Despedida.

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  Acordei às seis da manhã como de costume. Selena ainda dormia ao meu lado. Espera... Eu dormi com a Selena?! Meu Deus, o que penso estar fazendo? Levanto da cama em um pulo, mas com cautela para não acordar Selena.

— Alfredo, eu dormi com a Selena? – Perguntei já me sentando à mesa.

— Eu que tenho que saber disso?

— Se eu não tiver transado com a garçonete, já tá ótimo. – Respondi.

— Ótimo mesmo. Por falar nisso...

Olho para as escadas, e Selena está descendo com a mão na cabeça e uma cara que representava a sua dor.

— Onde eu tô? – Ela pergunta se sentando ao meu lado.

— Na minha casa, aconteceu umas merdas ontem e você teve que dormir aqui.

— Eu sei o que aconteceu, Justin. Obrigada por tudo. – Ela fala.

— Tá. – Respondi seco.

— Eu já vou indo pro cassino. Qualquer coisa você leva ela Alfredo, não quero ter que demitir a Selena no segundo dia de trabalho, por atrasos.
– Digo me levantando da mesa e jogando o guardanapo sujo dentro do prato.

  Sem olhar pra trás, vou na garagem, e dessa vez escolho minha Ferrari. Saio nela avançando os sinais de Las Vegas, chegando ao cassino em cinco minutos.

— Tudo bem por aqui, Sammy? – Pergunto à ele.

— Sim senhor. Notícias da Selena?

— Ela está bem, vai vim trabalhar hoje.

— Sim, que bom.

  Sem mais conversas, entro no meu escritório e vejo que já tenho clientes.

— O que vai querer hoje, Robert?
– Digo para ele, que parecia estar ali há um bom tempo.

— Você tem que passar a chegar mais cedo no trabalho, Drew. – Ele diz, sarcástico.

— E você tem que me pagar antes que eu meta uma bala na sua cabeça, seu filha da puta. – Digo apontando a arma pra sua cabeça.

Ele rapidamente se levantou, com as pernas trêmulas e as mãos pra cima.

— Eu vou te pagar, e-eu só preciso de mais um tempo cara! Sabe como é a crise né...

— Não, eu não sei como está essa porra de crise! Esqueceu que eu sou o cara mais rico de Las Vegas seu verme maldito? Eu te dou até amanhã pra me pagar, Robert, ou pode dar adeus a essa sua vidinha lixo. Você entendeu caralho?! – Grito e ele fica em silêncio. — Responde, porra!

— Eu entendi Justin! De amanhã não vai passar eu juro! Agora tira essa arma da minha cabeça cara, pra que isso?

— Pra você ver como que eu cobro minhas dívidas. Sai daqui seu escroto do caralho!

  Ele sai praticamente correndo dali, e eu me sentei guardando a arma novamente.

Depois de algum tempo, Selena e Alfredo adentram o meu escritório.

— Onde está a educação de vocês? Não batem na porra da porta porquê?

— Ora madame, me desculpe.
– Alfredo tira sarro.

  Selena sorri meiga mas um pouco sem graça.

— Ok, comecem a falar por que eu não tenho muito tempo. – Falo ríspido.

— Eu vim pedir demissão, Justin.
– Selena diz.

Fico sem reação. No segundo dia ela já quer sair?!

— Mas porque?! É só o segundo dia!

— Depois do que me aconteceu, você acha mesmo que eu vou continuar aqui? – Ela perguntou calma.

— Eu não entendo Selena, eu estou aqui pra proteger você!

— Não adianta, você não vai estar aqui pra sempre. Mas obrigado por tudo, eu estou indo embora e só quero dizer que essa foi a melhor experiência da minha vida. – Ela se levanta e me abraça.

Seu abraço era quente e confortável, seus cabelos eram sedosos. Fecho meus olhos por um instante e viajo em seu perfume e nos seus braços. Ouço ela fungando e me saio de seu abraço. A encaro, e ele olha pra baixo chorando mas sorrindo sem graça. Meu coração transbordava de sentimentos nunca sentidos por mim, e que eu jamais demonstraria a ela. Ela era a mulher mais pura que eu conheci nesse mundo sujo e cheio de pessoas interesseiras. Mas eu havia convivido com ela pouquíssimo tempo, não daria tempo para sentir algo além de simpatia, como poderia sentir por qualquer ser humano.

  Selena por fim me encara, e diz a última frase de despedida:

— Tchau Justin, eu estou simplesmente pedindo demissão, não é pra tanto. – Diz secando as lágrimas e dando um sorriso sem graça.

— Também acho. Para de chorar, você só ficou aqui dois dias, não faz drama. – Respondo sem a encarar.

— Tudo bem então. – Ela diz tirando um papel da bolsa. — Aqui está meu número, se você quiser é claro, pode me ligar a qualquer hora.

— Hum, tá. – Pego o papel lendo os números.

— Eu já vou indo. Até breve. – Selena diz, sorrindo e sai fechando a porta do escritório.

Ouço o barulho do seu salto alto. Ela se despede de Sammy, e por fim sai do cassino, pra sempre.

Impossible | JelenaOnde histórias criam vida. Descubra agora