Fico curiosa sobre o seu rosto, pois mal o pude ver com vergonha de ser apanhada. Olho de relance e reparo nos seus lábios. O meu olhar fixa o seu corpo e quando dou por conta encontrava-me a observá-lo durante algum tempo, tempo suficiente para se aperceber disso. Volto a observar a rua.
Sinto um peso forte nos meus ombros e fico nervosa. Fico atormentada. Vejo o rapaz no seu sono profundo apoiado no meu ombro.
A minha reação teria sido afastá-lo, pensei. Mas porque não reagi? E por que razão permitia eu esta aproximação? Se Yeri soubesse, iria achar que estaria a aproveitar - me do momento.
Talvez por ser bonito diria ela. Mas eu tinha a certeza que não seria essa a verdadeira razão. Claro que a beleza não se podia discutir, mas era um completo desconhecido. Sentia que aquele momento já tinha acontecido antes... como se já nos conhecêssemos e isto tivesse já acontecido...
Apercebo-me que a minha paragem já era a seguir.
Com todo o cuidado, tento acordá-lo e reparo nos seus olhos amendoados fixados em mim.
- Preciso de sair.
- Ah desculpa. Acabei por fazer o mesmo! - responde o rapaz com um sorriso extremamente bonito.
Sinto a minha cara a ficar vermelha e para ele não dar conta, olho para baixo e, com o passo acelerado saio do autocarro.
Recordo das suas últimas palavras «acabei por fazer o mesmo». Paro de andar...
- Espera aí...como assim o mesmo?
VOCÊ ESTÁ LENDO
The Bridge of Infinity
Mister / ThrillerWilliam Gibson, uma vez disse "When you want to know how things really work, study them when they're coming apart". Esta frase sempre me lembro de a ouvir da minha tia Anne, quando ainda vivia em Inglaterra. Mas nunca entendi o que ela queria dizer...