Cap 5 - O Cheiro da Amizade

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Matheus

Eu estava apenas jogando videogame quando o telefone tocou e eu corri pra atender. Alya prometeu que ia me dar um toque quando conseguisse responder a atividade de física que eu não consegui responder sozinho, não me leve a mal, não estou usando minha amiga pra me dar bem, eu apenas não consigo entender uma palavra que sai da boca daquele pateta que chamamos de professor.

-Alô- dizia a voz dela do outro lado da linha-Gostaria de falar com o Matheus.

-Parece que ele não está em casa, lamento - disse com uma voz diferente para engana-la.

-Ah sei então diga pra aquele ridículo, alias você, que reconhecer vozes é o meu forte.

-Ah droga Alya, eu estava pegando leve essa não foi a minha melhor performance. Enfim, você conseguiu fazer a atividade de física ?

-Infelizmente meu cérebro não funciona assim tão bem - ela diz.

-Droga. Então okay, nos vemos amanhã na escola.

-Infelizmente sim - diz e finaliza a ligação.

Voltei para os videogames e que se dane a atividade de física. Eu até queria fazê-la mas o meu dia já está melhor agora que ouvi uma voz amiga. Eu adoro a sensação de conversar com ela. É relaxante. Eu sabia que tinha sido uma boa ideia me aproximar dela naquele dia. Quando vi aquela garota sorrindo me senti meio coisado. Eu nunca tinha visto alguém sorrir com toda a alma como ela faz. Os olhos dela brilham e ruguinhas se formam ao redor deles. Eu não poderia ficar só olhando então me aproximei e conheci ela e Frankie. Foi uma escolha e tanto.

De repente senti uma mão no meu ombro, voltei a realidade e pausei o jogo e dei atenção à minha mãe.

-Por que você não dirige na rua ? Vai matar todo mundo se continuar na calçada. - ela disse num tom risonho.

-Eles não estão vivos mesmo. Todos já nasceram mortos.

-Que maldade.-ela parecia realmente impactada com isso, mas então um ar brincalhão passou por seus olhos - Afasta essa bunda pra lá. Vou jogar também.

Então passamos a tarde de sábado assim. Matando os pedestres e explodindo carros. Minha mãe parece ter minha idade. Gritando com o jogo e apertando botões freneticamente no controle. Parece que minha mãe gosta muito de GTA. Achei que ia rir dela mas não tive motivos. Depois de um tempo ela levantou dizendo que ia fazer café. Então fui comprar o pão.

Ao chegar na padaria a fila estava repleta de gente. Comecei a pensar sobre a vida deles quando meus olhos foram congelados na imagem de uma menina de cabelos cacheados com uma bandana verde, a pele morena e caramelo nos olhos.

-Hey Frankie- a cumprimentei.

-Ah, olá - ela parecia estar no meio de um devaneio mas logo seus olhos se focaram em mim e abriu um sorriso.- Deixe me adivinhar. Passou a tarde inteira jogando videogame e só parou por causa da fome.

-Mas é claro que não - menti em tom risonho- a minha bunda estava doendo eu tinha que levantar logo do sofá.

Ela ri e dá um passo à frente na fila do pão. Hoje está bem movimentado, talvez por ser sábado e quase todos esses bundões não terem nada à fazer. Inclusive eu. Só faltou a parte de ser bundão. Eis aí algo que falta em mim, mas tirando esse pequeno detalhe creio eu que ninguém resiste por muito tempo ao meu charme.

-O que deseja ? - pergunta a mulher do outro lado da vitrine quando chega minha vez. Faço o pedido e já estou quase voltando pra casa com meus pães quando lembro de Frankie. A procuro com os olhos e não a encontro. Pulo de susto quando do nada ouço sua voz chamar meu nome.

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