Vida em páginas 2

Lagoa azul

- Meu amor aconteceu alguma coisa? Por que você tá assim com esses lindos olhos azuis tão tristes? - ela mexe no meu cabelo.
Não consigo segurar as lágrimas.
- O que foi meu amor?
- A minha mãe... Ela tá doente.
Ela me abraça bem forte.
- Não chora meu amor! Por favor! Me dói tanto ver você assim. - ela me aperta mais forte.
- A minha mãe Frô... é grave o que ela tem.
- Calma meu amor! Respira! O que aconteceu? Por que você tá dizendo que a sua mãe tá doente? - ela limpa minhas lágrimas.
Eu respiro fundo.
- Quando eu cheguei na casa dos meus pais, a minha mãe tava dormindo, então meu pai me contou que ela está pior. Lembra daquele dia que ela te...
- Com certeza me lembro.
- Então! Aquela foi a primeira de muitas demonstrações de que ela não está bem da cabeça.
Sabe o que ela fez nesses últimos dias?
- O que?
- Ela jogou café quente na secretária, quebrou tudo na sala de uma das designers ,mandou embora trinta e duas empregadas que trabalhavam há mais de dez anos na empresa, xingou , quase agrediu fisicamente uma das estagiárias, bateu e jogou sopa na cozinheira de lá de casa só porque achou que a sopa estava salgada demais.
- Que estranho meu amor. Isso realmente não é normal.
- É o que eu tô te falando vida, a minha mãe não está bem. E eu não sei o que fazer porque ela se recusa a ir num hospital.
- A gente precisa fazer ela ir meu bem. Porque ela está precisando de ajuda psicológica com certeza.
- Mas como?
Ela fica olhando pra baixo, pensando, até que...
- Já sei. É o único jeito.
- Que jeito anjo? - me animo.
- Você vai marcar uma consulta com o psicólogo. Depois vai ligar pra sua mãe dizendo que precisava que ela te acompanhe nessa consulta, mas em momento algum deixe ela desconfiar que você vai ao psicólogo, inventa qualquer outro, fala que vai num cardiologista ou sei lá você pode inventar na hora. Eu sei que vocês estão meio brigados, mas a sua mãe te ama tanto que com certeza vai ir com você.
- E como vai ser quando chegar lá? Ela vai descobrir que não é pra mim.
- Você vai combinar tudo com o doutor antes. Você vai falar pra ele começar fazendo perguntas pra você, como se realmente a consulta fosse sua, aí você fala pra ele começar a fazer as perguntas pra ela.
- Ótima idéia. Espero que dê certo. Mas onde eu vou achar um psicólogo que tope isso?
- Eu conheço um ótimo. Ele é amigo da minha família, me conhece desde pequena .Vai ajudar.
- Então você fala com ele?
- Sim. Vou ligar pra ele agora mesmo. Pode ser?
- Claro!
Ela pega o celular.
- Alô!
- Alô! Quem fala?
- Oi doutor Ayrton! Sou eu a Afrodite, filha da Soraia.
- Oi querida! Tudo bem?
- Sim graças a Deus. Então doutor Ayrton eu liguei porque preciso da sua ajuda.
...

Minutos depois...
- Pronto! Tudo certo ele topou. Agora é só colocar o plano em ação quando você quiser.
- Amanhã mesmo. Vou cedo lá na casa da minha mãe buscar ela. E se Deus quiser vai dar tudo certo.
- Isso meu amor. - ela me dá um selinho.
- Frô! Você não vai pro restaurante?
- Não amor. Eu quero ficar aqui com você. Até parece que eu vou deixar você aqui sozinho e triste. Não mesmo! Eu tava até pensando da gente sair um pouco. O que você acha?
- Acho muito bom. Mas pra onde a gente vai?
- Ué não era você que quando a gente namorava sabia de vários lugares maravilhosos?
Rimos.
- Eu não tô conseguindo pensar num lugar legal agora.
- Tudo bem amor. Eu sei pra onde te levar.
- Pra onde?
- É surpresa. - ela dá um sorriso misterioso.
...
Entramos no carro. Ela dá partida. Seguimos rumo à... ainda não sei.
...
Minutos depois chegamos a uma floresta.
- Já fez trilha? - ela me pergunta tirando duas mochilas do porta malas.
- Não! - digo muito surpreso.
- Então se prepara que você vai fazer uma agora. - ela ri.
Então começamos a andar, andar e andar.
- Frô você já tinha vindo aqui antes?
- Sim. E eu te garanto que você não vai se arrepender de ter vindo. - ela se vira pra mim e começa a andar de costas.
- Frô não se mexe!
Ela para de andar na hora.
- O que foi amor?
- Tem uma cobra atravessando bem atrás de você. Não se mexe!
Ela fica olhando pra mim com cara de pavor, querendo correr.
- Espera só mais um pouco! Pronto. Passou. Olha ela alí!
Ela vem correndo pra perto de mim.
- Credo! Que cobra grande. Meu Deus! Eu quase morri Kevin.
- Mais cuidado meu amor! Isso aqui é cheio de cobras.
- Eu sei. Mas ver assim de cara é diferente né?! Nas vezes que eu vim aqui nunca vi cobra. Agora vou ficar paranóica, vendo cobra em todo lugar.
- Quer voltar amor? Aproveita que a gente acabou de começar.
- Não meu bem. Não precisa. Vamos continuar. Eu sei que vale a pena. - ela entrelaça sua mão na minha.
Continuamos a andar.
...
Um pouco mais de uma hora depois chegamos à uma gruta, com um lindo lago azul cristalino.
- E então amor? Valeu a pena todo o cansaço? - ela joga a mochila no chão.
- Valeu muito.
- É lindo aqui né? - ela vai tirando a roupa e ficando de biquíni.
- Fica mais lindo ainda com você.
- Eu te amo!
- Eu te amo!
Ela sorri e diz : - Vem! Você não vai entrar?
- Já tô indo. - tiro a camisa, fico de bermuda e vou atrás dela.
A água estava bem gelada, mas valia a pena. Então mergulho de uma vez.
- Nossa meu amor! Esse lugar é maravilhoso! - coloco as mãos em sua cintura e a trago pra perto de mim.
- Que bom que você gostou amor. - ela sorri e me faz sorrir também.
- Como você sabia desse lugar?
- Eu vim aqui umas três vezes com o seu Lourenço, meu padrasto e o filho dele, quando aconteceu aquela confusão toda.
- Sei. É um lugar ótimo e o melhor é que não tem ninguém.
- Por que você acha que eu escolhi esse lugar?! - ela sorri e depois me beija.
- Eu tô amando isso aqui. - dou risada.
...

Horas depois voltamos pra casa, estávamos exaustos de tanto caminhar, mas tinha valido muito a pena passar uma tarde incrível num lugar maravilhoso com o meu amor. Após comermos fomos tomar banho e logo dormimos.