Three

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Quando eu era pequena sempre pensava em tudo que poderia fazer quando chegasse à maioridade, porque tinha que ter algo bom nisso, mas a ideia de crescer sempre me assustou. Eu era uma criança sensata, porque a adolescência é uma fase assustadora.

No meu aniversário de doze anos eu não queria levantar da cama, eu não aceitava o fato de que estava crescendo. Passei o dia pesquisando sobre a adolescência e sobre o significado da palavra. Lembro até hoje o que a internet me disse:

"A palavra adolescência deriva do latim adolescere, ad significa 'para' e olescere 'crescer'", resumindo, adolescência em sua etimologia quer dizer: 'crescer para'.

Conclui que o significado literal da palavra já me trouxe mais um enigma:
Crescer para... Crescer para onde!? Para fazer o que?Ninguém me perguntou se eu quero!

Me questionei sobre isso até os quinze anos, quando terminei o colegial, momento que eu tive que crescer abruptamente antes do tempo.

A própria fase me respondeu.

Vamos crescer para onde quisermos, e para fazermos o que quisermos, o mundo é nosso! As decepções e descobertas da adolescência nos ajudam a amadurecer, e todas as experiências que temos, sejam boas ou ruins, nos ajudam a descobrir o que queremos fazer a partir dali.

Mas não é uma experiência que eu queira passar mais uma vez... É assustador saber que tudo isso depende de você! Mesmo tendo as respostas na própria fase, ela ainda é cruel. E se eu não for suficiente? E se eu não servir pra isso? Mas eu não sei o que eu quero!

Essa é a parte ruim.

Atualmente sei que todos vamos passar por esse questionamento, seja no começo da adolescência, seja no fim dela. Mas sei que fui uma criança sensata por não ter pensado em crescer e por ter aproveitado minha infância da melhor forma.

E aqui estou eu, no final da minha adolescência, agradecendo às divindades por já ter passado por tudo isso.

É, Dahyun, você foi bem.

(...)

-Que milagre é esse que não está cabisbaixa após seu aniversário? - Jeongyeon questiona, andando ao meu lado no corredor da faculdade.

-Como sabe que fico assim após meus aniversários? - ergo a sobrancelha em sinal de dúvida.

-Eu sempre notei. - sorri - e a Wendy me falou.

Neguei com a cabeça, rindo.

-Ela pediu para falar comigo? - questiono.

-Não. Ela apenas pediu pra eu ficar de olho.

Dou de ombros, e continuamos andando lado a lado até a sala.

-De quem é a primeira aula?- encaro Jeongyeon.

-Sana. - Respondo.

-Ah, não. -suspira - Sem discussões, por favor.

-Quem começa é ela, você sabe.

-Você não colabora, Dah.

-Quer que eu faça o que? Que fique calada? - Sento no meu lugar, tirando o material da mochila.

-Sim. - Jeongyeon se organiza ao meu lado. - Como foi com seus pais ontem à noite?

-Eles gostaram que eu saí, acham que eu preciso fazer mais vezes. - Revirei os olhos - Ah, e ganhei uma viagem para Roterdã e Amsterdã quando concluir a faculdade.

-Roterdã? A arquitetura desse lugar é maravilhosa! - Jeongyeon comenta, encantada - Posso ir com você? Por favor, por favor.

-Pode... Mas eu não vou bancar pra você!

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