação e que somos uma família normal. _Diz erguendo as mãos para o céu franzindo a testa.

_Vai ser difícil! _Diz papai cochichando comigo. _ Educado sim, mais normal nunca! _E damos risada até mamãe nos encarar com um olhar mortal.

Fui até o portão da vizinha chamando Suzi de tia Mafalda, e ela me ignorando o máximo que podia, e quando não aguentava reclamava para nossa mãe, que me deu alguns tabefes na cabeça.

Nossa tia avó Mafalda era tia da mamãe e irmã de nosso avô, já falecido, era uma senhora solteirona que nunca havia se casado e nem tido filhos, era bem robusta e usava uns vestidos largos de flores que pareciam cortinas, e tinha um cheirinho de gordura velha, mas sempre nos amou muito, e quando íamos a sua casa ela nos entupia de doces, os quais ela mesma fazia, adorávamos passar nossas férias com ela, tirando o cheiro o resto era excelente.

Ao chegarmos ao portão papai toca a campainha e logo a vizinha vem correndo atender. Entramos e mamãe nos apresenta, a mulher parece ser legal e não é uma velhinha como eu havia imaginado, pelo contrário, era tão jovem quanto mamãe.

_Obrigada por aceitarem nosso convite! _Ela diz enquanto entrávamos na sala e sentávamos em um sofá grande e fofo.

_ Que nada, nós que agradecemos o convite, é muito bom encontrar vizinhos que se interajam. _Diz mamãe toda educada.

_ Que ótimo! Vocês têm filhos jovens. _Ela nos olha com alegria e nós assentimos com um sorriso. – Vou chamar meus filhos para apresentar. _Pietro e Gustavo venham aqui conhecer nossos novos vizinhos, Agora! -Ela grita escandalosamente nos assustando. 

Olá amigos, bem vindos a mais um capitulo de simplesmente Erik. 

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