3- Curious

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“I need a drink, whiskey ain't my thing

But shit is all good

I can handle things like I wish that you would

You've been out of reach, could you explain?

I think that you should

What you been up to?

Who's been loving you good?”

(Curious - Hayley Kiyoko)

Kara ainda sentia algo queimar dentro de si, já passara de frustração, raiva e álcool. Agora era tédio. Com muito álcool ainda, que parecia não ser o suficiente. Ela provavelmente já havia beijado metade dos garotos da festa. Ou mais. Mas ela parecia precisar de mais. Precisava sentir algo, precisava ser sentida.

Ela não sabia que naquele exato momento sua irmã estava a procurando com uma certa morena de olhos incrivelmente verdes. Elas haviam procurado em todo o andar  inferior da casa, até mesmo no porão, onde alguns jovens jogavam strip poker. Um arrepio percorreu pelo corpo de Lena ao pensamento de Kara jogando.

— Kara nera gay? — Maggie foi a primeira a ver Kara próxima às escadas, no segundo piso.

— O quê? — Alex olhou na direção onde Maggie apontou. — O que ela pensa que está fazendo?

Lena apenas se virou e saiu andando, em passos rápidos, na direção oposta, empurrando quem estivesse em seu caminho. Enquanto Kara seguia um garoto chamado Mike para um dos quartos.

— Maggie, cuida da Lena, não deixa ela sozinha. Eu vou arrastar minha irmã daquele quarto pelos cabelos.

Alex saiu correndo escada acima, escancarando a porta, para uma Kara em apenas roupas íntimas com um garoto em cima de si.

— Hey você, saia de cima dela e dê o fora, garoto! Ela está bêbada, você não tem vergonha?

O menino pegou sua camiseta e saiu sem olhar para nenhuma das garotas. Alex estava possessa e Kara apenas ria, um pouco decepcionada com a interrupção.

— Kara… aqui, vista-se. — Alex jogou o vestido na menina. Que o vestiu rapidamente, em seguida colocou seus óculos. — Desembucha.

— Porque eu quis.

— E Lena?

— Não está aqui.

— É mesmo? Então a garota que saiu correndo quando te viu agarrada naquele idiota é imaginária?

Lena estava lá. Lena se importava. E Lena havia visto tudo.

— Alex, ela viu! Eu preciso falar com ela, eu não queria…

— “Porque eu quis.” ela disse dois minutos atrás. Kara, dê espaço, você não sabe como ela está se sentindo e…

Kara saíra correndo antes que Alex pudesse terminar, ou tentar segurá-la. A loira encontrou Lena sentada na borda da piscina. Maggie não estava lá. Lena encarava a água, com uma expressão neutra. Ela balançava suas pernas, tocando a água com a ponta dos pés descalços. Seu vestido branco com algumas marcas de bebida que alguém derrubou quando passou por perto.

Kara se aproximou timidamente e sentou-se ao seu lado, imitando sua posição. As duas ficaram um tempo sem falar nada. Kara não sabia o que sentia agora, mas um pouco ainda era raiva, por Lena ter demorado a aparecer, e de si mesma por ter feito tudo o que estivera fazendo a noite toda.

Lena levantou e saiu caminhando, ainda de pés descalços, não fazia ideia de onde estavam seus sapatos. Kara levantou no mesmo segundo, tentou segurar a garota pelo pulso, mas ela o puxou e começou a andar mais rápido, Kara a seguiu. Quando Lena foi fechar a porta do banheiro, Kara a segurou, e não importava quanto Lena tentasse empurrar, Kara era mais forte e facilmente passou pela barreira, trancando a porta atrás de si, um pouco orgulhosa.

— Qual é a droga do seu problema, Kara? — Lena praticamente gritou, de frente para a garota e de costas para o espelho.

Kara apenas a encarou, não sabendo o que dizer. Ela gostaria de poder explicar, mas o que diria? Que sente muito? Que estava frustrada porque não a encontrara mais cedo? Que estava confusa com relação a amizade das duas? Que realmente não sabia dizer o que estava sentindo naquele momento? Que tinha tanto medo de perdê-la que acabava se colocando em situações em que faria exatamente isso? Que por um lado queria que a outra sentisse a mesma frustração que sentiu mais cedo por ter que esperá-la? Kara não sabia.

— Diga alguma coisa! — Lena a empurrou dessa vez. — Por que está fazendo isso? Por que não me deixa em paz?

Lena a empurrou mais, com raiva e algumas lágrimas descendo por seu rosto.

— Sai daqui, Kara! Me deixa em paz! SAI DAQUI! — Lena gritava e chorava ao mesmo tempo tentando desesperadamente se soltar do aperto firma de Kara em seus pulsos. — Qual é o seu pro—

Lena não conseguiu terminar a frase, pois tinha os lábios de Kara sobre os seus. Tentou por um tempo empurrar a garota com seus bracinhos ineficientes, mas não por muito. Logo se entregando às sensações que o corpo de Kara próximo ao seu lhe proporcionavam.

Não era um beijo lento e romântico. Era rápido, cheio de sentimentos que nenhuma das duas saberia explicar porquê estavam ali, quase machucava. Kara a segurou mais firme, agora pela cintura, a levantando um pouco para colocá-la sobre a bancada da pia. Lena enrolou as pernas ao redor da loira. Kara deixou seus lábios, passando a boca sedenta para seu pescoço pálido, chupando, mordendo, marcando, dizendo que era todo seu. Passando para os ombros da morena, beijos molhados descendo pela clavícula. Baixou as alças do vestido de Lena sem nenhuma delicadeza, expondo seus belos seios, com um pequeno piercing no mamilo direito. Surpresa. Kara sorriu, voltando para os lábios da morena. Suas mãos abrindo os botões do vestido, nas costas da garota. Deixou seus lábios por alguns segundo, para arrancar sua roupa. Agora o vestido branco que Lena escolhera tão cuidadosamente estava jogado em algum canto daquele banheiro.

Não era justo. Naquele exato momento Lena voltou a pensar. Não era justo. Ela estava chateada, e Kara a estava fazendo com que  se sentisse apenas um pedaço de carne.

Seus olhos se encheram de lágrimas novamente, então empurrou Kara, dessa vez mais forte do que das outras. Pegou seu vestido do chão, vestiu do jeito que pode, deixando vários botões abertos e saiu porta a fora. Não conseguiria dizer “não”, mas se não estivesse lá, não teria que dizer uma palavra.

você disse que me amaria para sempre • supercorp •Onde histórias criam vida. Descubra agora